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24/04/2005
-
13h36
FABIANA FUTEMA
da Folha Online
O presidente deposto do Equador Lucio Gutiérrez chegou a Brasília. O avião da FAB (Força Aérea Brasileira), que buscou Gutiérrez no Equador, fez um pouso técnico às 10h40 (horário de Brasília) em Rio Branco (AC) e seguiu para Brasília, onde aterrissou às 13h35 (horário local).
Gutiérrez deverá assinar um pedido formal de visto territorial. Esse é um procedimento de rotina quando algum asilado político desembarca no país que o acolherá. O Itamaraty não soube informar se o visto será assinado hoje ou nos próximos dias.
Em seguida, o ex-presidente e sua família seguiram de helicóptero para um Hotel de Trânsito do Exército. O vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, disse que Gutiérrez ficaria abrigado numa casa do Exército, cedida pelo governo brasileiro.
Gutiérrez está acompanhado pela mulher, Ximena Bohórquez, e pela filha Viviana Estefania, 15. Sua outra filha, Carina Ximena, 20, preferiu ficar no Equador. Ela é cadete do Exército.
Alvo de uma série de manifestações, o presidente deposto precisou sair escondido da embaixada brasileira na capital Quito. Ele deixou a embaixada numa camionete da polícia e vestindo roupas militares.
O veículo que levava Gutiérrez seguiu para o aeroporto de Lacatagunga (80 km ao sul de Quito), onde havia um avião da FAB esperando para levá-lo ao Brasil.
A previsão inicial era a de que o avião pousasse em Porto Velho (RO), mas a FAB informou que houve uma alteração de rota de última hora no vôo.
O presidente deposto pediu asilo ao embaixador brasileiro em Quito, Sérgio Florêncio, na última quarta-feira, quando foi destituído pelo Congresso, acusado de "abandono de cargo" e "uso da força para reprimir manifestações antigoverno".
O governo brasileiro concordou em conceder asilo territorial, que permite a entrada de Gutiérrez no país, mas aguardava que o Equador liberasse o salvo-conduto [necessário para que Gutiérrez pudesse sair em segurança do país e com a garantia que não seria preso ao deixar a embaixada brasileira na capital Quito].
Salvo-conduto
A operação de busca de Gutiérrez no Equador foi cercada de sigilo. Para garantir a segurança do ex-presidente, o governo brasileiro manteve em segredo as informações sobre a liberação do salvo-conduto ao presidente deposto.
A liberação do salvo-conduto, concedido ontem pelo governo equatoriano a Gutiérrez, só foi confirmada hoje pelo Itamaraty. Ou seja, somente após a saída em segurança do ex-presidente do Equador.
Sem o salvo-conduto, não havia garantias que Gutiérrez pudesse sair em segurança da embaixada brasileira --onde estava refugiado desde quarta-feira (20)-- nem que não seria preso ao tentar embarcar para o Brasil. É que havia ordens de prisão contra ele por ter ordenado a repressão violenta dos protestos que antecederam sua destituição.
População
Até a noite deste sábado, o clima na capital Quito ainda era de tensão. Dezenas de manifestantes permaneciam em frente à embaixada brasileira, impedindo a saída de Gutiérrez do local.
Na noite de quinta-feira (21), o carro do embaixador Florêncio foi apedrejado por manifestantes contrários ao envolvimento do Brasil no caso de Gutiérrez. Os manifestantes bateram no carro, mas não atingiram seus ocupantes --Sérgio Florêncio, outro funcionário e o motorista.
Após ser cercado pelos manifestantes, o veículo foi obrigado a retornar para a sede diplomática.
Um grupo de policiais tentou proteger o veículo, mas não conseguiu evitar o ataque da multidão, que gritava palavras de ordem contra o Brasil por ter concedido asilo a Gutiérrez.
Após o incidente, a multidão gritou em coro: "Brasil, não traia o Equador" e "Lula, devolva a mula".
Crise
O Equador está imerso em uma crise política e jurídica desde o dia 8 de dezembro passado, quando uma maioria governista no Congresso reestruturou a Suprema Corte de Justiça, medida essa que foi qualificada imediatamente pela oposição de ilegal e inconstitucional.
A crise se agravou quando os novos juízes da Suprema Corte anularam os processos contra os ex-presidentes equatorianos Bucaram e Gustavo Noboa e o ex-vice-presidente Alberto Dahik.
A oposição diz que a reestruturação do tribunal constitui interferência do Executivo no Poder Judiciário e acusa o presidente de buscar poderes ditatoriais. Gutiérrez se defende dizendo que as mudanças foram feitas dentro da lei.
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O presidente deposto do Equador Lucio Gutiérrez chegou a Brasília. O avião da FAB (Força Aérea Brasileira), que buscou Gutiérrez no Equador, fez um pouso técnico às 10h40 (horário de Brasília) em Rio Branco (AC) e seguiu para Brasília, onde aterrissou às 13h35 (horário local).
Gutiérrez deverá assinar um pedido formal de visto territorial. Esse é um procedimento de rotina quando algum asilado político desembarca no país que o acolherá. O Itamaraty não soube informar se o visto será assinado hoje ou nos próximos dias.
Em seguida, o ex-presidente e sua família seguiram de helicóptero para um Hotel de Trânsito do Exército. O vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, disse que Gutiérrez ficaria abrigado numa casa do Exército, cedida pelo governo brasileiro.
Gutiérrez está acompanhado pela mulher, Ximena Bohórquez, e pela filha Viviana Estefania, 15. Sua outra filha, Carina Ximena, 20, preferiu ficar no Equador. Ela é cadete do Exército.
Alvo de uma série de manifestações, o presidente deposto precisou sair escondido da embaixada brasileira na capital Quito. Ele deixou a embaixada numa camionete da polícia e vestindo roupas militares.
O veículo que levava Gutiérrez seguiu para o aeroporto de Lacatagunga (80 km ao sul de Quito), onde havia um avião da FAB esperando para levá-lo ao Brasil.
A previsão inicial era a de que o avião pousasse em Porto Velho (RO), mas a FAB informou que houve uma alteração de rota de última hora no vôo.
O presidente deposto pediu asilo ao embaixador brasileiro em Quito, Sérgio Florêncio, na última quarta-feira, quando foi destituído pelo Congresso, acusado de "abandono de cargo" e "uso da força para reprimir manifestações antigoverno".
O governo brasileiro concordou em conceder asilo territorial, que permite a entrada de Gutiérrez no país, mas aguardava que o Equador liberasse o salvo-conduto [necessário para que Gutiérrez pudesse sair em segurança do país e com a garantia que não seria preso ao deixar a embaixada brasileira na capital Quito].
Salvo-conduto
A operação de busca de Gutiérrez no Equador foi cercada de sigilo. Para garantir a segurança do ex-presidente, o governo brasileiro manteve em segredo as informações sobre a liberação do salvo-conduto ao presidente deposto.
A liberação do salvo-conduto, concedido ontem pelo governo equatoriano a Gutiérrez, só foi confirmada hoje pelo Itamaraty. Ou seja, somente após a saída em segurança do ex-presidente do Equador.
Sem o salvo-conduto, não havia garantias que Gutiérrez pudesse sair em segurança da embaixada brasileira --onde estava refugiado desde quarta-feira (20)-- nem que não seria preso ao tentar embarcar para o Brasil. É que havia ordens de prisão contra ele por ter ordenado a repressão violenta dos protestos que antecederam sua destituição.
População
Até a noite deste sábado, o clima na capital Quito ainda era de tensão. Dezenas de manifestantes permaneciam em frente à embaixada brasileira, impedindo a saída de Gutiérrez do local.
Na noite de quinta-feira (21), o carro do embaixador Florêncio foi apedrejado por manifestantes contrários ao envolvimento do Brasil no caso de Gutiérrez. Os manifestantes bateram no carro, mas não atingiram seus ocupantes --Sérgio Florêncio, outro funcionário e o motorista.
Após ser cercado pelos manifestantes, o veículo foi obrigado a retornar para a sede diplomática.
Um grupo de policiais tentou proteger o veículo, mas não conseguiu evitar o ataque da multidão, que gritava palavras de ordem contra o Brasil por ter concedido asilo a Gutiérrez.
Após o incidente, a multidão gritou em coro: "Brasil, não traia o Equador" e "Lula, devolva a mula".
Crise
O Equador está imerso em uma crise política e jurídica desde o dia 8 de dezembro passado, quando uma maioria governista no Congresso reestruturou a Suprema Corte de Justiça, medida essa que foi qualificada imediatamente pela oposição de ilegal e inconstitucional.
A crise se agravou quando os novos juízes da Suprema Corte anularam os processos contra os ex-presidentes equatorianos Bucaram e Gustavo Noboa e o ex-vice-presidente Alberto Dahik.
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