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02/06/2006 - 09h56

Iraque acusa EUA de promover ataques "diários" contra civis

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da Folha Online

O premiê iraquiano, Nouri al Maliki, afirmou nesta sexta-feira que ataques de soldados dos Estados Unidos contra civis se tornaram um fenômeno "diário" no Iraque, e que as tropas americanas "não têm nenhum respeito pelo povo iraquiano".

"Eles os massacram com veículos militares e os matam apenas por uma pequena suspeita", afirmou. "Ataques contra civis serão uma peça-chave na decisão sobre o período que as forças americanas ainda continuarão no Iraque".

As declarações foram dadas em meio à polêmica a respeito de suposto massacre promovido por marines na cidade de Haditha, 200 km a noroeste de Bagdá, na qual morreram 24 homens, mulheres e crianças em 19 de novembro passado.

Dois inquéritos militares investigam as mortes-- registradas em uma área de grande atividade insurgente. Autoridades militares e líderes do Congresso suspeitam que no episódio em Haditha --ocorrido em 19 de novembro-- os civis foram mortos pelos marines sem qualquer justificativa.

Sobreviventes relataram que homens, mulheres e crianças foram alvejados na cabeça e no peito a uma curta distância. O governo iraquiano prometeu realizar uma investigação própria.

Em Bagdá, autoridades exigiram um pedido de desculpas e uma explicação dos EUA a respeito.

"Nós condenamos este crime e exigimos que as forças de coalizão apresentem uma razão para este massacre", afirmou Salam al Zubaie, um dos principais líderes sunitas do novo governo.

"Farsa"

Nesta quinta-feira, o jornal americano "The Washington Post" informou que um inquérito militar dos EUA sobre a atuação dos marines irá concluir que alguns oficiais prestaram falsas informações aos seus superiores, que falharam ao verificar os dados.

Segundo o jornal, a investigação de três meses de duração também deve pedir mudanças no modo com que que as tropas americanas são treinadas para operações no Iraque.

De acordo com o "Post", o Exército admitiu que houve "erros", mas se recusou a dizer se isso seria um "acobertamento" do episódio. Segundo o jornal, um relatório final sobre o inquérito deve ser entregue à cúpula do Exército até o final desta semana.

Antes mesmo da entrega do relatório final, o general George W. Casey, principal comandante dos EUA no Iraque, ordenou que todas as tropas americanas e aliadas sejam submetidas a novos "valores básicos" nos treinamentos.

O presidente americano, George W.Bush, comentou hoje a polêmica pela segunda vez.
"É claro que as denúncias são muito preocupantes para mim, para o nosso Exército e para a corporação dos marines", afirmou Bush nesta sexta-feira. Na quarta-feira (1), Bush prometeu punir os culpados caso eles tenham "violado a lei".

Vídeo

Os Estados Unidos também investigam a morte de outros 11 civis em Ishaqi, cerca de 100 quilômetros ao norte de Bagdá, no dia 15 de março, para determinar se eles foram assassinados de forma deliberada por soldados americanos.

A rede britânica BBC divulgou hoje um vídeo que questiona o relatório sobre o incidente. Em março, os EUA haviam informado a morte de quatro pessoas em uma operação em Ishaqi, mas a polícia iraquiana afirmou que foram 11 as vítimas.

Segundo as autoridades dos EUA, houve um tiroteio em uma casa após informações sobre a suposta presença de um colaborador da rede terrorista Al Qaeda. De acordo com a versão americana, a construção desabou, o que causou a morte de quatro pessoas.

No entanto, a polícia iraquiana acusou as forças dos EUA de atirar deliberadamente nas 11 pessoas --entre elas cinco crianças e quatro mulheres, antes de explodir a casa.

O vídeo da BBC mostra vários mortos, adultos e crianças, com aparentes marcas de tiros.

Com agências internacionais

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