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15/10/2005 - 03h30

Violência marca início do referendo iraquiano

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Uma bomba de estrada explodiu na manhã deste sábado próxima a um centro de votação ao oeste da capital iraquiana, Bagdá, deixando um policial ferido. O ataque ocorreu pouco após a abertura dos centros de votação para a realização do referendo sobre a Constituição iraquiana, às 7h locais (1h no horário de Brasília). Segundo fontes da polícia local, nenhum eleitor estava no presente no momento da explosão.

Outro foco de violência foi registrado em Ramadi, a 115 quilômetros ao oeste de Bagdá, próxima à cidade de Basra. Um pequeno grupo de insurgentes entrou em confronto contra tropas norte-americanas nas ruas da cidade que, segundo a polícia, ainda estavam vazias. Até o momento, não há registro de feridos.

Ao sul de Basra, três homens armados atacaram um centro de votação vazio horas antes da abertura das urnas, mas foram capturados pelos policiais.

Os ataques já haviam começado na sexta-feira, quando quatro postos eleitorais no sul e no sudoeste de Bagdá foram atingidos por tiros, segundo fontes do Ministério do Interior.

De acordo com funcionários do governo iraquiano, homens armados que estavam em um veículo abriram fogo contra dois postos eleitorais situados no distrito de Dora (sul). Um terceiro posto foi atingido em Baya e outro em Al Ilaam (sudoeste). Não houve registro de feridos nem de vítimas.

Blecaute

Rebeldes sunitas sabotaram nesta sexta-feira o sistema elétrico que abastece Bagdá, causando um blecaute em uma vasta área da cidade.

"Foi uma sabotagem em um ponto próximo de Baiji", afirmou o porta-voz do Ministério de Eletricidade, Mahmoud Saadi, a respeito do apagão que atingiu a área desde a capital até uma refinaria de petróleo 180 km ao norte de Bagdá.

De acordo com a rede de TV americana CNN, o corte de energia elétrica atingiu 70% da área da capital. Pouco depois do blecaute, as ruas de Bagdá ficaram vazias devido a um toque de recolher decretado com a intenção de deter ataques suicidas, enquanto policiais e soldados se posicionavam para defender os cerca de 6.000 postos de votação de possíveis ataques.

Participação

O referendo conta com 31.109 urnas, distribuídas em 6.235 postos de votação. Mais de 15 milhões de cidadãos foram convocados para votar. Protegidos por um forte contingente policial, os locais de votação permanecerão abertos até as 17h (11h00 de Brasília), segundo a Suprema Comissão Eleitoral.

Farid Iyar, membro da Comissão, afirmou na sexta-feira que é possível que o processo de votação seja prolongado, tal como ocorreu nas eleições de janeiro, no caso de atos violentos. A comissão espera oferecer os resultados finais do plebiscito cinco dias após sua realização.

Disputa

A Constituição é apoiada pela maioria xiita e pelos curdos, mas divide as opiniões entre os sunitas.

A princípio, os sunitas se opuseram à Constituição, por acreditarem que o texto dividiria o Iraque em dois Estados --um curdo, ao norte, e outro xiita, ao sul, deixando apenas a parte central com a minoria sunita.

No entanto, posteriormente, os xiitas propuseram aos sunitas a possibilidade de fazerem alterações no texto final da Carta. A proposta convenceu o Partido Islâmico Iraquiano --maior partido sunita-- a deixar de lado a oposição ao texto e pedir aos partidários que votem 'sim' neste sábado.

A decisão dividiu os sunitas e descartou a possibilidade de que a Constituição seja rejeitada pela população.

Apelo

O referendo deste sábado-- um passo importante para a entrada do Iraque na democracia-- acontece em um momento em que as forças se segurança americanas e iraquianas tentam combater a insurgência sunita em Bagdá e em áreas do oeste e do norte do país.

O presidente iraquiano, Jalal Talabani, e o primeiro-ministro do país, Ibrahim al Jaafari, fizeram um apelo pelo 'sim' na televisão nesta sexta-feira.

Talabani também pediu aos insurgentes sunitas que deixem as armas de lado e entrem no processo político. 'Nossos queridos irmãos, a maneira para alcançar suas exigências legítimas é por meio da política (...) e não do terrorismo, da violência e do boicote', afirmou.

A maioria dos xiitas --que representam 60% dos 26 milhões de iraquianos-- apóiam a Constituição e devem votar 'sim' no referendo.

Oposição

Muitos árabes sunitas vêem a Carta como um fator de divisão no Iraque, que dará aos governos das Províncias o controle sobre os recursos naturais do país --entre eles, o petróleo-- e não aceita a identidade árabe do país.

As mudanças aceitas nesta quarta-feira pelos xiitas, que dominam o Parlamento, atendem a algumas exigências sunitas, mas não as principais, como a que diz respeito ao federalismo e às raízes árabes.

Se for adotada, a Constituição lançará a base para a realização de eleições gerais em dois meses. Se rejeitada --por maioria simples em ao menos três das 18 Províncias iraquianas-- as eleições de dezembro ainda ocorrerão, mas um novo projeto de Carta deverá ser elaborado.

Com agências internacionais

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