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05/06/2006 - 16h21

Ex-presidente Alan García vence eleição peruana

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da Folha Online

O candidato social-democrata e ex-presidente peruano Alan García, 57, saiu vitorioso do segundo turno das eleições presidenciais do Peru, batendo o nacionalista Ollanta Humala 16 anos depois de o seu primeiro mandato ter terminado em meio à crise econômica e à violência rebelde, segundo dados divulgados nesta segunda-feira pelo Escritório Nacional de Processos Eleitorais.

Com 91% dos votos apurados, García obteve 53,5%, contra 46,5% de Humala. O candidato do Partido Aprista Peruano (Apra) recebeu o voto de 6.518.446 peruanos, enquanto que seu adversário da União pelo Peru (UPP) obteve o apoio de 5.658.939 eleitores.

García vencia em apenas dez dos 24 Departamentos do país --os mais povoados-- e obteve a maioria dos votos em Lima, onde vive um terço dos eleitores. O ex-comandante Humala ganhava em 14 Departamentos do sul andino e da selva peruana, as áreas mais pobres e menos povoadas do Peru.

Antes mesmo dos resultados oficiais, García já havia se proclamado como o vitorioso num discurso frente a milhares de partidários em Lima na noite de domingo. O ex-presidente voltará ao poder após governar o Peru entre 1985 e 1990, período em que lançou o país numa grave crise econômica. O novo governo tomará posse em 28 de julho e deve cumprir um mandato de cinco anos.

Em seu discurso aos militantes, García afirmou que "hoje [ontem] o país deu uma mensagem de independência nacional e de soberania ano ao derrotar o esforço do senhor Hugo Chávez [presidente da Venezuela] de incorporarmos sua estratégia de expansão do modelo militarista e retrógrado que pretendeu implantar na América do Sul".

E acrescentou: "deve se entender que hoje [ontem] o Peru disse não a tudo que represente penetração ou ingerência internacional e fico feliz que o eleitorado tenha sido contundente ao rechaçar a intenção de dominação que essas eleições indicavam".

Humala, 43, recebeu o apoio aberto do presidente venezuelano, Hugo Chávez, durante a campanha eleitoral, uma interferência política que provocou reclamações por parte de muitos peruanos, que alegavam que a influência de Chávez seria "nociva" para a democracia do Peru.

Derrota de Chávez

O chanceler da Venezuela, Alí Rodriguez, criticou as declarações dadas por García após o pleito. Para o ministro das Relações Exteriores do governo Chávez, "é muito lamentável que o senhor Alan García, logo nas primeiras declarações que tenha feito, fale dessa forma sobre a Venezuela".

Durante a campanha, o líder venezuelano chamou García de "ladrão" e "bandido". O ex-presidente, por sua vez, respondeu que Chávez era um "sem-vergonha".

"Não entendemos qual é o propósito dessa insistência de atirar pedras contra a vidraça venezuelana e a pretensão de que não haja resposta a esse continuo ataque, que se profere pela boca de pessoas que deveriam buscar uma melhor relação com seus países irmãos", ressaltou Rodriguez, em Washington, onde participará de uma reunião da OEA.

Enquanto analistas de Peru, Venezuela e o próprio García consideram Chávez como o maior derrotado das eleições peruanas, em razão de seu apoio declarado a Humala, o vice-chanceler venezuelano, Pavel Rondon, não concordou com essa interpretação dos atos.

"Chávez não foi derrotado, nós não participamos na campanha", disse Rondon em declarações à imprensa.

Segundo o vice-chanceler, "houve uma campanha permanente contra o presidente da Venezuela, e creio que isto se refletiu à noite, uma vez mais na forma tão pouco digna de um mandatário, um presidente, um candidato eleito". "Creio que ele [García] introduziu esse clima na campanha."

Maioria parlamentar

Humala, um tenente-coronel da reserva, destacou que o projeto nacionalista conquistou uma histórica vitória social e política no processo eleitoral. "Somos a maior força parlamentar e vencemos na maioria dos Departamentos do Peru", disse.

No Congresso, de 120 parlamentares, o partido de Humala obteve 45 cadeiras, contra 36 do Apra, enquanto que a aliança conservadora Unidade Nacional obteve 17 assentos e a Aliança pelo Futuro, do ex-presidente Alberto Fujimori, elegeu 13 legisladores, segundo dados parciais da apuração.

Nenhuma força política possui maioria no Parlamento, razão pela qual os analistas políticos consideram que o novo presidente terá que fazer alianças no Congresso.

Enrique Bernales, analista político, recomendou a García que tenha laços de entendimento com Humala para atender às necessidades dos Departamentos mais pobres do sul do país, onde o candidato nacionalista venceu.

"Em nosso país existe uma agenda concreta, que é como resolver a pobreza existente nas regiões andinas do sul do país, que agora apóiam o candidato do UPP. Isso deve ser uma prioridade, porque, se não atendermos suas exigências, não haverá paz social no país", afirmou Bernales.

A ex-candidata presidencial da Unidade Nacional, Lourdes Flores Nano, afirmou que está disposta a colaborar com idéias positivas por meio de uma oposição construtiva.

Ela informou que o dever das forças políticas que não estão no governo é atuar com um "espírito positivo e fiscalizador", vigilantes da condução econômica do país.

Com agências internacionais

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