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27/05/2006
-
10h48
CAROLINA VILA-NOVA
da Folha de S.Paulo, em Bogotá
O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, financiou a maior parte de sua campanha de reeleição com fundos privados, enquanto seu principal rival, o esquerdista Carlos Gaviria, contou quase que exclusivamente com financiamento público. A campanha do presidente, além disso, tem sido bastante mais custosa --quase o triplo da de seu rival. É o que mostram dados preliminares obtidos pela Folha com os comandos de campanha dos dois candidatos presidenciais.
A lei colombiana proíbe doações de empresas a campanhas eleitorais. Contribuições privadas, apenas de indivíduos. Isso não impede que os candidatos driblem a norma. Segundo a ONG Transparência Colômbia, em 2002, a indústria da cerveja colaborou com 500 milhões de pesos (cerca de US$ 167.000) para a campanha de Uribe.
Há um limite de financiamento público de 4,8 bilhões de pesos (cerca de US$ 1,6 milhão) para todos os candidatos, que podem pedir 10% a mais a título de gastos publicitários.
Podem ainda obter financiamento de entidades financeiras, cujo montante é definido com base na expectativa de voto do candidato. Ao fim da campanha, o Estado paga ao candidato a soma de 1.705 pesos por cada voto obtido.
O total, entre fundos públicos, privados e empréstimos não pode ultrapassar 10 bilhões de pesos (US$ 4 milhões), no caso do candidato-presidente, ou 14 bilhões de pesos para os outros candidatos. Segundo Daniel García Peña, gerente da campanha de Gaviria, o gasto total da campanha até agora foi de 7,4 bilhões de pesos (US$ 3,2 milhões). Desse total, só 0,3% vieram de contribuições privadas: foram 23 milhões de pesos, ou US$ 10 mil.
"Tenho até vergonha de dizer. São contribuições do médico do Gaviria, do amigo do amigo, e por aí vai", disse à Folha. Ainda assim, sobre o total de gastos, disse que "nunca a esquerda havia conseguido recursos tão altos para levar adiante uma campanha".
Outro 1,4 bilhão de pesos (US$ 600 mil) corresponde a fundos públicos e mais 2 bilhões foram obtidos em créditos com entidades financeiras.
Candidato pelo Pólo Democrático Independente, Gaviria tem 20,4% das intenções de voto, segundo a última pesquisa Gallup. Está muito abaixo de Uribe que concorre pela coalizão direitista Primeiro Colômbia, com 61,2%. A eleição é neste domingo.
Candidato-presidente
Já Uribe gastou até o momento 9,5 milhões de pesos --quase o máximo permitido pela lei, de 10 milhões, e quase o triplo do gasto por Gaviria.
Desse total, segundo seu gerente financeiro, Federico Jimeno, as contribuições privadas somaram 1,9 bilhão de pesos, cerca de US$ 800 mil. Isso corresponde a 20% do total de gastos. O site da campanha na internet lista mais de 300 contribuintes individuais.
Além disso, o presidente obteve o total permitido pela lei de fundos estatais. O restante, outra grande parte da arrecadação, veio de créditos bancários.
A explicação para isso é simples. "O setor privado distribui as contribuições e os recursos de acordo com as expectativas que tenham sobre cada candidato", disse Alfredo Rangel, diretor da Fundação Segurança e Democracia.
Ameaças
A dois dias das eleições, a Colômbia se tornou palco de denúncias mútuas de ameaças contra eleitores. Em seu último discurso antes da votação, Uribe disse que as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) estão ameaçando seus apoiadores do interior.
"Soube que as Farc andam dizendo aos camponeses que eles não poderão sair para votar se não for contra Uribe. O grave seria que dissessem: votem em Uribe. Isso, sim, me preocuparia", afirmou. "Acho que sou o presidente mais odiado pela guerrilha."
Ontem, as Farc exortaram os colombianos a votar amanhã em qualquer candidato que não seja Uribe.
Causou preocupação entre as forças de segurança a explosão de um carro em frente ao prédio da Procuradoria-Geral colombiana, na manhã de ontem, em Bogotá.
A Polícia Metropolitana investiga se trata-se de um atentado. Não houve feridos nem danos materiais.
Com agências internacionais
Especial
Leia o que já foi publicado sobre eleições na Colômbia
Leia o que já foi publicado sobre Alvaro Uribe
Leia o que já foi publicado sobre Carlos Gaviria
Presidente colombiano gastou em campanha 3 vezes mais que rival
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da Folha de S.Paulo, em Bogotá
O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, financiou a maior parte de sua campanha de reeleição com fundos privados, enquanto seu principal rival, o esquerdista Carlos Gaviria, contou quase que exclusivamente com financiamento público. A campanha do presidente, além disso, tem sido bastante mais custosa --quase o triplo da de seu rival. É o que mostram dados preliminares obtidos pela Folha com os comandos de campanha dos dois candidatos presidenciais.
A lei colombiana proíbe doações de empresas a campanhas eleitorais. Contribuições privadas, apenas de indivíduos. Isso não impede que os candidatos driblem a norma. Segundo a ONG Transparência Colômbia, em 2002, a indústria da cerveja colaborou com 500 milhões de pesos (cerca de US$ 167.000) para a campanha de Uribe.
Há um limite de financiamento público de 4,8 bilhões de pesos (cerca de US$ 1,6 milhão) para todos os candidatos, que podem pedir 10% a mais a título de gastos publicitários.
Podem ainda obter financiamento de entidades financeiras, cujo montante é definido com base na expectativa de voto do candidato. Ao fim da campanha, o Estado paga ao candidato a soma de 1.705 pesos por cada voto obtido.
O total, entre fundos públicos, privados e empréstimos não pode ultrapassar 10 bilhões de pesos (US$ 4 milhões), no caso do candidato-presidente, ou 14 bilhões de pesos para os outros candidatos. Segundo Daniel García Peña, gerente da campanha de Gaviria, o gasto total da campanha até agora foi de 7,4 bilhões de pesos (US$ 3,2 milhões). Desse total, só 0,3% vieram de contribuições privadas: foram 23 milhões de pesos, ou US$ 10 mil.
"Tenho até vergonha de dizer. São contribuições do médico do Gaviria, do amigo do amigo, e por aí vai", disse à Folha. Ainda assim, sobre o total de gastos, disse que "nunca a esquerda havia conseguido recursos tão altos para levar adiante uma campanha".
Outro 1,4 bilhão de pesos (US$ 600 mil) corresponde a fundos públicos e mais 2 bilhões foram obtidos em créditos com entidades financeiras.
Candidato pelo Pólo Democrático Independente, Gaviria tem 20,4% das intenções de voto, segundo a última pesquisa Gallup. Está muito abaixo de Uribe que concorre pela coalizão direitista Primeiro Colômbia, com 61,2%. A eleição é neste domingo.
Candidato-presidente
Já Uribe gastou até o momento 9,5 milhões de pesos --quase o máximo permitido pela lei, de 10 milhões, e quase o triplo do gasto por Gaviria.
Desse total, segundo seu gerente financeiro, Federico Jimeno, as contribuições privadas somaram 1,9 bilhão de pesos, cerca de US$ 800 mil. Isso corresponde a 20% do total de gastos. O site da campanha na internet lista mais de 300 contribuintes individuais.
Além disso, o presidente obteve o total permitido pela lei de fundos estatais. O restante, outra grande parte da arrecadação, veio de créditos bancários.
A explicação para isso é simples. "O setor privado distribui as contribuições e os recursos de acordo com as expectativas que tenham sobre cada candidato", disse Alfredo Rangel, diretor da Fundação Segurança e Democracia.
Ameaças
A dois dias das eleições, a Colômbia se tornou palco de denúncias mútuas de ameaças contra eleitores. Em seu último discurso antes da votação, Uribe disse que as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) estão ameaçando seus apoiadores do interior.
"Soube que as Farc andam dizendo aos camponeses que eles não poderão sair para votar se não for contra Uribe. O grave seria que dissessem: votem em Uribe. Isso, sim, me preocuparia", afirmou. "Acho que sou o presidente mais odiado pela guerrilha."
Ontem, as Farc exortaram os colombianos a votar amanhã em qualquer candidato que não seja Uribe.
Causou preocupação entre as forças de segurança a explosão de um carro em frente ao prédio da Procuradoria-Geral colombiana, na manhã de ontem, em Bogotá.
A Polícia Metropolitana investiga se trata-se de um atentado. Não houve feridos nem danos materiais.
Com agências internacionais
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