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27/03/2006 - 16h22

Israelenses de origem latino-americana preferem partido de Sharon

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da Ansa, em Jerusalém

A maioria dos israelenses de origem latino-americana vota no Kadima, partido centrista do premiê de Israel, Ariel Sharon, segundo pesquisa.

Calcula-se que entre 100 mil e 150 mil israelenses nasceram na América Latina, sendo que cerca de 50% deles são originários da Argentina, onde vive a maior comunidade judaica do continente depois dos Estados Unidos.

Segundo estimativas de organizações de imigrantes latino-americanos, depois dos argentinos, estão os uruguaios, os brasileiros e os mexicanos.

Apesar disso, o peso dos eleitores latino-americanos no pleito de Israel é pequeno, comparado com uma população total do país de 6,2 milhões de pessoas.

Nas últimas duas décadas, cerca de um milhão de imigrantes chegaram a Israel, vindos da União Soviética e da Rússia. Agora os russos contam com o Yisrael Beiteinu (Israel é a Nossa Casa), partido de nacionalistas de origem russa, que disputa com o Likud, partido de direita, o terceiro lugar nas eleições e podendo obter cerca de quinze cadeiras no Parlamento.

"Esses imigrantes latino-americanos votarão como o resto da população, mas com a diferença de que a maioria favorecerá aos partidos de centro a esquerda", disse à revista Aurora o psiquiatra e catedrático argentino José Itzigsohn, que, em 1948, chegou a Israel como voluntário para lutar pela independência do país.

"Os latino-americanos estão bem representados nas profissões liberais mas, ainda assim, não se organizaram" politicamente, disse Itzigsohn à revista semanal.

Os imigrantes latino-americanos trabalharam para se inserirem na sociedade israelense em geral, diferentemente dos russos, que continuam presos à sua origem, formando um segmento fechado em muitos sentidos, explicou à Ansa o chefe de redação da Aurora, Mario Wainstein.

Em relação à decisão de fazer parte da mistura étnica de Israel, há uma diferença fundamental, afirma Wainstein.

Enquanto os imigrantes da ex-União Soviética e de países da Europa oriental chegaram ao país e "queimaram os aviões", cortando os laços com suas nações de origem, das quais fugiam, "ninguém os mandou embora", disse o jornalista argentino que vive em Israel desde 1965.

"Os russos procuravam sair de onde estavam, queriam fugir, e os latino-americanos, ao contrário, estavam economicamente melhor em seus países do que em Israel", acrescentou Wainstein.

A maioria dos imigrantes da América Latina embarcou nesta aventura incentivados pela convicção semita de que Israel é o lugar indicado para os judeus de todo o mundo, explicou.

Quanto ao voto de esquerda, Wainstein disse que muitos imigrantes, principalmente os da América do Sul, viveram ditaduras militares de extrema direita em seus países de origem.

Os lemas dos partidos conservadores "provocam coceira" nesses latino-americanos, afirma, e acrescenta que a diferença entre eles e os russos é que, cansados do regime comunista, os russos se voltaram para a direita, onde efetivamente se situa o Yisrael Beiteinu e seu popular líder, Avigdor Lieberman.

Segundo o jornalista, os israelenses nascidos na América Latina chegaram em Israel e "procuraram seu lugar dentro da sociedade e dos partidos políticos já existentes".

Apesar de adotarem os costumes locais, os imigrantes continuam fortemente relacionados com seus países originários, se transformando em "dignos embaixadores da cultura latino-americana", disse Wainstein, o mesmo tradutor de Ernesto Sábato ao hebreu.

Contramão

Diferentemente dos israelenses de origem latino-americana, que devem votar no partido Kadima (centro), no Partido Trabalhista (centro-esquerda) ou no Meretz (esquerda), os israelenses radicados na Argentina preferem o candidato do partido Likud (direita), Benyamin Netanyahu, segundo a pesquisa.

Ao contrário do que indicam as pesquisas em Israel, onde o Kadima se apresenta como o partido com mais possibilidades de ganhar as eleições, na Argentina, 42,06% optou por Netanyahu, de acordo com a pesquisa realizada entre a comunidade judaica local, segundo a revista israelense Aurora, escrita em espanhol.

O premiê interino de Israel, Ehud Olmert, candidato do Kadima, ocupa o segundo lugar, com a preferência de 35,6% das mais de 10 mil pessoas que participaram da consulta.

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