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22/02/2006 - 18h58

Israel ameaça impedir envio de dinheiro do Irã a governo do Hamas

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da Folha Online

O governo israelense ameaçou bloquear nesta quarta-feira a ajuda financeira que o Irã ofereceu aos palestinos, classificando os recursos prometidos para a ANP (Autoridade Nacional Palestina) como "empréstimo de investimento terrorista" --referindo-se ao Hamas, que lidera o Parlamento palestino.

O porta-voz do Ministério israelense das Relações Exteriores, Mark Regev, disse hoje "o dinheiro estará sendo revertido para uma liderança terrorista" [como o Hamas é classificado por Israel, Estados Unidos e União Européia], Israel terá o direito de "utilizar todos os meios legais para impedir que o dinheiro chegue a seu destino".

Irã ajudará financeiramente o governo palestino dirigido pelo movimento radical Hamas para compensar o bloqueio de recursos por Israel para a ANP.

"Vamos ajudar financeiramente este governo para destruir a crueldade dos Estados Unidos em relação à Autoridade Nacional Palestina", disse Ali Larijani, secretário do Conselho Supremo da Segurança Nacional do Irã, depois de uma reunião com o chefe político do Hamas, Khaled Mechaal.

Mechaal, em visita a Teerã desde domingo (19), já conseguiu o apoio moral do guia supremo aiatolá Ali Khamenei. Mas é a primeira vez que um dirigente iraniano confirma uma ajuda financeira ao novo governo palestino.

As finanças da ANP estão ameaçadas pela decisão de Israel de congelar uma parte dos recursos provenientes de impostos que deveria ser repassada. O Estado hebreu tomou a medida após a vitória do Hamas nas eleições legislativas palestinas de 25 de janeiro.

O Departamento de Estado americano explicou que "compreende" a decisão de Israel, e o presidente George W. Bush ressaltou ontem que os Estados Unidos não deveriam "fazer doações a um governo que não é parceiro da paz".

O porta-voz do Ministério israelense das Relações Exteriores, Mark Regev, afirmou ainda que a liderança palestina deve decidir se quer fazer parte da "comunidade internacional legítima" ou se deseja, "por suas próprias ações, alinhar-se com nações que são párias internacionais [referindo-se a países acusados de desenvolver ações terroristas]".

Israel diz considerar o Irã um "pária internacional" devido a seu apoio a grupos como o Hamas e o Hizbollah, e acusa o país de produzir armas nucleares --acusação negada por Teerã.

Apoio conjunto

O Irã sempre apoiou o Hamas e se recusa a reconhecer a existência de Israel. Na segunda-feira (20), o aiatolá Ali Khamenei havia proposto "elaborar um plano para que todos os muçulmanos possam conceder (...) uma ajuda anual financeira aos palestinos".

Nesta ocasião, Khamenei se alinhou com a posição do Hamas, que se "recusa a reconhecer o Estado de Israel e a realizar discussões com os israelenses". Além disso, o Hamas exige o "retorno dos refugiados palestinos e pede que Jerusalém seja a capital da Palestina". "O respeito às linhas de fronteira é o único caminho que pode levar à vitória", estimou.

Por sua vez, Mechaal minimizou ontem o impacto da decisão israelense de congelar os fundos devidos à ANP, considerando a medida, no entanto, "injusta".

"Teremos alguns problemas (...), mas poderemos recompensá-los com o apoio do mundo árabe e islâmico", assegurou Mechaal, depois de uma reunião com o chefe da diplomacia iraniana, Manouchehr Mottaki.

O chanceler iraniano havia afirmado que Teerã apoiava "uma proposta do primeiro-ministro da Malásia, Abdullah Ahmad Badawi, para que a OCI [Organização da Conferência Islâmica, que reúne os países muçulmanos] ajude o governo e o povo palestino".

Mechaal, que mora na Síria, realiza uma viagem aos países da região depois da vitória de seu movimento nas eleições legislativas. De passagem por Teerã em dezembro de 2005, ele ofereceu o apoio do Hamas à República Islâmica, assegurando que o Hamas atacaria Israel se o país atacasse o Irã.

Disputa

Fazendo coro à pressão contra o Irã, o premiê interino de Israel, Ehud Olmert, qualificou nesta quarta-feira o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, de "anti-semita, racista e inimigo de Israel", segundo a rádio militar israelense. "Não vale a pena empreender uma competição de declarações polêmicas com ele", afirmou Olmert ao Comitê de Defesa e Assuntos Internacionais do Parlamento.

Recentemente, Ahmadinejad causou a indignação da comunidade internacional ao dizer que Israel deveria ser "riscado do mapa" e ao duvidar da existência do Holocausto --no qual morreram 6 milhões de judeus.

Durante o discurso no Parlamento, Olmert disse ainda que Israel continuará a pressionar os palestinos com ações diplomáticas, e não militares. Em uma reunião fechada de governo, o premiê afirmou que a ANP foi "contaminada pelo terror" depois que o Hamas tomou posse no Parlamento. No entanto, segundo o Olmert, o grupo "não é uma ameaça" para Israel.

Com agências internacionais

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