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30/07/2006 - 11h41

Israel mata mais de 30 crianças; Hizbollah promete revidar "massacre"

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da Folha Online

Pelo menos 56 pessoas morreram nos bombardeios de Israel contra o vilarejo de Qana, sul do Líbano, na madrugada deste domingo. Dentre as vítimas, 37 eram crianças, segundo fontes da polícia libanesa e das equipes de resgate ouvidas pelas agências internacionais de notícias.

Um prédio de três andares situado em uma colina de Qana, o qual servia de abrigo a famílias que haviam fugido de outras cidades do sul do Líbano bombardeadas nos últimos dias pelo Exército israelense, desabou. De acordo com um sobrevivente, 63 pessoas estavam no edifício no momento do ataque.

"Havia poeira por todas as partes. Não se via nada. Consegui sair e tudo desabou. Vários membros da minha família estavam lá dentro e não acredito que existam sobreviventes", afirmou Ibrahim Chalhoub.

"Consegui sair com meu filho e meu marido, que fraturou um joelho, mas quando voltei para tentar retirar minha filha era muito tarde: o edifício desabou", contou, desconsolada, Rabab.

"Não quero que me perguntem sobre números. Todos sabem que servimos de cobaias para as armas deles, as bombas de implosão. É a única coisa que se vê", declarou, entre lágrimas, Naim Rakka, um dos coordenadores da equipe de emergência da Defesa Civil libanesa, com os corpos de duas crianças nos braços.

Esse foi o ataque mais sangrento de Israel ao Líbano desde que começou o combate, em 12 de julho. O estopim do conflito foi o seqüestro de dois soldados israelenses levado a cabo pelo grupo terrorista libanês Hizbollah. A violência já deixou cerca de 490 mortos no Líbano, entre eles mais de 430 civis, 20 soldados libaneses e 35 terroristas, e mais de 52 mortos em Israel, sendo 19 civis. Entre os mortos no Líbano, há sete cidadãos brasileiros, dos quais três crianças.

Israel e Líbano

O ministério israelense das Relações Exteriores lamentou a morte dos civis. "Israel lamenta a morte de inocentes. Não queremos que civis sejam afetados pela guerra entre Israel e o Hizbollah", declarou o porta-voz do ministério, Mark Reguev. "Israel faz todo o possível para evitar essa situação e fez muitos pedidos aos civis para que abandonassem a zona de combate."

O primeiro-ministro do país, Ehud Olmert, disse que o vilarejo servia de esconderijo para o grupo terrorista islâmico Hizbollah e que era uma base para o lançamento de foguetes contra Israel. "Todos os habitantes da região foram avisados e convidados a partir", afirmou.

Ele rejeitou a idéia de uma trégua. "Apesar desse penoso incidente, não pedirei às forças de defesa que cessem o fogo ou que modifiquem suas operações. Continuaremos agindo sem hesitar contra o Hizbollah", disse.

O Hizbollah ameaçou revidar. "Esse massacre bárbaro, que representa uma mudança grave e perigosa no curso da guerra, pode levar a reações contra o mundo mudo e cúmplice, que deve assumir suas responsabilidades, porque esse massacre horrível, como outros, não permanecerá impune", disse o grupo em comunicado.

Pouco depois do ataque, o primeiro-ministro libanês, Fuad Siniora, descartou a possibilidade de qualquer negociação, pediu uma investigação internacional sobre o bombardeio e exigiu um cessar-fogo imediato e incondicional.

Manifestação

Milhares de manifestantes se reuniram no centro de Beirute para protestar contra o ataque. A chamada "Casa da ONU (Organização das Nações Unidas)" foi saqueada por um grupo de centenas de pessoas, que invadiu o edifício, arrancou portas, quebrou janelas e incendiou bandeiras da instituição. Uma funcionária da ONU, entrevistada por telefone, afirmou que os funcionários se esconderam no sótão do edifício.

Os manifestantes gritavam frases hostis à ONU e aos Estados Unidos. Quando o número de pessoas aumentou, o protesto se tornou mais pacífico.

Outros ataques

O ataque contra Qana, que durou aproximadamente duas horas, aconteceu no mesmo momento em que uma dezena de vilarejos da região de Tiro, quase todos ao sul da cidade costeira, também eram submetidos aos bombardeios da aviação, da marinha e da artilharia israelense.

As tropas de um corpo de elite terrestre israelense executaram uma operação perto de Taibeh, na área central da fronteira com o Líbano, e enfrentaram membros do Hizbollah.

Cinco membros da mesma família, incluindo duas crianças, morreram hoje em um ataque aéreo israelense que destruiu sua casa no vilarejo de Yarun, no sul do Líbano. "Muitos bombardeios foram registrados na localidade, e uma casa de dois andares desabou totalmente, soterrando a família Janafer, que nela vivia", informou a polícia local.

Com agências internacionais

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