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08/06/2006 - 15h09

Morte de líder mostra divisão da Al Qaeda, diz especialista

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DANIELA LORETO
da Folha Online

A morte no Iraque do terrorista jordaniano Abu Musab al Zarqawi --homem mais procurado pelos EUA naquele país, e por quem o Pentágono oferecia US$ 25 milhões--, mostra divisão dentro da rede terrorista Al Qaeda, segundo Ely Karmon, 60, pesquisador-chefe do Instituto de Contraterrorismo de Herzlia, em Israel.

Divulgação
O professor Ely Karmon, que descarta haver substituto imediato para o líder Al Zarqawi
"A morte dele é muito importante, já que ele era o único líder visível da Al Qaeda no Iraque e tinha sucesso em sua atividade terrorista", afirmou Karmon em entrevista à Folha Online, por telefone, de Herzlia, ao norte de Tel Aviv.

"Provavelmente, ele foi traído, o que mostra que a organização está dividida", acrescenta.

Segundo o especialista, Al Zarqawi era muito criticado por outros integrantes da Al Qaeda no Iraque por realizar ataques "indiscriminados no país", principalmente contra xiitas.

Em seu último vídeo, segundo Karmon, ele se apresenta como o maior líder da Al Qaeda e Osama bin Laden surge apenas como um "líder virtual". "No vídeo, ele aparece cercado de armas. Foi uma demonstração de força e uma maneira de mostrar que não aceita críticas", diz o especialista.

De acordo com o professor, Al Zarqawi exercia liderança não apenas no Iraque como também na Jordânia, em Israel e na faixa de Gaza. "Em Gaza, muitos jovens utilizam chapéus pretos similares ao que era usado por Al Zarqawi. Ele se tornou um ídolo, por isso, sua morte é muito importante também no aspeto moral e psicológico", afirma.

Sucessor

Karmon diz que o líder terrorista era "mais importante que Bin Laden" na Al Qaeda e que, neste momento, não existe um possível sucessor de sua liderança na organização.

"Não há outros líderes que tenham a mesma força que ele. Isso não quer dizer que ele não terá um sucessor, há casos de líderes mortos que são substituídos, mas, no momento, não existe nenhum."

O especialista lembra que a Al Qaeda não está sozinha no Iraque, onde, segundo ele, existem ao menos outras 12 organizações terroristas de grande porte. "Há outros grupos, mas ninguém pode se comparar a Al Zarqawi", afirma.

O professor descarta a possibilidade de Bin Laden voltar a ganhar evidência após a morte de Al Zarqawi. "Bin Laden quase não aparece, ele ficou um ano e meio sem aparecer em vídeo. [O médico egípcio] Ayman Al Zawahiri, que é considerado seu "braço direito", aparece mais do que ele", diz.

Segundo Karmon, caso haja um sucessor, será alguém desconhecido, um nome novo, mas que teria de ser "aprovado" por Bin Laden.

Menos capacidade

De acordo com o especialista, a morte do líder terrorista não aumenta o risco de novos ataques contra os Estados Unidos, como o de 11 de Setembro de 2001.

"Com ou sem Al Zarqawi, ataques podem acontecer a qualquer momento", diz Karmon. O professor lembra, no entanto, que há dois anos Bin Laden ameaçou realizar um novo grande ataque nos EUA. "No entanto, a ameaça não se concretizou, o que mostra que, neste momento, embora queira realizar novos atentados, a Al Qaeda não tem capacidade para tal", diz.

Segundo o professor, a morte de Al Zarqawi deve afetar o recrutamento de suicidas.

"Ele recrutava terroristas em vários países e na Europa. Isso deve diminuir com sua morte", afirma.

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