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04/02/2006 - 19h02

Embaixadas européias são incendiadas em Damasco

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da France Presse, em Damasco

A mobilização dos muçulmanos contra a publicação pela imprensa européia de caricaturas do profeta Maomé resultou nesse sábado numa escalada de violência, depois que os prédios das embaixadas da Dinamarca, Noruega, Chile e Suécia em Damasco foram incendiados por manifestantes revoltados.

Na capital síria, um grupo de manifestantes invadiu a embaixada da Dinamarca, situada em um prédio de três andares e onde também se encontram as representações diplomáticas da Suécia e do Chile.

Os manifestantes depredaram o lugar e jogaram móveis pelas janelas, antes de atear fogo ao edifício. Os bombeiros chegaram a tempo de conter as chamas.

Desde ontem circula uma mensagem nos celulares de Damasco em que se informa sobre a suposta intenção de um grupo de manifestantes dinamarqueses de queimar exemplares do Corão na maior praça de Copenhague. Em resposta a isso, a mensagem também convocava uma manifestação para este sábado frente à embaixada da Dinamarca em Damasco.

Seguidamente dezenas de manifestantes romperam o cordão de isolamento estabelecido pelas forças de segurança, invadiram embaixada da Noruega e destruíram suas instalações, antes de queimar o segundo dos quatro andares do prédio.

As forças de segurança lançaram gases lacrimogêneos contra os manifestantes, o que levou vários deles a serem hospitalizados.

A polícia síria conseguiu, por outro lado, reprimir os manifestantes que tentavam se aproximar da embaixada da França em Damasco.

O ministro norueguês das Relações Exteriores, Jonas Gahr Stoere, classificou de "totalmente inaceitável" o incêndio da embaixada.

"Liguei para meu colega sírio [Faruk al Chareh] e lhe disse que isso é inaceitável. As autoridades sírias são responsáveis pela segurança da embaixada", declarou Stoere ao canal NRK.

Segundo o ministro, Al Chareh pediu desculpas pelo ocorrido.

A Noruega, como a Dinamarca, pediu a seus cidadãos que abandonem imediatamente a Síria em função do clima de insegurança que reina no país.

Reação do Irã

O presidente iraniano, o ultraconservador Mahmoud Ahmadinejad, ordenou a ruptura de contratos financeiros entre a república islâmica e os países onde foram publicadas as caricaturas contra Maomé, informou a agência iraniana Isna.

Ahmadinejad justificou esta decisão pelo "insulto de alguns meios de comunicação ocidentais ao profeta, o que demonstra o ódio que os sionistas que governam estes países têm contra o Islã e os muçulmanos".

Por sua parte, o chanceler polonês, Stefan Meller, pediu desculpas pela publicação das caricaturas no jornal de direita liberal "Rzeczpospolita".

Apesar dos pedidos de calma e reconciliação, particularmente do Vaticano, as manifestações de cólera se multiplicaram durante todo o dia.

Campanha

No Oriente Médio foram feitas ameaças contra a Dinamarca, queimadas bandeiras do país escandinavo e está sendo realizada uma campanha de boicote aos produtos dinamarqueses.

Dezenas de comerciantes palestinos da rua Saladino, de Jerusalém Oriental, colocaram na entrada de suas lojas bandeiras dinamarquesas para serem usadas como capachos para limpar os pés em protesto contra a publicação das caricaturas do profeta Maomé.

Além disso, dezenas de jovens palestinos jogaram pedras neste sábado contra a sede da União Européia em Gaza, ferindo policiais palestinos.

Em Nazaré, norte de Israel, milhares de muçulmanos protestaram pelas ruas da cidade contra a publicação das caricaturas na Europa.

Em Londres, cerca de 400 pessoas protestaram ante a embaixada da Dinamarca contra a publicação das charges, pedindo que a totalidade dos países europeus pressione seus meios de comunicação.

Em Amã, o chefe de redação da revista jordaniana "Shihan", que publicou as controvertidas caricaturas de Maomé, foi preso neste sábado, e o promotor-geral abriu uma investigação sobre outra revista que as publicou.

Shihan havia reproduzido na quinta-feira três das caricaturas que chamavam os muçulmanos do mundo "à razão" em seu editorial.

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