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07/08/2005 - 20h47

Antigo diretor do programa da ONU "Petróleo por Comida" renuncia

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da EFE

O antigo diretor do programa humanitário da ONU para o Iraque, Benon Sevan, entregou neste domingo uma carta de renúncia a seu cargo de assessor da organização ao secretário-geral Kofi Annan. Apesar de acusações de corrupção, ele continuava vinculado à ONU como assessor, recebendo um salário simbólico de um dólar, para assegurar sua cooperação nas investigações do caso.

A renúncia imediata --comunicada à imprensa por seu advogado, Eric Lewis-- acontece um dia antes de ser divulgado o relatório da comissão independente que investiga se houve corrupção no programa "Petróleo por Comida". No relatório, Sevan é acusado de ter aceitado suborno.

"Compreendo totalmente a pressão à qual você está submetido, e que há pessoas tentando destruir sua reputação e a minha, mas sacrificar-me por conveniência política nunca acalmará nossos críticos nem ajudará o senhor nem a organização", escreve Sevan, na carta dirigida a Annan.

A única coisa que pode ajudar a ONU, segundo Sevan, é dizer a verdade e agüentar a pressão política dos "adversários" da organização.

O diplomata, que se considera o "bode expiatório" do escândalo, também se diz decepcionado pela "maneira pouca entusiasta" com a qual as Nações Unidas defenderam o programa do Iraque "contra as acusações escandalosas".

O escândalo ao qual se refere é a suspeita de que o programa humanitário deu lugar a atos de corrupção, que teriam beneficiado indivíduos e empresas. Esse programa permitia ao Iraque vender petróleo para comprar produtos básicos para a população, apesar do embargo imposto pela ONU ao país após invadir o Kuwait.

A ONU pediu que uma comissão independente, presidida pelo ex-presidente do Federal Reserve dos EUA, Paul Volcker, investigasse as acusações.

As investigações se concentraram, em grande parte, em Sevan, embora também tenham sido interrogados o próprio secretário-geral e seu filho, Kojo Annan, que trabalhou para Cotecna, uma das empresas contratadas pelo programa.

Até agora, a Comissão acusou Sevan de conflito de interesses e de ferir a integridade da ONU, sem chegar a dizer que o funcionário tenha se beneficiado economicamente.

O conteúdo completo do documento não é conhecido, mas Sevan e seu advogado se adiantaram na quinta-feira passada, ao anunciar que o texto acusa o diplomata de ter aceitado dinheiro da African Middle East Petroleum (Amep), uma das empresas que comprou petróleo do Iraque.

Na carta de renúncia, o diplomata explica que, como diretor do programa, tratou com várias empresas, principalmente quando havia dúvidas ao fazer negócios com o Iraque.

O diplomata defende mais uma vez sua inocência, o trabalho que desenvolveu durante os 40 anos a serviço da ONU e diz que Annan, com quem trabalhou nesse período, deveria saber que as acusações são "falsas".

Sevan ressalta os ganhos do programa, a maior iniciativa humanitária empreendida pela ONU. Também lembra os desafios que a organização teve de enfrentar, "presa entre os diversos interesses nacionais dos membros do Conselho de Segurança e os do então Governo do Iraque".

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