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28/08/2005 - 07h01

Guerra no Iraque foi necessária, diz ex-conselheiro de Reagan

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EMILIA BERTOLLI
da Folha Online

"Se não houvesse a Guerra no Iraque, Saddam Hussein continuaria no poder e teria dizimado milhares de civis iraquianos", disse em entrevista à Folha Online, por telefone, de Maryland, Henry Nau, membro do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, entre 1981 e 1983, durante o governo do presidente Ronald Reagan (1981-89).

Nau, que atualmente é professor de ciência política e relações internacionais na George Washington University, considera-se um político de centro-direta, e diz não ser diretamente engajado na causa republicana, partido do atual presidente George W. Bush e também de Reagan.

Para ele, é "impossível" que Bush tenha mentido ou manipulado informações a respeito do confronto no Iraque, principalmente no que diz respeito às duas justificativas para o avanço da guerra: a existência de armas de destruição em massa e as possíveis relações de Saddam com o terrorista saudita Osama bin Laden.

"Não acredito que a administração do presidente George W. Bush mente ou há uma manipulação deliberada da informação. Creio que o governo [ao invadir o Iraque] tomou uma decisão honesta, baseando-se em evidências de serviços de inteligência de vários países do mundo, como Alemanha, França e Austrália", disse Nau.

Quando questionado a respeito de o próprio governo americano ter admitido a falta de provas sobre tais armamentos, após as tropas terem invadido o Iraque, Nau defende a atual administração dos EUA, dizendo que eles [membros do governo dos EUA] não disseram haver armas, mas relatório com informações pouco claras sobre isso --sem dizer como o governo dos EUA agiu com documento considerado "insuficiente".

"Informações das agências de inteligência demonstram que Saddam iria colaborar com [o terrorista saudita] Osama bin Laden, isso está claro. Sem uma ação militar, estaríamos colocando também a vida de milhares de americanos em risco", afirma. "Com ou sem guerra, milhões de pessoas iam morrer [no Iraque e nos EUA]", diz.

"Evolução"

Saddam assumiu a Presidência do Iraque em 1979 e foi destituído por tropas americanas que invadiram o país em março de 2003. Em mais de dois anos de ocupação americana, o Iraque realizou eleições, instituiu um governo provisório, e trabalha, agora, na criação de uma nova Constituição.

Apesar das mudanças políticas, classificadas por Nau como uma "evolução", a insurgência e os confrontos entre rebeldes iraquianos e tropas da coalizão que ocupam o país, deixaram mortos de ambos os lados: mais de 1.800 membros das Forças Armadas americanas, e um número estimado de 39 mil iraquianos, de acordo com um estudo realizado pelo Instituto Superior de Estudos Internacionais da Universidade de Genebra (HEI, na sigla em francês).

Números oficiais do governo do Iraque dizem que 8.175 iraquianos morreram no país, entre o período de agosto de 2004 e maio deste ano.

"O processo que ocorre agora no Iraque é um passo dramático rumo à democracia, já que o país poderá se tornar a segunda sociedade civil democrática no Oriente Médio, além de Israel. Isso é muito importante."

Mas a democracia iraquiana ainda está em um estágio "embrionário", afirma o professor. A Constituição que está sendo redigida privilegia três pontos: a obediência aos princípios do islamismo e a proibição de qualquer ato contra a democracia ou contra os direitos humanos. "É um documento complexo, que dá margem a várias interpretações. Mas esse é um primeiro passo, e é claro que os iraquianos não teriam agora uma Constituição como a que é aplicada na França, no Reino Unido ou nos EUA", diz.

Opinião pública

Para Nau, o crescimento da rejeição à Guerra no Iraque por parte dos americanos "não reflete a situação real", já que a opinião pública é extremamente "afetada pelo que acontece no Iraque", e, segundo ele, os americanos ainda estão "em cima do muro".

"Não acho que a morte dos soldados seja o principal motivo [para a rejeição à guerra]. No início deste ano, quando houve eleições no Iraque, a maioria dos americanos apoiava a ação americana no país. Teremos de esperar a finalização da Constituição iraquiana e a realização de novas eleições para sabermos se a oposição vai continuar tão grande", afirma o professor.

Sobre as eleições legislativas americanas que devem acontecer em 2006, Nau admite que a rejeição prolongada à guerra será um fator decisivo. "Durante as eleições presidenciais de 2004, os democratas se mostraram mais céticos quanto à guerra, mas mantiveram uma posição dúbia. Nos próximos dois anos, caso a opinião pública continue contra a guerra, veremos críticos mais ferrenhos aparecerem, principalmente entre os democratas".

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