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28/01/2006 - 20h20

Fórum Social critica Lula, Kirchner e Vázquez, mas elogia Chávez

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da Efe, em Caracas

Ativistas do Fórum Social Mundial de Caracas chamaram hoje de "covardes reformistas" o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus colegas da Argentina, Néstor Kirchner, e do Uruguai, Tabaré Vázquez.

Seduzidos pela tintura "revolucionária" do processo venezuelano, os ativistas elogiaram o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmando que ele dirige um "verdadeiro processo popular e participativo" que aponta para a queda das bases do capitalismo.

Na sexta-feira (27), em um concorrido ato, Chávez pediu ao Fórum Social que adote o lema "socialismo ou morte", e foi classificado com "o único líder revolucionário" latino-americano, juntamente com o cubano Fidel Castro e a 'esperança" que representa o boliviano Evo Morales.

Segundo o economista egípcio Samir Amin, um dos fundadores do Fórum Social Mundial, Lula "não é mais que um Tony Blair tropical", comparação com o primeiro-ministro do Reino Unido que já tinha sido feita pelo paquistanês Tareq Ali, outro famoso intelectual do movimento contra a globalização.

O cineasta e ativista político argentino Fernando "Pino" Solanas também concordou com essa comparação hoje. De acordo com ele, "o único governo sul-americano que gera mobilização e participação popular é o venezuelano, dirigido por um líder revolucionário".

Solanas chegou a dizer que, nos processos de integração que acontecem há décadas na América do Sul, "existe um antes e um depois de Chávez, que lidera um governo solidário e realmente internacionalista".

As críticas a Lula, Kirchner e Vázquez se acentuaram hoje em um seminário organizado pelas associações de Ciências Econômicas do Brasil e da Argentina.

Segundo o economista argentino Claudio Gatz, existem três eixos políticos atualmente na América Latina.

Na opinião dele, um é formado pelos "aliados" dos Estados Unidos, entre os quais apontou Colômbia, México, Peru e os países da América Central. O outro seria o dos governos de "centro-esquerda", entre os quais se incluem os de Lula, Kirchner e Tabaré Vázquez, que encarnam o que definiu como "covardia reformista".

O terceiro eixo citado por Gatz inclui apenas a Venezuela e Cuba, que considerou como "os únicos envolvidos em um processo de nacionalismo revolucionário".

Gatz mencionou um ato dos movimentos sociais realizado ontem com Chávez e disse que nenhum outro líder latino-americano, com exceção de Fidel Castro, "seria capaz de levantar as bandeiras do socialismo ou cantar 'A Internacional' [Socialista]", como fez o venezuelano.

De acordo com ele, depois das turbulências políticas que precederam sua chegada ao poder, Kirchner "reconstituiu na Argentina um regime político de dominação capitalista" e que Lula "não fez mais que manter o sistema de opressão social que existe no Brasil".

Além disso, ele criticou a quitação de todas as dívidas que o Brasil e a Argentina mantinham com o FMI (Fundo Monetário Internacional), pagas no fim do ano passado por ambos os governos.

"Antes se dizia que, por dignidade, não tinha de pagar essa dívida, mas agora pagar ao FMI antecipadamente" é como se fosse uma vitória, disse.

Esta é a mesma opinião de Leda Maria Paulani, doutora em Teoria Econômica pela USP (Universidade de São Paulo), que afirmou que, passados três anos desde o início da gestão de Lula e no momento em que faltam 11 meses para o fim de seu mandato, "pode-se fazer um balanço mais ou menos definitivo'.

Nesse sentido, declarou que, como militante do PT, devia "afirmar com tristeza" que o governo Lula representou "um período de agudo aprofundamento do modelo neoliberal".

De acordo com ela, nos últimos três anos houve "uma distribuição indecente dos recursos", que favoreceu os banqueiros e o grande capital contra os interesses dos trabalhadores, que "pagaram a conta de uma política econômica nefasta'.

O Fórum Social Mundial, que em sua edição de Caracas reúne cerca de 70 mil pessoas, em sua grande maioria venezuelanos, será encerrado neste domingo, para quando está previsto um novo discurso de Chávez na Assembléia Mundial dos Movimentos Sociais.

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