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19/07/2005 - 16h43

Autores dos atentados de Londres eram quase todos britânicos

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da Folha Online

Os quatro autores dos atentados ocorridos em Londres no último dia 7, que deixaram 52 mortos --além dos terroristas suicidas-- eram quase todos jovens britânicos, aparentemente tranqüilos e sem qualquer registro de passagem policial.

Apesar disso, jornais britânicos divulgaram no domingo (17) que o MI5, serviço secreto britânico, tinha informações de ao menos um dos suicidas, Mohammed Sadique Khan, 30, que teria ligações com terroristas no Reino Unido. Essa informação não foi confirmada pelas autoridades.

Os três terroristas que moravam na cidade de Leeds --Shehzad Tanweer, Hasib Hussain e Khan-- viajaram de carro até Luton (norte de Londres), onde se encontraram com Germaine Lindsay.

Depois, tomaram o trem até a estação de King's Cross, onde se separaram.

Veja quem são os supostos autores dos atentados de Londres:

Shehzad Tanweer, 22, nasceu em Bradford (perto de Leeds, norte) e viveu toda sua vida nos subúrbios de Leeds, onde seu pai tem uma lanchonete que vende um tradicional prato britânico, peixe e batatas fritas [fish and chips, em inglês].

EFE
Shehzad Tanweer
Segundo investigações da polícia paquistanesa, Tanweer esteve no Paquistão no ano passado, onde teria ficado em uma madrassa --tradicional escola religiosa islâmica, e tido contato com membros de grupos militantes islâmicos que atuam no país.

Nos últimos meses antes de sua morte, o jogador de críquete e aluno de ju-jitsu, apelidado pelos amigos de "Khaka", tornou-se solitário, quieto, e recusava qualquer companhia, de acordo com o site do jornal britânico "The Times". Além disso, passava a maior parte de seu tempo rezando, e visitava mesquitas freqüentemente. Fora a religião e os estudos, também dedicava-se a praticar esportes com crianças de um centro comunitário local.

Seu tio, Bashir Ahmed, 52, disse temer que agora toda a família --que já está em Leeds há uma geração-- tenha que deixar a região. Ele afirmou que o seu sobrinho fez "uma coisa terrível", mas não o culpou pelas bombas, e sim "as forças por trás dele".

Segundo depoimentos de amigos, Tanweer nunca tinha demonstrado interesse por política, mas tornara-se, nos últimos tempos, um muçulmano bastante devoto, que "não gostava de garotas e não tinha muitos amigos".

No período anterior à sua morte, Tanweer e um amigo viajaram várias vezes, mas ninguém sabe o propósito e o local para onde eles teriam ido.

Tanweer explodiu a bomba que trazia consigo na Circle Line, entre as estações Liverpool Street e Aldgate.

Mohammed Sadique Khan, 30, é um dos mais velhos do grupo. Pai de uma menina de oito meses, tinha se estabelecido em Dewsbury, a 14 quilômetros de Leeds, há cinco meses. Ele estudou na Universidade de Leeds, onde conheceu sua atual mulher, Hasini Patel, conhecida pelo ativismo contra o Taleban [um grupo extremista islâmico que controlava mais de 90% do Afeganistão].

Segundo os vizinhos, ele trabalhava com crianças com deficiência, e era professor em uma escola próxima. Além disso, Khan também teve uma livraria especializada em obras islâmicas.

Farida Patel, sogra de Khan e voluntária que presta ajuda em países asiáticos, chegou a ser condecorada pela rainha Elizabeth 2º por seu trabalho humanitário. Ele chegou a morar um tempo com a família de sua mulher, que apóia causas contra o extremismo islâmico e a favor das mulheres no Oriente Médio.

Khan, que também nasceu em Leeds, nunca foi visto em uma mesquita, e sua suposta visão religiosa --fanática-- foi recebida com surpresa pela família.

Seus documentos foram encontrados na estação de Edgware Road, onde ocorreu um dos atentados.

Hasib Hussain,18, é o mais jovem dos suicidas. Durante um tempo, conviveu com parentes no Paquistão, após apresentar problemas de comportamento, segundo o "Times". Ao retornar, o jovem estava mais disciplinado, e manifestou grande interesse religioso.

AP
Hasib Mir Hussain
Ele até mesmo chegou a realizar o Hajj [peregrinação que todo muçulmano apto financeira e fisicamente deve realizar ao menos uma vez na vida], em Meca, Arábia Saudita.

Ao sair de casa na quinta-feira, Hussain disse que ia a Londres com amigos. Aparentemente, viveu toda a sua vida em Holbeck, nos subúrbios de Leeds. Foi a ligação de seus pais à polícia, por conta de seu desaparecimento, que forneceu a primeira pista sobre os autores dos atentados.

Segundo vizinhos e amigos, Hussain cresceu como qualquer criança: jogava futebol na vizinhança, e sempre recebeu cuidados dos pais. Ele estava desempregado.

A polícia agora tenta descobrir o que Hussain fez no período em que se separou dos suicidas, até a explosão da bomba que carregava, dentro de um ônibus de dois andares que trafegava pela Tavistock Square.

Germaine Lindsay, 19, jamaicano, que cresceu em Luton (norte de Londres), vivia em uma casa alugada em Aylesbury (nordeste de Londres). Sua mulher, que segundo o "Times", chama-se Samantha, disse ter se convertido ao islamismo há dois anos. O casal teve uma filha.

Lindsay, que trocou de nome após ter se convertido ao islamismo, e passou a chamar Jamal, foi visto várias vezes em Leeds com os outros terroristas.

A polícia britânica ainda investiga como Lindsay encontrou e conheceu os outros autores. Há suspeitas de que ele tenha se encontrado com os outros três no Paquistão, ou em uma mesquita em Londres, mas até agora nada foi comprovado.

Vizinhos dizem que Lindsay levava uma vida tranqüila, e a família aparentava ser "normal". Apesar disso, a família nunca se misturou à comunidade islâmica local.

Ele estava na estação de King's Cross quando a bomba que carregava explodiu.

Magdi el Nashar, 33, estudante de ciências, e PhD em bioquímica pela Universidade de Leeds (norte do Reino Unido), com passagem na Universidade da Carolina do Norte, nos EUA, acusado de estar envolvido com os atentados, foi detido no Cairo uma semana depois do episódio.

Apesar das suspeitas de que ele poderia ter fabricado o explosivo usado nas bombas, autoridades egípcias disseram que ele não tem nenhuma ligação com os atentados.

El Nashar mantém um apartamento em Leeds, onde a polícia diz ter encontrado peróxido de acetona e triperóxido de triacetona, substâncias de fácil aquisição no Reino Unido, e que podem ser usadas na fabricação de bombas. Investigadores também teriam encontrado rastros de pólvora dentro da banheira do apartamento do químico.

Ele foi visto na cidade duas semanas antes dos ataques, quando supostamente teria viajado para o Egito.

Ao sair do país, El Nashar disse ao dono do apartamento onde morava que teria de retornar ao Egito para resolver alguns problemas relacionados a seu visto, e deixou o apartamento aos cuidados de um amigo. O visto de El Nashar tinha sido renovado no início deste ano, o que despertou suspeitas das autoridades britânicas.

Com agências internacionais

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