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24/04/2005 - 09h52

Bento 16 inicia pontificado com apelo a outras religiões

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RODRIGO WERNECK
Colaboração para a Folha Online, de Roma

O alemão Joseph Ratzinger, 78, celebrou na manhã deste domingo, no Vaticano, a missa inaugural de seu pontificado, e pediu, em sua homilia, a "cristãos e não-cristãos igualmente" que o ajudem em sua "imensa tarefa, que verdadeiramente excede a capacidade humana".

Segundo a Prefeitura de Roma, pelo menos 500 mil pessoas acompanharam a liturgia na praça São Pedro e arredores.

Tony Gentile/Reuters
Bento 16 passa por fiéis em carro aberto após celebração de missa na praça São Pedro
A primeira missa pública de Ratzinger teve duas horas e quarenta minutos de duração. No final, por volta das 13 horas (8h de Brasília), o sumo
pontífice desfilou em carro aberto no meio da multidão, hipótese já antecipada pela Santa Sé. O veículo circulou por cerca de dez minutos em corredores protegidos por grades, o que impedia qualquer pessoa de chegar a menos de dois metros do papa.

Desde o início, Bento 16 foi aplaudido seguidamente pelos fiéis e peregrinos que entoavam seu nome entre palmas ritmadas, como uma torcida organizada. Foram conduzidas ao altar duas bíblias, uma em grego e outra em latim, simbolizando a união entre as igrejas oriental e ocidental.

O momento de maior comoção do público, porém, aconteceu na entrega a Ratzinger do pálio --um manto de lã de carneiro para lembrar sua função pastoral-- e do Anel do Pescador, que simboliza o poder do papa e traz uma imagem de São Pedro, que era pescador, num barco.

Homilia

Entregue previamente aos jornalistas, o texto da homilia de Ratzinger revela a intenção do sumo pontífice de se livrar da imagem de intransigente adquirida como cardeal. Na primeira metade do sermão, Bento 16 disse que vai guiar o catolicismo sem impor suas idéias.

Reuters
Papa Bento 16 eleva hóstia durante missa, acompanhada por cerca de 500 mil pessoas
A fala do papa foi interrompida mais de 40 vezes pela multidão na praça, que agitava bandeiras e, ao fim da homilia, gritava "Bento, Bento".

"O meu verdadeiro plano de governo é não fazer a minha vontade, não perseguir as minhas idéias, mas me manter à escuta, junto de toda a igreja, da palavra e da vontade do Senhor e deixar-me guiar por Ele", afirmou.

Assim como nos dois primeiros discursos de seu pontificado --realizados após o fim do conclave e em uma missa reservada para cardeais, mais uma vez Ratzinger abriu sua homilia com referências diretas ao papa João Paulo 2º.

Neste domingo, Bento 16 falou de como ele próprio e os católicos se sentiram "abandonados" depois da morte de Karol Josef Wojtyla.

Ratzinger lançou também sinais de abertura e tolerância religiosa. Em um mesmo trecho, fez uma saudação nominal aos judeus e aos católicos batizados que não estão em "plena comunhão conosco", além de reiterar que sua mensagem destina-se a todos, fiéis ou não.

"Saúdo vocês, fiéis laicos, imersos no grande espaço da construção do reinode Deus que se expande no mundo, em cada expressão de vida. O discurso se faz cheio de afeto também na saudação que faço a todos que, unidos no sacramento do batismo, não estão ainda em plena comunhão conosco; e a vocês irmãos do povo hebraico, que nos deixaram um grande legado espiritual. O meu pensamento, enfim --quase como uma onda que se expande-- vai para todos os homens do nosso tempo, fiéis e não fiéis."

O sumo pontífice fez ainda repetidas menções aos jovens, colocando em prática sua disposição de dialogar com os católicos ainda em formação, um trabalho iniciado por seu antecessor, João Paulo 2º.

Lembrando palavras de Karol Wojtyla em sua missa de início de pontificado, em 1978, Bento 16 encerrou a homilia dizendo que a juventude não deve temer Cristo. "Não tenham medo de Cristo. Ele não lhes tira nada, e doa tudo", pregou. Ratzinger já confirmou que participará da próxima Jornada Mundial da Juventude, prevista para agosto na cidade de Colônia (Alemanha).

"Fala fácil"

A jovem italiana Elisa, 13, que acompanhava a missa na praça de São Pedro, gostou das palavras de Bento 16. Para ela, o papa fala "fácil" e consegue se comunicar com os jovens. 'Entendi tudo o que ele (Ratzinger) disse. Às vezes, eu ia embora da igreja sem entender o que o padre dizia. Mas este papa é simples, não fala difícil. Entendi o recado dele", acrescentou.

23.abr.2005/Reuters
Georg Ratzinger, 81,
irmão do papa Bento 16

A missa de início do pontificado de Bento 16 terminou sem incidentes graves, informaram as autoridades italianas.

O evento esteve cercado de atenções devido à presença de autoridades como Gerhard Schröder e Horst Köhler respectivamente, o rei Juan Carlos da Espanha, o arcebispo da Cantuária, Rowan Williams e o governador da Flórida (EUA), Jeb Bush. O irmão do novo papa, o padre Georg Ratzinger, 81, também esteve presente. Ao menos 140 delegações estrangeiras estiveram na celebração.

No entanto, a lista de representações, da qual faz parte ainda o presidente argentino Néstor Kirschner, é muito menor que durante os funerais de João Paulo 2º. Depois da missa, Bento 16 recebeu todas as delegações no interior da basílica de São Pedro.

Antes de iniciar a missa, Ratzinger fez uma oração diante da tumba de São Pedro, o primeiro papa da Igreja Católica.

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