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10/04/2005
-
23h24
CHRISTIAN SPILLMANN
da France Presse, no Vaticano
Há grande probabilidade de que o próximo papa seja um conservador, já que esta tendência domina o colégio de cardeais eleitores. Além disso, muitos vaticanistas temem que a ala radical triunfe no próximo conclave.
"Todos os papas têm que ser conservadores. Um papa não pode ser liberal no que diz respeito à doutrina da igreja", declarou o cardeal chileno Jorge Arturo Medina em sua chegada a Roma para os funerais de João Paulo 2º e a eleição de seu sucessor.
Os cardeais eleitores decidiram ontem manter lei de silêncio em relação à imprensa até o conclave de 18 de abril. A decisão foi tomada por unanimidade, conforme declarou o porta-voz do Vaticano, Joaquín Navarro Valls.
Isso foi exigido pelo decano cardeal alemão Joseph Ratzinger, chefe das fileiras dos conservadores, segundo revelou o jornal italiano "Corriere della Sera".
Ligado a João Paulo 2º e guardião intransigente do dogma católico à frente da Congregação da Doutrina da Fé, Ratzinger, que fará 78 anos no próximo dia 16, confirma assim sua influência dentro do colégio cardinalício.
Ele também tem o apoio de um cardeal italiano muito influente, Camillo Ruini, 74, vigário do papa em Roma e presidente da Conferência Episcopal Italiana há 14 anos.
Estes dois poderosos prelados combateram as teses progressistas do chefe das fileiras da ala reformadora, o italiano Carlo Maria Martini, 78, ex-cardeal arcebispo de Milão.
"Se sua linha se impuser no conclave, muitos dos gestos do pontificado de João Paulo não se repetirão jamais", assegurou Sandro Magister, um dos vaticanistas italianos mais respeitados.
"Num discurso pronunciado em outubro de 2002, em Lublin [Polônia], Camillo Ruini identificou um certo número de ações que não podiam se repetir. Entre estas ações figuram os encontros inter-religiosos de Assis, os 'mea culpa', as viagens incessantes, as grandes concentrações de massas e a multiplicação de santos e beatos", explicou.
O abandono destas ações poderão conduzir à um recuo da igreja e podem decepcionar muitas expectativas, principalmente entre os jovens.
Sandro Magister afirma que João Paulo 2º foi muito criticado pelas reuniões inter-religiosas de Assis e os "mea culpa" pelos erros da igreja, e pouco defendido por Ratzinger.
Um dos mais radicais é o cardeal arcebispo da Bolonha, Giacomo Biffi, 76, confirma outro vaticanista, Giancarlo Zizola.
Ratzinger e Ruini são geralmente citados como "papabili", mas os vaticanistas italianos os consideram mais "fazedores de papas".
"A ala radical tem inúmeros cardeais latino-americanos em suas fileiras, como o colombiano Darío Castrillón Hoyos, seu compatriota Alfonso López Trujillo e o chileno Jorge Arturo Medina", enfatiza Giancarlo Zizola. E se apóia nos novos movimentos católicos, como o Opus Dei ou a Comunhão e Libertação, que ganharam muita influência durante o longo papado de João Paulo 2º, acrescentou.
"A coalizão entre alguns grandes eleições da cúria e da ala integrista, inclusive se for heterogênea, toma forma em torno de um programa de restauração autoritária", explicou.
"Eles querem que o diálogo ecumênico e inter-religioso esteja condicionado pela reafirmação da preeminência da verdade exclusiva da igreja romana e de seu poder ético-político no mundo", afirma Zizola.
Ratzinger confirmou este sentimento. "Quanto mais se assimila uma religião ao mundo, mais supérflua ela se torna", declarou, em outubro de 2004, em uma entrevista à revista italiana "Panorama".
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Vaticanistas apostam em vitória de ala conservadora no conclave
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da France Presse, no Vaticano
Há grande probabilidade de que o próximo papa seja um conservador, já que esta tendência domina o colégio de cardeais eleitores. Além disso, muitos vaticanistas temem que a ala radical triunfe no próximo conclave.
"Todos os papas têm que ser conservadores. Um papa não pode ser liberal no que diz respeito à doutrina da igreja", declarou o cardeal chileno Jorge Arturo Medina em sua chegada a Roma para os funerais de João Paulo 2º e a eleição de seu sucessor.
Os cardeais eleitores decidiram ontem manter lei de silêncio em relação à imprensa até o conclave de 18 de abril. A decisão foi tomada por unanimidade, conforme declarou o porta-voz do Vaticano, Joaquín Navarro Valls.
Isso foi exigido pelo decano cardeal alemão Joseph Ratzinger, chefe das fileiras dos conservadores, segundo revelou o jornal italiano "Corriere della Sera".
Ligado a João Paulo 2º e guardião intransigente do dogma católico à frente da Congregação da Doutrina da Fé, Ratzinger, que fará 78 anos no próximo dia 16, confirma assim sua influência dentro do colégio cardinalício.
Ele também tem o apoio de um cardeal italiano muito influente, Camillo Ruini, 74, vigário do papa em Roma e presidente da Conferência Episcopal Italiana há 14 anos.
Estes dois poderosos prelados combateram as teses progressistas do chefe das fileiras da ala reformadora, o italiano Carlo Maria Martini, 78, ex-cardeal arcebispo de Milão.
"Se sua linha se impuser no conclave, muitos dos gestos do pontificado de João Paulo não se repetirão jamais", assegurou Sandro Magister, um dos vaticanistas italianos mais respeitados.
"Num discurso pronunciado em outubro de 2002, em Lublin [Polônia], Camillo Ruini identificou um certo número de ações que não podiam se repetir. Entre estas ações figuram os encontros inter-religiosos de Assis, os 'mea culpa', as viagens incessantes, as grandes concentrações de massas e a multiplicação de santos e beatos", explicou.
O abandono destas ações poderão conduzir à um recuo da igreja e podem decepcionar muitas expectativas, principalmente entre os jovens.
Sandro Magister afirma que João Paulo 2º foi muito criticado pelas reuniões inter-religiosas de Assis e os "mea culpa" pelos erros da igreja, e pouco defendido por Ratzinger.
Um dos mais radicais é o cardeal arcebispo da Bolonha, Giacomo Biffi, 76, confirma outro vaticanista, Giancarlo Zizola.
Ratzinger e Ruini são geralmente citados como "papabili", mas os vaticanistas italianos os consideram mais "fazedores de papas".
"A ala radical tem inúmeros cardeais latino-americanos em suas fileiras, como o colombiano Darío Castrillón Hoyos, seu compatriota Alfonso López Trujillo e o chileno Jorge Arturo Medina", enfatiza Giancarlo Zizola. E se apóia nos novos movimentos católicos, como o Opus Dei ou a Comunhão e Libertação, que ganharam muita influência durante o longo papado de João Paulo 2º, acrescentou.
"A coalizão entre alguns grandes eleições da cúria e da ala integrista, inclusive se for heterogênea, toma forma em torno de um programa de restauração autoritária", explicou.
"Eles querem que o diálogo ecumênico e inter-religioso esteja condicionado pela reafirmação da preeminência da verdade exclusiva da igreja romana e de seu poder ético-político no mundo", afirma Zizola.
Ratzinger confirmou este sentimento. "Quanto mais se assimila uma religião ao mundo, mais supérflua ela se torna", declarou, em outubro de 2004, em uma entrevista à revista italiana "Panorama".
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