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18/04/2005 - 06h01

Cardeais se reúnem a partir de hoje para escolher o novo papa

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RODRIGO WERNECK
Colaboração para a Folha Online, em Roma

Exatos 16 dias após a morte de João Paulo 2º, 115 cardeais da Igreja Católica Apostólica Romana se reúnem, a partir de hoje, no Vaticano, para escolher o novo papa. O conclave, no entanto, começa sem um grande favorito.

A missa solene de abertura do conclave começou às 10h da manhã (5h de Brasília), na basílica de São Pedro, em Roma. O Vaticano convidou bispos, padres, diáconos e fiéis a participarem da cerimônia presidida pelo cardeal alemão Joseph Ratzinger --um dos favoritos ao cargo.

Tony Gentile/AP
Cardeais participam da missa presidida por Ratzinger, na basílica São Pedro, para abertura do conclave
A cerimônia leva o nome de "pro eligendo romano pontifice" [para eleger o romano pontífice] e nela se encomenda a Deus todos os cardeais que participarão na eleição do novo papa.

Às 16h30 (11h30 de Brasília) os cardeais devem seguir para a capela Sistina, entoando o hino Veni Creator, no qual os religiosos pedem que o Espírito Santo os ilumine para as votações. Após isso, um a um, os cardeais pronunciarão um juramento com a mão sobre o Evangelho, prometendo guardar segredo absoluto sobre a eleição.

A partir desse momento, a única comunicação entre o lado de fora e o lado de dentro ocorrerá duas vezes ao dia pela chaminé por onde sairá a fumaça da queima dos votos.

A fumaça será negra quando as votações não tiveram um resultado definido e branca quando os cardeais tiverem escolhido um novo papa. Segundo o Vaticano, o nome do escolhido será conhecido 45 minutos depois da fumaça branca aparecer.

Sem favoritos

De acordo com vaticanistas dos jornais italianos, a situação eleitoral é "incerta". Especialistas comparam a atual eleição com a do pré-conclave que elegeu Karol Wojtyla, quando, para eliminar a incerteza, foram necessários três dias de votações.

As casas de apostas colocam o cardeal alemão Joseph Ratzinger como o favorito, apesar de enfrentar resistências por ser conservador na doutrina. Dois italianos --o progressista Carlo Maria Martini e o moderado Dionigi Tettamanzi também figuram entre os favoritos. Martini, no entanto, teria já afirmado que não deseja ser papa devido a problemas de saúde --ele tem Mal de Parkinson.

O Brasil terá quatro votos no conclave. Entre os cardeais brasileiros, dois figuram entre os favoritos --dom Cláudio Hummes, 70, arcebispo de São Paulo, e dom Geraldo Majella Agnello, 71, arcebispo de Salvador (BA). Também votam dom Eusébio Oscar Scheid, 72, arcebispo do Rio de Janeiro, e dom José Freire Falcão, 79, arcebispo emérito ("aposentado") de Brasília.

O cardeal nigeriano Francis Arinze, 72, amigo próximo de João Paulo 2º e influente na hierarquia da Igreja Católica, pode inclusive se tornar o primeiro papa comprovadamente negro a chefiar a Santa Sé. A Igreja Católica não tem registros sobre a raça dos mais de 200 papas que já comandaram o Vaticano e não se pode afirmar com segurança se houve papas negros --sabe-se que três deles, que ocuparam a chefia do papado entre o século 2 e o século 5, tinham origem africana: Vitor 1º, Melquíades e Gelásio 1º.

A expectativa é que o conclave dure até cinco dias. O mais breve foi o que designou Pio 12, eleito em 24 horas na terceira rodada de votação, em 2 de março de 1939. O mais longo durou quatro dias, e foi resolvido na 14ª rodada de votação com a eleição de Pio 11, em 6 de fevereiro de 1922. João Paulo 2º foi eleito em 48 horas e oito rodadas de votação no dia 16 de outubro de 1978, e reinou sobre a Igreja Católica durante 26 anos e cinco meses. Seu antecessor, João Paulo 1º, foi eleito em 24 horas, após quatro rodadas de votação. Doente e traumatizado por sua eleição, ele morreu 33 dias depois.

Rotinas

Cardeais de 52 países que representam os cinco continentes estão alojados na residência do Vaticano, uma das novidades introduzidas às regras do conclave por João Paulo 2º. O objetivo é dar conforto aos cardeais, que em outras reuniões ficavam apenas na capela Sistina, local das deliberações e das votações.

Os cardeais só sairão do Vaticano quando tiverem escolhido o novo papa, e isto não tem prazo para ocorrer. Duas sessões diárias seguidas de votações e das tradicionais fumaças marcarão o ritmo dessa reunião.

Apesar de os trabalhos do conclave começarem nesta segunda, ainda não é certo que a primeira votação ocorra hoje. A decisão será tomada pelos religiosos do Colégio de Cardinalícios com menos de 80 anos --apenas os cardeais desta faixa etária têm direito a voto, os outros, no entanto, também podem ser votados.

Espionagem

O Vaticano tomou precauções para impedir a espionagem das reuniões do cardeais durante o conclave para a escolha do próximo papa.

Os funcionários do Vaticano criaram uma operação especial com a ajuda de engenheiros de microeletrônica, para procurar em todo o interior da capela Sistina --e também em todos os aposentos ocupados pelos cardeais que participarão do conclave-- qualquer tipo de dispositivo de espionagem que possa revelar o que acontecerá em cada reunião.

Com agências internacionais

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