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01/12/2005 - 10h42

Doação brasileira de remédios anti-Aids alcança sete países

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EMILIA BERTOLLI
da Folha Online

A Nicarágua passará a receber ajuda do Brasil para o tratamento de portadores de Aids [cerca de 7.000, segundo estimativas do governo nicaragüense]. Com isso, o governo brasileiro assume a doação de oito tipos de anti-retrovirais a sete países do programa Cooperação Sul-Sul --Bolívia, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Paraguai, Nicarágua, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.

A informação é do Ministério brasileiro da Saúde e do Unaids, um programa da ONU (Organização das Nações Unidas), que congrega várias agências da instituição que colaboram no combate à epidemia, assim como governos e ONGs.

Em entrevista à Folha Online, a presidente da Unicef e da Unaids no Brasil, Marie-Pierre Poiriet, 44, disse que a posição ética do governo brasileiro em relação ao cuidado dispensado aos doentes de Aids se destaca de todos os outros países do mundo. "O Brasil não cuida dos pacientes só até suas fronteiras, ele se envolve também com outros países e dá oportunidades de tratamento", afirma.

Em 2004, o governo brasileiro iniciou o programa Cooperação Sul-Sul com o objetivo de fornecer tratamento médico e capacitação de profissionais de saúde a seis países participantes, excluindo-se a Nicarágua, que aderiu ao programa na semana passada. Atualmente, o país envia gratuitamente oito tipos de medicamentos diferentes --combinados de acordo com as necessidades de cada soropositivo-- para cerca de 1.900 pacientes estrangeiros. Com a adesão da Nicarágua, a ajuda poderá chegar a 9.000 pessoas.

Apesar de a Nicarágua reportar oficialmente 1.793 casos de Aids no país, o Ministério da Saúde divulgou um boletim em agosto passado informando que ONGs (organizações não-governamentais) e agências do governo prevêem que 6.847 pessoas possam ser portadoras da doença.

"O Brasil se responsabilizou a prover tratamento a todos os que precisam nesses países [que fazem parte do convênio Cooperação Sul-Sul]. Se nós nos articulamos e compartilhamos conhecimentos, podemos parar a epidemia", afirma Poiriet.

O programa desenvolvido atualmente é, na verdade, um aprimoramento de um projeto iniciado em 2002, o Programa de Cooperação Internacional (PCI), que contava, além do Brasil, com a participação de Bolívia, Burkina Fasso, Colômbia, El Salvador, Moçambique, República Dominicana e Paraguai. Esses países recebiam tecnologia de assistência e manejo clínico do HIV/Aids, além de oferecer cem tratamentos a portadores de Aids, por meio de anti-retrovirais produzidos em laboratórios estatais brasileiros.

Programa

Na segunda fase do programa, iniciada no ano passado, o Brasil se comprometeu a fornecer gratuitamente medicamentos anti-retrovirais produzidos por laboratórios estatais brasileiros, para um número reduzido de países, escolhidos, segundo Poiriet, seguindo afinidades lingüísticas --por isso Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor Leste entraram na lista-- e acordos diplomáticos bilaterais.

Em outubro de 2004, seis países firmaram oficialmente convênio com o Brasil.

Todos os soropositivos em tratamento --nos países participantes do projeto-- recebem medicamentos enviados pelo Brasil. Ademais, o governo brasileiro envia remédios para a prevenção materno-infantil --que pode ser reduzida a quase zero, se a mãe portadora da doença se trata durante a gravidez.

Descrença

Segundo Poiriet, o programa anti-Aids do Brasil, que atualmente é um dos mais bem-sucedidos do mundo, sofreu com a descrença inicial de várias instituições.

Jane Mingay/AP
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"Até o próprio Banco Mundial criticou o programa brasileiro no início, dizendo que as pessoas pobres nunca conseguiriam fazer o tratamento com regularidade, o que poderia criar novos vírus resistentes aos medicamentos. Dez anos depois, a aderência é muito boa e não temos problemas de resistência. Em 1994, previa-se que teríamos, em dez anos, 1,8 milhão de pessoas. Hoje temos menos de a metade", diz a presidente.

Em 1994, o Banco Mundial começou a financiar projetos na área de saúde em todo o mundo e nesse ano, o Brasil assinou um primeiro acordo com a instituição, para o financiamento dos tratamentos de Aids. "A estratégia que parecia cara e louca deu muito certo", afirma Poiriet.

Atualmente, o Ministério brasileiro da Saúde estima que 600 mil pessoas estejam infectadas no Brasil. Dessas, 400 mil têm acompanhamento médico e cerca de 170 mil recebem medicação gratuita por meio do Programa Nacional de DST (doenças sexualmente transmissíveis) e Aids.

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