Publicidade
Publicidade
02/09/2005
-
15h47
EMILIA BERTOLLI
da Folha Online
Na última quinta-feira (25), o brasileiro Erivelto de Oliveira Miranda, 46, embarcou para os Estados Unidos com sua namorada, Alice Capobiango, 41, a fim de realizar o que ambos chamavam de "viagem dos sonhos": conhecer a cidade de Nova Orleans.
Só que a passagem do furacão Katrina pela região na última segunda-feira (28) deu novo rumo ao conto de fadas. Sem eletricidade, água ou comida, eles tiveram de abandonar o hotel em que se hospedaram ao chegar, e agora estão abrigados sob a marquise de um cassino da cidade.
O primeiro contato de Miranda com seus familiares no Brasil ocorreu nesta quarta-feira (31), quando conseguiu ligar para sua filha, Mariana Mascarenhas de Oliveira Miranda, 18, que mora em Belo Horizonte.
"Eu estava desesperada. Meu pai não dava sinal de vida. Na primeira vez em que me telefonou, disse que eles iam tentar sair da cidade em um ônibus que os levaria até Houston (Texas)", afirmou Mariana à Folha Online, por telefone.
"Dia de cão"
Mas, segundo ela, até agora o casal não conseguiu sair de Nova Orleans porque o ônibus em que estavam foi parado pelo Exército americano, que ordenou a desocupação do veículo.
Na seqüência, Miranda e sua namorada tentaram, então, retornar ao hotel onde haviam se hospedado ao chegar à cidade, mas o dono do estabelecimento disse que não poderia recebê-los devido à escassez de água, comida e energia elétrica no local.
De acordo com o relato da filha de Miranda, por gentileza e para se desculpar da situação em que colocara o casal, o dono do hotel não aceitou que eles pagassem a conta dos dias em que ficaram hospedados.
Barreira
O brasileiro --que é analista financeiro do Banco Central e também mora em Belo Horizonte-- tentou atravessar a pé a barreira policial que cerca Nova Orleans, mas foi barrado por soldados. "Ninguém pode entrar ou sair da cidade. Meu pai disse que algumas pessoas tentavam furar o bloqueio à força, mas que, em resposta, soldados chegaram até a atirar para o alto como sinal de advertência", afirmou Mariana.
A solução encontrada pelo casal foi se abrigar --com um grupo de americanos que também estão sem teto-- debaixo da marquise de um cassino, próximo a um dos acampamentos montados pelo Exército em Nova Orleans.
"Ontem eles conseguiram comer e receber água, mas é tudo muito racionado. Meu pai disse que policiais andam armados de metralhadoras, e que o clima é praticamente de guerra."
Segundo Mariana, seu pai contou que as equipes da Defesa Civil que estão trabalhando em Nova Orleans dão prioridade à retirada imediata de crianças, mulheres, idosos e pessoas doentes. "Tenho medo que meu pai demore muito tempo para sair de lá", disse.
Comércio ilegal
Mariana contou à Folha Online que seu pai tem visto coisas que jamais imaginara ver, como pessoas, em Nova Orleans, que tentam vender aos desabrigados artigos saqueados de lojas, incluindo comida e roupas.
Ainda de acordo com ela, o casal tem conseguido se comunicar com suas famílias por meio de um telefone público que fica próximo à marquise onde estão abrigados. Miranda também teria ligado para o Banco Central para pedir ajuda a seus colegas para sair da cidade.
Áurea Carla Capobiango, 41, disse à Folha Online ter falado com sua irmã por telefone duas vezes. "Ela [Alice] disse que eles [o casal] estão sem tomar banho há vários dias, mas que estão bem, e esperando uma oportunidade de deixar a cidade".
"Acho que Alice [que é médica] não entrou em muitos detalhes para não assustar nossos pais. Nossa mãe [Ione, 64] está muito emocionada e chora muito", disse Áurea. "Fisicamente ela [Alice] diz estar bem, mas não podemos avaliar seu estado psicológico."
Consulado
Mariana entrou em contato com o consulado do Brasil em Houston para pedir ajuda, mas foi informada que no momento não havia muito a ser feito. "Tenho medo por ele ser estrangeiro", disse.
De fato, o consulado em Houston recebeu a ligação de Mariana, e informou à Folha Online, por meio de um de seus oficiais, Ciro Cardoso, que funcionários da representação brasileira em Houston já entraram em contato com a Defesa Civil para informar a localização de todos os brasileiros que estão em Nova Orleans.
"Por enquanto, a informação que o consulado tem a respeito do casal é a que foi divulgada pela mídia. Não conseguimos falar diretamente com ele", afirmou Cardoso.
Segundo ele, não é possível dizer quando o casal conseguirá deixar a cidade, acrescentando que "há brasileiros saindo e chegando em Houston".
Leia mais
Empresário brasileiro perde quatro lojas em Nova Orleans
Petróleo vaza e atinge região de Nova Orleans
Especial
Leia cobertura completa sobre o furacão Katrina
Envie mensagens a brasileiros que vivem nos EUA
Leia o que já foi publicado sobre o furacão Katrina
Lua-de-mel de brasileiros acaba sob marquise em Nova Orleans
Publicidade
da Folha Online
Na última quinta-feira (25), o brasileiro Erivelto de Oliveira Miranda, 46, embarcou para os Estados Unidos com sua namorada, Alice Capobiango, 41, a fim de realizar o que ambos chamavam de "viagem dos sonhos": conhecer a cidade de Nova Orleans.
Só que a passagem do furacão Katrina pela região na última segunda-feira (28) deu novo rumo ao conto de fadas. Sem eletricidade, água ou comida, eles tiveram de abandonar o hotel em que se hospedaram ao chegar, e agora estão abrigados sob a marquise de um cassino da cidade.
Arquivo pessoal |
Erivelto Miranda e Alice Capobiango, que estão desabrigados em Nova Orleans |
"Eu estava desesperada. Meu pai não dava sinal de vida. Na primeira vez em que me telefonou, disse que eles iam tentar sair da cidade em um ônibus que os levaria até Houston (Texas)", afirmou Mariana à Folha Online, por telefone.
"Dia de cão"
Mas, segundo ela, até agora o casal não conseguiu sair de Nova Orleans porque o ônibus em que estavam foi parado pelo Exército americano, que ordenou a desocupação do veículo.
Na seqüência, Miranda e sua namorada tentaram, então, retornar ao hotel onde haviam se hospedado ao chegar à cidade, mas o dono do estabelecimento disse que não poderia recebê-los devido à escassez de água, comida e energia elétrica no local.
De acordo com o relato da filha de Miranda, por gentileza e para se desculpar da situação em que colocara o casal, o dono do hotel não aceitou que eles pagassem a conta dos dias em que ficaram hospedados.
Barreira
O brasileiro --que é analista financeiro do Banco Central e também mora em Belo Horizonte-- tentou atravessar a pé a barreira policial que cerca Nova Orleans, mas foi barrado por soldados. "Ninguém pode entrar ou sair da cidade. Meu pai disse que algumas pessoas tentavam furar o bloqueio à força, mas que, em resposta, soldados chegaram até a atirar para o alto como sinal de advertência", afirmou Mariana.
A solução encontrada pelo casal foi se abrigar --com um grupo de americanos que também estão sem teto-- debaixo da marquise de um cassino, próximo a um dos acampamentos montados pelo Exército em Nova Orleans.
"Ontem eles conseguiram comer e receber água, mas é tudo muito racionado. Meu pai disse que policiais andam armados de metralhadoras, e que o clima é praticamente de guerra."
Segundo Mariana, seu pai contou que as equipes da Defesa Civil que estão trabalhando em Nova Orleans dão prioridade à retirada imediata de crianças, mulheres, idosos e pessoas doentes. "Tenho medo que meu pai demore muito tempo para sair de lá", disse.
Comércio ilegal
Mariana contou à Folha Online que seu pai tem visto coisas que jamais imaginara ver, como pessoas, em Nova Orleans, que tentam vender aos desabrigados artigos saqueados de lojas, incluindo comida e roupas.
Ainda de acordo com ela, o casal tem conseguido se comunicar com suas famílias por meio de um telefone público que fica próximo à marquise onde estão abrigados. Miranda também teria ligado para o Banco Central para pedir ajuda a seus colegas para sair da cidade.
Áurea Carla Capobiango, 41, disse à Folha Online ter falado com sua irmã por telefone duas vezes. "Ela [Alice] disse que eles [o casal] estão sem tomar banho há vários dias, mas que estão bem, e esperando uma oportunidade de deixar a cidade".
"Acho que Alice [que é médica] não entrou em muitos detalhes para não assustar nossos pais. Nossa mãe [Ione, 64] está muito emocionada e chora muito", disse Áurea. "Fisicamente ela [Alice] diz estar bem, mas não podemos avaliar seu estado psicológico."
Consulado
Mariana entrou em contato com o consulado do Brasil em Houston para pedir ajuda, mas foi informada que no momento não havia muito a ser feito. "Tenho medo por ele ser estrangeiro", disse.
De fato, o consulado em Houston recebeu a ligação de Mariana, e informou à Folha Online, por meio de um de seus oficiais, Ciro Cardoso, que funcionários da representação brasileira em Houston já entraram em contato com a Defesa Civil para informar a localização de todos os brasileiros que estão em Nova Orleans.
"Por enquanto, a informação que o consulado tem a respeito do casal é a que foi divulgada pela mídia. Não conseguimos falar diretamente com ele", afirmou Cardoso.
Segundo ele, não é possível dizer quando o casal conseguirá deixar a cidade, acrescentando que "há brasileiros saindo e chegando em Houston".
Leia mais
Especial
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Alvo de piadas, Barron Trump se adapta à vida de filho do presidente
- Facções terroristas recrutam jovens em campos de refugiados
- Trabalhadores impulsionam oposição do setor de tecnologia a Donald Trump
- Atentado contra Suprema Corte do Afeganistão mata 19 e fere 41
- Regime sírio enforcou até 13 mil oponentes em prisão, diz ONG
+ Comentadas
- Parlamento de Israel regulariza assentamentos ilegais na Cisjordânia
- Após difamação por foto com Merkel, refugiado sírio processa Facebook
+ EnviadasÍndice