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19/04/2005 - 15h38

Confusão sobre cor da fumaça e garoa fina marcaram o habemus papam

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RODRIGO WERNECK
Colaboração para a Folha Online, de Roma

Cinco minutos após começar a ser expelida, a cor da fumaça que saia da chaminé da capela Sistina ainda era imprecisa. "Branca ou preta?", perguntavam os fiéis atônitos, a espera dos sinos da basílica que confirmariam a escolha do novo sumo pontíficie.

Uma fina garoa começou a cair na praça de São Pedro e nada, nenhuma confirmação, só dúvidas no ar. Os sinos, imóveis, induziam todos a pensar que, mais uma vez, o anúncio do novo pontífice fora adiado.

A própria Rádio do Vaticano chegou a anunciar que mais uma fumaça preta anunciava o fracasso das votações. Logo depois, a mesma rádio informou que não podia precisar a cor da fumaça.

O consenso se quebrou, porém, quando uma religiosa iraquiana ajoelhou-se emocionada no chão e disse à reportagem da Folha Online: "É uma benção, você não está vendo? Temos um papa!", disse. Com os olhos cheios de lágrimas, agora sem conseguir pronunciar ao menos o seu nome, ela estava certa.

No alto das arcadas da praça de São Pedro, religiosos balançavam os braços ritmados para anunciar que em breve os sinos se dobrariam. E assim foi.

Para espanto da platéia que ainda se detinha em especular a cor da fumaça,
os sinos da basílica começaram a bater escandalosamente. Houve correria e um princípio de tumulto.

Lançados mais de uma hora antes do horário de referência, os sinais inequívocos do fim do conclave provocaram alvoroço também nas ruas próximas ao Vaticano.

Pessoas que estavam a caminho da basílica tiveram de apressar o passo. Todos queriam se aproximar da igreja para ocupar um espaço de onde pudessem ver de perto o novo papa. Os policiais tiveram de trabalhar para conter a multidão.

Quem não correu, se emocionou. As reações passaram pelo choro, pela surpresa, por mãos aos céus, aplausos eufóricos e muitas, muitas fotografias.

Sinal dos tempos modernos em que Bento 16 vai liderar a Igreja Católica, os telefones celulares disparavam ligações. A ansiedade nas vozes revelava a aflição por anunciar a escolha de um papa ao outro lado da linha.

Com a mão no peito, como quem quisesse controlar a emoção, o bispo-emérito de Jundiaí, Amaury Castilho, tentava esconder o nervosismo. "Ele vai aparecer naquela janela, vou procurar um lugar seguro para vê-lo. É o momento pelo qual eu esperei durante anos. Não me importa se é brasileiro. Ele vai ser um pai para todos", disse.

Em contraste com a palidez da fumaça branca que continuava a sair da capela Sistina, bandeiras de dezenas de países tremulavam com o vento frio na praça de São Pedro. Até as polonesas voltaram para saudar o sucessor de Karol Josef Wojtyla. Nenhuma delas era da Alemanha, mas as flâmulas não significavam exatamente uma torcida.

"Esta bandeira é para dizer ao novo papa que os católicos dos Estados Unidos o amam", afirmou o norte-americano Richard, que recusou a dizer o sobrenome.

Os sinos bateram ainda por mais 20 minutos, acompanhados da garoa da religiosa iraquiana, postada a menos de 20 metros do fiel norte-americano Richard, quando um clarão surgiu entre as nuvens. O céu azul, restrito exclusivamente à praça de São Pedro, anunciava a chegada do novo líder do catolicismo. Todos se calaram. A palavra agora era dele, o então desconhecido novo papa.

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