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01/04/2006 - 16h41

Premiê francês reconhece erros ao lidar com crise gerada por lei trabalhista

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da Folha Online

O premiê da França, Dominique de Villepin, admitiu ter cometido erros no modo como lidou com a crise deflagrada pela nova lei do primeiro emprego e lamentou a incompreensão de sua iniciativa.

"Houve enganos e incompreensão sobre a direção de minha iniciativa. Eu lamento profundamente", disse Villepin, em entrevista ao diário francês "Le Journal du Dimanche", a ser publicada neste domingo (2), e citada pela agência de notícias Associated Press. Questionado se cometeu algum erro no caso da nova lei, ele respondeu: "É claro, em toda ação política há algum erro".

O premiê francês disse, no entanto, que sua posição sobre a lei, de não negociar com seus opositores, evitou o que ele chamou de "um erro imperdoável".

"O principal erro, o único que teria sido imperdoável, teria sido não fazer nada contra o desemprego em massa em nosso país", disse Villepin ao jornal francês.

Nesta sexta-feira (dia 31 de março), o presidente francês, Jacques Chirac, anunciou ontem que irá promulgar a nova lei, mas com alterações --deve reduzir de dois para um ano o prazo do contrato experimental durante o qual o empregador pode demitir o trabalhador de menos de 26 anos, e irá exigir a justificativa para a demissão.

As alterações foram vistas como uma desaprovação do texto de Villepin --o que o premiê negou. Questionado se a decisão de Chirac de alterar a lei não significou invalidá-la. "[O presidente tomou] uma decisão justa, em respeito a nossas instituições".

"Vivemos em uma época onde as pessoas procuram constantemente jogar umas contra as outras. Essa não é minha idéia de política", disse Villepin. "Me recuso a entrar nesse jogo."

A nova lei passou no Parlamento francês e foi aprovada pelo Conselho Constitucional.

Oposição

Os partidos de esquerda da França, no entanto, rejeitaram a lei apesar do anúncio das mudanças. Os estudantes e os sindicatos querem "que seus contratos de trabalho sejam iguais aos dos outros trabalhadores", disse o ex-ministro das Finanças da França, o socialista Dominique Strauss-Kahn.

'Exigimos a retirada definitiva do CPE e a abertura de negociações reais com todos os sindicatos, estudantes e alunos do ensino colegial antes que qualquer nova lei siga para o Parlamento', disse o líder do Partido Verde da França, Patrick Farbiaz. Segundo ele, os partidos de oposição irão 'inundar' o país com panfletos contra o CPE e lançar um protesto na manifestação programada para a próxima terça-feira (dia 4).

Grupos de jovens invadiram o escritório do parlamentar Pierre Lellouche, membro do UPM (União por um Movimento Popular, partido do presidente Chirac), em Paris, na noite desta sexta-feira (31), após o anúncio de Chirac.

Os manifestantes já apelidaram de "empregos-Kleenex" os postos de trabalho que vierem a ser criados após a promulgação da nova lei, em referência aos lenços descartáveis de papel da marca "Kleenex" --os jovens contratados nos novos empregos seriam igualmente descartáveis.

A França é um dos países com as leis trabalhistas mais rígidas da Europa. Os custos de demitir um funcionário --e as demissões acabam, em grande número, sendo resolvidas na Justiça-- são um dos maiores obstáculos à criação de empregos no país e à admissão de funcionários jovens. O desemprego entre os jovens franceses ronda os 22% --contra uma média nacional de 9,6%.

Segundo reportagem do diário francês "Le Monde", Chirac deve assinar a nova lei neste domingo (2).

Com agências internacionais

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