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12/08/2005 - 13h25

Líder palestino estudou direito e tem fama de moderado

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SHIN OLIVA SUZUKI
da Folha Online

O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, carrega a marca de moderação e de pragmatismo em seu perfil político. Eleito para o cargo em janeiro deste ano, Abbas também ocupa a presidência da OLP (Organização para a Libertação da Palestina), sucedendo o líder Iasser Arafat, morto no ano passado.

Também conhecido pelo apelido de Abu Mazen, que em árabe significa "o pai de Mazen" [nome de seu filho mais velho] --título muito comum entre os homens árabes--, Abbas, 70, nasceu em Safed [Galiléia], território palestino que foi administrado pelo Reino Unido.

Ele estudou Direito no Egito e obteve um doutorado em história pela Universidade Oriental de Moscou. Foi também durante seus anos acadêmicos que ocorreu uma das passagens mais polêmicas de sua carreira.

Tese controversa

Em 1982, Abbas escreveu uma tese de doutorado que defendia ligações entre nazistas e o movimento sionista [que defende o estabelecimento de um Estado judeu, Israel, na antiga Palestina]. A tese virou um livro chamado "The Other Side: the Secret Relationship Between Nazism and Zionism" ("O Outro Lado: O Relacionamento Secreto entre o Nazismo e o Sionismo").

13.fev.2005/AP
Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina
No texto, Abbas afirmava que havia dúvidas quanto a existência de câmaras de gás para matar judeus e estimava as mortes do Holocausto em "menos de 1 milhão de pessoas" [é aceito que 6 milhões de judeus foram exterminados]. Quando estava a ponto de se tornar primeiro-ministro da ANP, em 2003, grupos judeus acusaram-no de defender a negação do Holocausto.

Abbas rebateu dizendo que apenas citou estudos que reviam o número de judeus mortos, mas que não tinha intenção de contestar os dados históricos.

"O Holocausto foi um terrível, um imperdoável crime contra a nação judaica, um crime contra a humanidade que não pode ser aceito", afirmou em entrevista ao jornal israelense "Haaretz".

Papel fundamental na OLP

Sua carreira política começou em meados da década de 50, quando Abbas integrou um grupo de exilados palestinos no Qatar. Lá, Abbas começou a organizar a estrutura da OLP, recrutando pessoas que ocupariam cargos importantes na organização. Também ajudou a fundar com Arafat, em 1957, o Fatah, grupo político que possui o domínio da OLP.

Mais tarde esteve ao lado de Arafat em seus exílios na Jordânia, Líbano e Tunísia. A partir da década de 70, Abbas começou a articular contatos com líderes do mundo árabe e a arrecadar fundos para a causa palestina. Pesa a acusação de que Abbas teria envolvimento financeiro no atentado terrorista à delegação israelense na Olimpíada de Munique (1972). Muitos afirmam que o palestino apenas posa de moderado.

No entanto, Abbas é apontado como o maior responsável pela concepção dos Acordos de Oslo em 1993, assinados por Arafat e pelo então premiê israelense Yitzhak Rabin [1922-1995, assassinado por um extremista judeu].

O atual presidente da ANP começou a costurar os tratados já na década de 70, com contatos estabelecidos com a esquerda e grupos pacifistas de Israel.

Figura pública

Conhecido pelo seu trabalho nos bastidores, Abbas começou a ficar mais notado publicamente quando, em 2003, Israel e Estados Unidos se recusaram a negociar com Arafat. Abbas, então, foi apontado como primeiro-ministro da ANP, mas não tinha poderes suficientes para influir nos processos decisórios.

Essa situação provocou uma série de conflitos com Arafat que, por sua vez, era acusado por Israel e EUA de tentar minar os movimentos políticos de Abbas.

Ao mesmo tempo, entrou em confronto com os radicais palestinos, notadamente os grupos Jihad Islâmico e Hamas. No início de setembro de 2003, enfrentou protestos e ameaças de morte, renunciando ao cargo de premiê logo depois.

Abbas manteve seu rompimento com Arafat até meados de 2004. Em janeiro deste ano, foi eleito presidente da ANP com ampla maioria, 62% dos votos populares. A eleição foi boicotada pelo Jihad Islâmico e pelo Hamas.

Até hoje prossegue o relacionamento tenso entre o presidente e os grupos extremistas. Com a retirada dos assentamentos judaicos em Gaza, Abbas pretende transferir seu gabinete para a região --atualmente, a Muqata [sede do governo palestino] fica em Ramallah, na Cisjordânia.

Com agências internacionais

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