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30/07/2006 - 17h25

Israel mata 37 crianças em bombardeio; Hizbollah intensifica ataques

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da Folha Online

Pelo menos 56 pessoas morreram nos bombardeios de Israel contra o vilarejo de Qana, sul do Líbano, na madrugada deste domingo, no 19ª dia de combates com o grupo terrorista libanês Hizbollah. Dentre as vítimas, 37 eram crianças e 16 eram mulheres, segundo fontes da polícia libanesa e das equipes de resgate ouvidas pelas agências internacionais de notícias.

O secretário geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Kofi Annan, convocou uma reunião de emergência para este domingo. "Estou profundamente consternado", afirmou Annan. Em discurso incomum, ele disse que a depredação, neste domingo, da sede da ONU em Beirute mostrou a falta de ação rápida e eficiente do órgão no conflito.

Um prédio de três andares situado em uma colina de Qana, o qual servia de abrigo a famílias que haviam fugido de outras cidades do sul do Líbano bombardeadas nos últimos dias pelo Exército israelense, desabou. De acordo com um sobrevivente, 63 pessoas estavam no edifício no momento do ataque.

"Consegui sair com meu filho e meu marido, que fraturou um joelho, mas quando voltei para tentar retirar minha filha era muito tarde: o edifício desabou", contou Rabab.

"Não quero que me perguntem sobre números. Todos sabem que servimos de cobaias para as armas deles, as bombas de implosão. É a única coisa que se vê", declarou, entre lágrimas, Naim Rakka, um dos coordenadores da equipe de emergência da Defesa Civil libanesa, com os corpos de duas crianças nos braços.

Esse foi o ataque mais sangrento de Israel ao Líbano desde que começou o combate, em 12 de julho. O estopim do conflito foi o seqüestro de dois soldados israelenses levado a cabo pelo grupo terrorista libanês Hizbollah. A violência já deixou cerca de 500 mortos no Líbano, entre eles mais de 450 civis, 20 soldados libaneses e 37 terroristas, e mais de 52 mortos em Israel, sendo 19 civis. Entre os mortos no Líbano, há sete cidadãos brasileiros, dos quais três crianças.

Resposta do Hizbollah

O Hizbollah, por sua vez, ameaçou revidar. "Esse massacre bárbaro, que representa uma mudança grave e perigosa no curso da guerra, pode levar a reações contra o mundo mudo e cúmplice, que deve assumir suas responsabilidades, porque esse massacre horrível, como outros, não permanecerá impune", disse o grupo em comunicado.

Pouco depois do ataque, o primeiro-ministro libanês, Fuad Siniora, descartou a possibilidade de qualquer negociação, pediu uma investigação internacional sobre o bombardeio e exigiu um cessar-fogo imediato e incondicional. Para ele, os bombardeios de Israel são "crimes contra a humanidade". Também foi desmarcado o encontro que ocorreria com a Secretária de Estado Americana, Condoleezza Rice, que está em Israel --ela volta aos EUA nesta segunda-feira.

Assim, neste domingo, o grupo intensificou os ataques contra Israel. Dezenas de foguetes foram lançados contra localidades no norte de Israel, atingindo áreas urbanas, inclusive vários edifícios públicos e uma escola infantil vazia. Os ataques feriram pelo menos quatro civis e levaram o pânico à região.

No sul do Líbano, perto da cidade de Adaisse, um míssil do Hizbollah atingiu um tanque israelense e feriu quatro soldados, os quais foram levados a Israel para tratamento. Assim, subiu para oito o número de soldados israelenses feridos em combate no sul do Líbano neste domingo.

Israel pede desculpas

O ministério israelense das Relações Exteriores lamentou a morte dos civis e afirmou que abrirá um inquérito. "Israel lamenta a morte de inocentes. Não queremos que civis sejam afetados pela guerra entre Israel e o Hizbollah", declarou o porta-voz do ministério, Mark Reguev. "Israel faz todo o possível para evitar essa situação e fez muitos pedidos aos civis para que abandonassem a zona de combate."

O primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, disse que o vilarejo servia de esconderijo para o grupo terrorista libanês Hizbollah e que era uma base para o lançamento de foguetes contra Israel. "Todos os habitantes da região foram avisados e convidados a partir. Eles eram escudos humanos", afirmou.

Olmert também rejeitou a idéia de uma trégua e declarou não haver prazo para o fim dos confrontos. "Apesar desse penoso incidente, não pedirei às forças de defesa que cessem o fogo ou que modifiquem suas operações. Continuaremos agindo sem hesitar contra o Hizbollah", disse.

Ehud Olmert disse à secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, que chegou ontem a Jerusalém, que precisaria de mais dez dias ou duas semanas para encerrar a ofensiva no Líbano, afirmou um oficial do governo israelense sob anonimato. Segundo o jornal israelense "Haaretz", o ministro da Defesa, Amir Peretz, disse que a operação não terminada antes de meados de agosto.

Após a reunião de domingo, Rice declarou que esperava para quarta-feira o início das conversas efetivas para um cessar-fogo de ambos os lados. O projeto inclui missões para os dois lados, como o desarmamento do Hizbollah e a liberação do território libanês.

Outros ataques

O ataque contra Qana, que durou aproximadamente duas horas, aconteceu no mesmo momento em que uma dezena de vilarejos da região de Tiro, quase todos ao sul da cidade costeira, também eram submetidos aos bombardeios da aviação, da marinha e da artilharia israelense.

As tropas de um corpo de elite terrestre israelense executaram uma operação perto de Taibeh, na área central da fronteira com o Líbano, e enfrentaram membros do Hizbollah. Cinco membros da mesma família, incluindo duas crianças, morreram hoje em um ataque aéreo israelense que destruiu sua casa no vilarejo de Yarun, no sul do Líbano.

Em Ad-Deize, os soldados israelenses encontraram grandes depósitos de armas e explosivos, assim como uma plataforma usada para lançar foguetes Katyusha, lança-granadas e fuzis para franco-atiradores.

O subcomandante do Comando do Norte de Israel, coronel Shuki Shajar, informou na cidade de Safed que, desde o início dos confrontos, há 19 dias, o Hizbollah disparou 1.700 foguetes e mísseis contra alvos civis.

Com agências internacionais

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