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14/09/2000 - 13h29

Sistema eleitoral dos EUA prejudica os partidos pequenos

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da France Presse
em Washington

O sistema eleitoral norte-americano, que não é proporcional nem tem segundo turno, constitui uma desvantagem para os partidos pequenos, que devem superar obstáculos jurídicos antes de poder apresentar-se aos eleitores.

Enquanto em várias democracias os pequenos partidos participam de coalizões governamentais e têm deputados que podem chegar a participar de maiorias parlamentares, os Estados Unidos têm apenas um punhado de congressistas independentes conhecidos no país.

Entre eles estão Jesse Ventura, governador de Minnesota (norte dos EUA) e ex-lutador, os membros independentes da Câmara de Representantes Bernie Sanders e o ex-democrata Virgil Goode.

"É um sistema que, sob vários aspectos, atua contra eles: a imprensa não os leva a sério, é difícil para eles arrecadar dinheiro, eles devem lutar para se apresentar nas eleições e os eleitores costumam pensar que um voto neles é um voto desperdiçado', explica Allan Lichtman, especialista em política da American University, de Washington.

Nas eleições para o Congresso, a votação exalta desde o primeiro turno os candidatos que obtêm uma maioria de votos em sua circunscrição (deputados) ou seu Estado (senadores), fazendo com que o voto em um candidato de um pequeno partido ou independente seja pouco provável.

Assim, a onda de apoio este ano ao candidato dos Verdes, o advogado Ralph Nader, célebre nos anos 60 por ter levantado a bandeira da defesa dos consumidores, parece ter diminuído, o que representou um grande alívio para os democratas, que temiam que sua candidatura pudesse custar a Gore a maioria na Califórnia, o Estado mais povoado dos Estados Unidos.

"Os pequenos partidos recebem dinheiro do fundo de campanha federal, mas apenas depois das eleições, e isso se receberem 5% dos votos", explica Eric Davis, especialista do Middlebury College (Vermont, nordeste do país).

Nos Estados Unidos, as campanhas eleitorais chegam a custar milhões de dólares e os pequenos partidos costumam enfrentar obstáculos jurídicos, criados no início do século para afastar do sistema os socialistas e comunistas.

Para poder se apresentar, os candidatos que não se afiliaram ao Partido Democrata ou ao Partido Republicano costumam ter que coletar milhares de assinaturas e, em alguns casos, enfrentar complicados procedimentos jurídicos.

"Essas leis estão entre as mais restritivas entre as democracias de qualquer parte do mundo", diz Laura Jones, porta-voz da campanha de Nader. Ela também critica a Comissão de Debates Presidenciais, composta por democratas e republicanos, que estabelece as regras para os debates televisionados dos candidatos à Casa Branca e que decidiu pelo acesso a esses debates apenas aos candidatos de partidos que tenham alcançado 15% dos votos nas eleições anteriores.

Segundo Lichtman, os pequenos partidos costumam ser os que geram primeiro as idéias que depois são retomadas pelas grandes coletividades. "Foram os terceiros partidos que exigiram primeiro o fim da escravidão ou o voto das mulheres", diz o especialista.

Foram poucas as personalidades não-filiadas aos dois grandes partidos que conseguiram bons resultados, começando por Theodore Roosevelt, que se apresentou em 1912 sob a bandeira do Partido Progressista e terminou em segundo lugar, com um terço dos votos.

O último caso foi o do multimilionário Ross Perot, que obteve 19% dos votos em 1992, ao enfrentar Bill Clinton e George Bush (pai de George W. Bush).

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