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14/06/2006 - 19h14

Governo do Iraque lança operação contra violência em Bagdá

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da Folha Online

Forças do governo iraquiano se espalharam por Bagdá nesta quarta-feira, montando postos de controle e causando imensos congestionamentos no primeiro dia da primeira grande operação de segurança na capital iraquiana desde que o ex-ditador Saddam Hussein foi derrubado em 2003.

A violência foi reduzida drasticamente, com a morte de quatro pessoas na explosão de apenas um carro-bomba, que deixou também seis feridos. Outras quatro pessoas perderam a vida em tiroteios separados ao longo do território iraquiano.

A ação, que envolve dezenas de milhares de tropas do Exército iraquiano e forças da polícia apoiadas por soldados americanos, teve início em um momento crucial. Nesta terça-feira o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, fez uma visita de surpresa a Bagdá para reafirmar o apoio de Washington ao novo governo, uma semana após a morte do líder da Al Qaeda no país, Abu Musab al Zarqawi.

O primeiro-ministro Nouri al Maliki pediu aos iraquianos que tenham "paciência" com as medidas de segurança e prometeu que as forças do Iraque terão "respeito" pelos direitos humanos. "Nós iremos atacar apenas as áreas dominadas por terroristas", afirmou o premiê em uma coletiva de imprensa.

Embora o governo iraquiano não tenha informado oficialmente o número de soldados dispostos até o momento na ofensiva, a TV pública afirmou que participarão 40 mil militares --dos Exércitos dos EUA e do Iraque, bem como das tropas do Ministério do Interior.

Autoridades da segurança iraquiana haviam informado anteriormente que até 70 mil homens seriam utilizados na ação. Já o presidente americano disse hoje que um contingente de mais de 50 mil militares está em operação na ofensiva em Bagdá.

Segundo o general Mahdi al Gharrawi, comandante das tropas do Ministério do Interior, as forças não têm encontrado resistências nas ruas. "As pessoas se sentem confortáveis com as medidas de segurança e até acenam para nós", disse Al Gharrawi. "Até agora, não houve confrontos nem fomos recebidos com hostilidade ou com disparos em nenhum local".

O Exército iraquiano realizou uma operação similar em maio de 2005, batizada de Operação Relâmpago, durante a qual mais de 40 mil policiais e soldados iraquianos, apoiados por soldados e helicópteros americanos, foram às ruas.

Policiais e soldados iraquianos, além de membros das forças de coalizão, foram destacados para vigiar a cidade de mais de seis milhões de habitantes, vasculhando carros em ruas e estradas que levam à capital, estabelecendo postos de controle, realizando operações em supostos esconderijos de insurgentes e ataques aéreos. Um toque de recolher e uma proibição do porte de armas também estarão em vigor.

Postos de controle montados no centro da capital causaram congestionamento em algumas áreas, embora um número menor de carros circulasse pelas ruas.

Consulado

Apesar do forte esquema de segurança, ao menos um carro-bomba explodiu em Bagdá nesta quarta-feira, matando quatro pessoas e ferindo outras seis. A explosão aconteceu no bairro de Qahira, ao norte da capital.

Em Mansur, outro bairro do oeste de Bagdá, uma bomba caseira explodiu na passagem de uma patrulha da polícia perto de uma universidade. Não houve registro de vítimas.

Uma multidão atacou o Consulado do Irã em Basra nesta quarta-feira, ateando fogo à recepção do prédio, segundo imagens exibidas pela televisão.

Centenas de manifestantes protestaram em frente ao consulado, cantando slogans contra uma rede de TV a satélite iraniana, acusando-a de insultar um clérigo xiita no Iraque.

Os manifestantes exigiam que o governo iraniano pedisse desculpas aos moradores da região --predominantemente xiitas.

Fumaça foi vista saindo do prédio do consulado na segunda maior cidade iraquiano, que é patrulhada por forças britânicas.

Segundo um porta-voz do Exército britânico, foram recebidos relatos das equipes de emergência de que manifestantes "teriam entrado" no prédio e ateado fogo a pneus dentro do local. Não houve relato de vítimas.

Apoio

A gigantesca operação para tentar reforçar a segurança em Bagdá com um efetivo de 56 mil homens foi anunciada nesta quarta-feira pelo presidente George W. Bush, que exortou os líderes mundiais a apoiarem o novo governo iraquiano.

Reuters
Presidente George W. Bush (à dir.) durante entrevista coletiva na Casa Branca hoje
A campanha conta com 26 mil soldados iraquianos, 23 mil agentes da polícia do Iraque e 7.200 soldados das forças de ocupação, com o objetivo de "restaurar a segurança e a lei em áreas de alto risco da capital", disse Bush numa entrevista coletiva na Casa Branca, depois de sua visita surpresa de terça-feira a Bagdá.

O toque de recolher foi reforçado e há uma estrita proibição de porte de armas, indicou Bush.

Os policiais e os soldados realizavam controles de identidade e registravam os veículos. Mas os controles não são sistemáticos e não incluem o transporte público nem os automóveis que transportam mulheres e crianças.

"Bagdá é uma cidade com mais de 6,5 milhões de habitantes, e temos que reconhecer que levará tempo para que estas operações atinjam seus objetivos", reconheceu Bush.

O presidente americano disse que pressionará os líderes políticos da Europa, Ásia e Oriente Médio para que apoiem o novo governo iraquiano do primeiro-ministro Nouri al Maliki, com quem se encontrou pela primeira vez na terça-feira em Bagdá, em sua segunda viagem ao Iraque depois da invasão do país pelos Estados Unidos em março de 2003.

Bush advertiu que, dos cerca de US$ 13 bilhões aprovados na conferência de doadores de Madri, apenas US$ 3 bilhões chegaram ao Iraque. O presidente americano exortou aqueles que se comprometeram com essas doações a enviá-las.

"A política do governo dos Estados Unidos é apoiar este novo governo e ajudá-lo a ter êxito, e faremos o que for preciso para isso", indicou Bush.

As medidas de segurança em Bagdá foram reforçadas depois das novas ameaças da Al Qaeda no Iraque, que prometeu vingar a morte de seu líder Abu Musab al Zarqawi, morto no dia 7 de junho num bombardeio americano no norte de Bagdá.

Numa entrevista coletiva em Bagdá, Al Maliki exortou "todas as forças políticas e todos os participantes do processo político a expressarem seu apoio" ao plano de segurança do governo iraquiano. "O único objetivo destas medidas é proteger a vida das pessoas", disse.

O governante iraquiano afirmou que é possível dialogar com os rebeldes que aceitarem se somar ao processo político.

"A iniciativa de reconciliação nacional inclui a possibilidade de manter um diálogo com os rebeldes que se opuseram ao processo e querem se unir a ele com garantias" políticas, declarou Al Maliki. "Mas ficam excluídos aqueles que têm sangue nas mãos", disse Maliki.

O presidente do Iraque, Jalal Talabani, informou no domingo que está perto de um acordo com os grupos armados com os quais vem negociando há algum tempo.

Com agências internacionais

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