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21/07/2006
-
16h28
DANIELA LORETO
da Folha Online
Além de deslocar milhares de moradores no Líbano e afetar grande parte da infra-estrutura daquele país, os confrontos entre Israel e o grupo terrorista Hizbollah também afeta moradores de Israel. Com medo dos foguetes do Hizbollah, o brasileiro Sérgio Fridman, 42, saiu de sua casa, temporariamente, e se mudou para a empresa em que trabalha.
Nascido no Brasil, Fridman mora em Israel há 17 anos, onde trabalha em uma companhia de eletricidade em Safed e mora na região de Karmiel, no norte de Israel, com a mulher e o filho.
Após o início dos confrontos, o brasileiro e sua família tiveram que deixar sua casa no norte do país e se hospedar na casa os sogros, no centro de Israel.
A ofensiva israelense teve início em 12 de julho, após o seqüestro de dois soldados de Israel, reivindicado pelo grupo Hizbollah. Ao menos 380 pessoas morreram no Líbano e outras 35 em Israel devido aos confrontos.
Fridman também foi obrigado a se afastar do trabalho após o agravamento da crise entre Israel e o Hizbollah. No entanto, o brasileiro quer retomar a rotina o quanto antes.
"Quero voltar a trabalhar na semana que vem e compensar o tempo que estive fora. Não quero que a guerra interfira no meu trabalho, nem na minha vida", disse à Folha Online, por telefone.
Ouça relato de Sérgio Fridman
Bunker
Para solucionar o problema, Fridman ficará morando na empresa. "Vou levar o que preciso para o trabalho e dormir no bunker da empresa. Não sei quando voltarei para casa", diz.
Ele conta que, em 13 de julho --dia seguinte ao início dos ataques de Israel-- estava no trabalho, em Safed, e pode ouvir os cinco foguetes do Hizbollah que atingiram a cidade neste dia. "Pude ouvir o barulho, e ouvi dizer que houve muitos feridos. Foi assustador".
Apesar do medo, o brasileiro diz que se sente relativamente seguro, já que, em sua opinião, Israel está preparado para um conflito. "Embora seja um país pequeno, Israel é um país militarmente forte e está preparado para uma guerra".
Fridman culpa o terrorismo pela atual crise. "É uma pena ver um grupo terrorista como o Hizbollah dominar um país inteiro, como o Líbano. O que está acontecendo é o preço a ser pago porque o terrorismo, que é um grande problema, não vem sendo enfrentado", afirma.
Rotina
Outro brasileiro, Marcelo Mitelman, 43, que vive em Israel desde 1984, tenta manter a rotina diária apesar da crise causada pelos confrontos entre Israel e o Hizbollah, no sul do Líbano, e acirramento do conflito entre israelenses e palestinos, na faixa de Gaza.
Israel lançou uma ofensiva em Gaza em 28 de junho, três dias depois do seqüestro do soldado Gilad Shalit, 19, reivindicado por três grupos terroristas palestinos. Cem pessoas já morreram na ação.
"Meu dia-a-dia mudou pouco", disse Mitelman à Folha Online, por telefone. Ele trabalha como administrador de redes de computação da prefeitura de Tel Aviv e mora no kibutz Bror-Shail, perto de Gaza. "Estou mais próximo de Gaza, mas acompanho a situação no Líbano.
Ouça relato de Marcelo Mitelman
Segundo Mitelman, apesar do esforço para manter a rotina, é difícil ficar alheio ao que acontece ao redor. "Há dois dias, um míssil do Hamas [grupo terrorista palestino e partido político eleito democraticamente] caiu a cerca de 2 km do local onde moro", conta.
Medo
A Prefeitura de Tel Aviv também é um alvo visado, diz. "Tenho que ficar em alerta para a ocorrência de ataques, porque a rede de computação, que é a área que administro, é fundamental, caso haja necessidade de prestar atendimento a vítimas."
Ele afirma que o agravamento da crise o assusta, mas que não pretende deixar a região. "Fico com medo, mas, infelizmente, essa é a realidade do Oriente Médio. A mentalidade dos países daqui não é igual à ocidental, não se acredita na democracia, mas no uso da força", afirma.
O brasileiro diz, no entanto, crer em uma solução para o conflito. "A crise vai se resolver. Não será uma questão de um ano, nem de dez, mas vai se resolver", afirma.
Escola
Mitelman vive em Israel com a mulher e três filhos, de 18, 13 e 8. Segundo ele, em junho, mísseis caíram sobre a escola em que estudam seus filhos. "Meu filho desceu do ônibus escolar e, ao ouvir o apito do míssil, correu para dentro do prédio. Pouco depois, um míssil atingiu a estação de ônibus, e outro caiu no pátio pelo qual ele passou. Foi questão de segundos".
Ele conta que as férias dos filhos foram adiantadas em duas semanas, devido ao agravamento da crise na região. "A escola achou mais seguro suspender as aulas", diz.
A sobrinha e a cunhada de Mitelman, que moram no norte de Israel, tiveram que sair da região por causa do conflito, e estão na casa de parentes no centro de Israel.
"Toda a população civil que permaneceu no norte está em abrigos antiaéreos", diz. "Quem está fora são apenas policiais, bombeiros, pessoas que precisam prestar atendimento", afirma.
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Com medo, brasileiro em Israel sai de casa e vai morar em empresa
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Além de deslocar milhares de moradores no Líbano e afetar grande parte da infra-estrutura daquele país, os confrontos entre Israel e o grupo terrorista Hizbollah também afeta moradores de Israel. Com medo dos foguetes do Hizbollah, o brasileiro Sérgio Fridman, 42, saiu de sua casa, temporariamente, e se mudou para a empresa em que trabalha.
Nascido no Brasil, Fridman mora em Israel há 17 anos, onde trabalha em uma companhia de eletricidade em Safed e mora na região de Karmiel, no norte de Israel, com a mulher e o filho.
Após o início dos confrontos, o brasileiro e sua família tiveram que deixar sua casa no norte do país e se hospedar na casa os sogros, no centro de Israel.
A ofensiva israelense teve início em 12 de julho, após o seqüestro de dois soldados de Israel, reivindicado pelo grupo Hizbollah. Ao menos 380 pessoas morreram no Líbano e outras 35 em Israel devido aos confrontos.
Fridman também foi obrigado a se afastar do trabalho após o agravamento da crise entre Israel e o Hizbollah. No entanto, o brasileiro quer retomar a rotina o quanto antes.
"Quero voltar a trabalhar na semana que vem e compensar o tempo que estive fora. Não quero que a guerra interfira no meu trabalho, nem na minha vida", disse à Folha Online, por telefone.
Ouça relato de Sérgio Fridman
Bunker
Para solucionar o problema, Fridman ficará morando na empresa. "Vou levar o que preciso para o trabalho e dormir no bunker da empresa. Não sei quando voltarei para casa", diz.
Ele conta que, em 13 de julho --dia seguinte ao início dos ataques de Israel-- estava no trabalho, em Safed, e pode ouvir os cinco foguetes do Hizbollah que atingiram a cidade neste dia. "Pude ouvir o barulho, e ouvi dizer que houve muitos feridos. Foi assustador".
Apesar do medo, o brasileiro diz que se sente relativamente seguro, já que, em sua opinião, Israel está preparado para um conflito. "Embora seja um país pequeno, Israel é um país militarmente forte e está preparado para uma guerra".
Fridman culpa o terrorismo pela atual crise. "É uma pena ver um grupo terrorista como o Hizbollah dominar um país inteiro, como o Líbano. O que está acontecendo é o preço a ser pago porque o terrorismo, que é um grande problema, não vem sendo enfrentado", afirma.
Rotina
Outro brasileiro, Marcelo Mitelman, 43, que vive em Israel desde 1984, tenta manter a rotina diária apesar da crise causada pelos confrontos entre Israel e o Hizbollah, no sul do Líbano, e acirramento do conflito entre israelenses e palestinos, na faixa de Gaza.
Israel lançou uma ofensiva em Gaza em 28 de junho, três dias depois do seqüestro do soldado Gilad Shalit, 19, reivindicado por três grupos terroristas palestinos. Cem pessoas já morreram na ação.
"Meu dia-a-dia mudou pouco", disse Mitelman à Folha Online, por telefone. Ele trabalha como administrador de redes de computação da prefeitura de Tel Aviv e mora no kibutz Bror-Shail, perto de Gaza. "Estou mais próximo de Gaza, mas acompanho a situação no Líbano.
Ouça relato de Marcelo Mitelman
Segundo Mitelman, apesar do esforço para manter a rotina, é difícil ficar alheio ao que acontece ao redor. "Há dois dias, um míssil do Hamas [grupo terrorista palestino e partido político eleito democraticamente] caiu a cerca de 2 km do local onde moro", conta.
Medo
A Prefeitura de Tel Aviv também é um alvo visado, diz. "Tenho que ficar em alerta para a ocorrência de ataques, porque a rede de computação, que é a área que administro, é fundamental, caso haja necessidade de prestar atendimento a vítimas."
Ele afirma que o agravamento da crise o assusta, mas que não pretende deixar a região. "Fico com medo, mas, infelizmente, essa é a realidade do Oriente Médio. A mentalidade dos países daqui não é igual à ocidental, não se acredita na democracia, mas no uso da força", afirma.
O brasileiro diz, no entanto, crer em uma solução para o conflito. "A crise vai se resolver. Não será uma questão de um ano, nem de dez, mas vai se resolver", afirma.
Escola
Mitelman vive em Israel com a mulher e três filhos, de 18, 13 e 8. Segundo ele, em junho, mísseis caíram sobre a escola em que estudam seus filhos. "Meu filho desceu do ônibus escolar e, ao ouvir o apito do míssil, correu para dentro do prédio. Pouco depois, um míssil atingiu a estação de ônibus, e outro caiu no pátio pelo qual ele passou. Foi questão de segundos".
Ele conta que as férias dos filhos foram adiantadas em duas semanas, devido ao agravamento da crise na região. "A escola achou mais seguro suspender as aulas", diz.
A sobrinha e a cunhada de Mitelman, que moram no norte de Israel, tiveram que sair da região por causa do conflito, e estão na casa de parentes no centro de Israel.
"Toda a população civil que permaneceu no norte está em abrigos antiaéreos", diz. "Quem está fora são apenas policiais, bombeiros, pessoas que precisam prestar atendimento", afirma.
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