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29/07/2006 - 20h56

"Verdadeiro alvo dos EUA é o Irã na crise atual", dizem analistas

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PIEDAD VIÑAS
da Efe, em Washington

O verdadeiro alvo da ofensiva israelense no Líbano e do silêncio da Casa Branca não é apenas o Hizbollah, mas também o Irã, segundo analistas políticos. Eles dizem que os Estados Unidos buscam "cortar as asas" de Teerã.

O governo do presidente George W. Bush se cala e não pede um cessar-fogo imediato porque na realidade "simpatiza com o objetivo israelense de destruir o Hizbollah e quer dar tempo para que isso seja alcançado", disse hoje Robert Dreyfuss, analista político do centro de estudos liberal "Institute for Public Accuracy".

Dessa forma, dá um passo a mais para sua verdadeira meta, que prevê que todos os olhares estejam voltados para o Irã como "o cérebro de tudo o que está acontecendo", assegurou Dreyfuss.

Bush e os peso-pesados de seu governo não fazem mais que repetir que uma solução para crise atual passa por cortar a raiz do problema no sentido de garantir definitivamente uma paz duradoura na região.

Para os analistas, a raiz do problema, segundo o presidente e seu governo é o Irã, um dos integrantes do chamado "eixo do mal", como o próprio Bush batizou. O país asiático também preocupa por suas ambições nucleares, e por isso o líder americano considera seu desarmamento uma tentativa de recuperar peso no Oriente Médio.

Trita Parsi, presidente do Conselho Nacional Iraniano-Americano, entidade não partidária com sede em Washington que promove as relações entre os dois países, também está convencido de que Israel e os EUA estão totalmente de mãos dadas neste conflito, contra seus inimigos em comum, liderados pelos "devaneios" do Irã.

A "exagerada resposta israelense" aos guerrilheiros libaneses do Hizbollah pode ser uma clara mensagem aos países árabes da região para que não tirem proveito das dificuldades americanas no Iraque. Parsi alertou para o fato de que os inimigos de Israel podem ficar tentados a testar sua força e sua influência e que, como conseqüência, dêem início a uma guerra em toda a região.

Outros analistas coincidem em afirmar que o apoio velado de Washington ao governo israelense responde a uma estratégia eleitoreira, dirigida a recuperar apoios dos neoconservadores que defendem a eliminação das tiranias, se preciso recorrendo à força, e sem levar em consideração grande parte da opinião pública.

Segundo Dreyfuss, muitos dos neoconservadores --considerados os artífices da guerra global contra o terrorismo iniciada por Bush e da invasão ao Iraque--, poderiam estar decepcionados com o que consideram muita paciência do governo na polêmica nuclear com o Irã.

Muitos deles, acrescentou, consideram que está em perigo o projeto que os EUA iniciaram após os atentados de 11 de Setembro para reorganizar o Oriente Médio e vêem a ofensiva israelense como a chance perfeita para que as vias diplomáticas sejam desprezadas.

Para alguns, a mão do Irã está, em maior ou menor medida, por trás de tudo o que tem acontecido na região. Uma das razões que levam os especialistas a esse pensamento diz respeito ao fato de que o estopim da crise, que foi a captura de dois soldados israelenses por parte do Hizbollah, aconteceu no mesmo dia em que o Conselho de Segurança das Nações Unidas abordaria o caso envolvendo as ambições nucleares iranianas.

Martin Indyk, da "Brookings Institution", explicou que, ao levar em conta que a milícia libanesa goza do status de organização terrorista em Washington e conta com o apoio do Irã e da Síria, os "EUA não podem permitir que o Hizbollah saia vitorioso do confronto".

Outro especialista em Oriente Médio, e concretamente em assuntos do Líbano, Mark Perry, assegurou, em um fórum organizado pelo centro de estudos "Middle East Institute", que o que ninguém questiona é que Teerã é quem proporciona as armas ao Hizbollah.

Mas é "um erro", acrescentou, acreditar que as autoridades iranianas têm que aprovar previamente tudo o que a milícia libanesa faz. Existe uma relação de amizade, "mas o Hisbolá dita suas próprias políticas", segundo Perry, que ressaltou que não há prova alguma que indique que o Irã ordenasse a captura de israelenses.

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