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11/08/2006 - 21h00

ONU aprova resolução pedindo fim dos combates no Líbano

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da Folha Online

O Conselho de Segurança (CS) da ONU aprovou por unanimidade nesta sexta-feira uma resolução que pede o fim dos confrontos entre Israel e o grupo terrorista libanês Hizbollah e a retirada das tropas israelenses do Líbano.

A resolução, que também autoriza o envio de 15 mil soldados de uma força de paz das Nações Unidas, foi aprovada depois de mais de quatro semanas de violência no Oriente Médio.

Esta aprovação pelo CS é a primeira ação significativa adotada pelo organismo para tentar pôr fim à guerra no Oriente Médio.

O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, afirmou que centenas de milhões de pessoas em todo o mundo compartilhavam da sua frustração pelo fato de o CS ter demorado tanto tempo para agir. A inércia do órgão máximo da ONU "abalou extremamente a confiança do mundo sobre sua autoridade e integridade", criticou Annan.

A resolução, adotada por 15 a 0, exige a "completa suspensão das hostilidades", determinando que o Hizbollah interrompa imediatamente todos os ataques e que Israel pare com "todas operações ofensivas".

Assim que os confrontos cheguem ao fim, Israel deve empreender uma retirada em etapas do Líbano, à medida que o Exército libanês e uma força de paz ampliada da ONU --com 15 mil soldados-- avancem na área sob o domínio do Hizbollah no sul do Líbano.

Cerca de mil libaneses e mais de 120 israelenses já morreram em meio à escalada entre Israel e o Hizbollah desde 12 de julho.

A resolução "abre caminho para uma paz durável", defendeu a secretária americana de Estado, Condoleezza Rice, em declarações no CS.

"Com a adoção desta resolução, a comunidade internacional ajuda a abrir um caminho durável para a paz entre o Líbano e Israel, a fim de encerrar os sofrimentos e violências deste último mês", disse Rice.

Durante sua intervenção no órgão da ONU, a secretária americana pediu ainda que Irã e Síria respeitem a soberania do Líbano.

"Pedimos a todos os Estados, especialmente Irã e Síria, que respeitem a soberania do governo libanês e a vontade da comunidade internacional", frisou.

Phillipe Douste-Blazy, ministro de Relações Exteriores da França --um dos países responsáveis pela iniciativa da resolução--, declarou que o documento cria as condições para uma solução a curto prazo, mas também uma paz duradoura, fundamental para o equilíbrio de toda a região.

"Eu gostaria que hoje fosse o primeiro dia para começar a conseguir uma paz duradoura em todo o Oriente Médio", afirmou Douste-Blazy.

Segundo o diplomata francês, é importante que realmente acabem as hostilidades e comece o posicionamento do Exército libanês, o que considerou um "marco histórico", porque é um elemento fundamental para restabelecer sua soberania e autoridade em todo o país.

O ministro de Relações Exteriores do Qatar, xeque Ahmed al Thani, ressaltou ter aceitado a resolução simplesmente porque "querem que acabe o banho de sangue no Líbano", embora tenha considerado que ela seja "desequilibrada".

Al Thani disse que o documento não aborda as conseqüências legais e humanitárias da destruição perpetrada por Israel nas últimas semanas, assim como outros aspectos, como a libertação dos detentos libaneses em prisões israelenses.

Apoio

O primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, aceitou os termos da resolução que prevê um cessar-fogo no Líbano, mas dará continuidade à ofensiva contra o grupo terrorista Hizbollah até que o gabinete israelense aprove a trégua, informaram nesta sexta-feira autoridades israelenses.

Olmert, o ministro da Defesa Amir Peretz e a ministra de Relações Exteriores Tzipi Livni concordaram com os pontos do projeto de resolução apresentado hoje no Conselho de Segurança (CS) da ONU, de acordo com fontes do governo citadas, sob a condição de anonimato, por agências de notícias.

Gideon Meir, alta autoridade da chancelaria israelense, declarou que Olmert vai discutir com seu gabinete os termos do acordo em sua próxima reunião, neste domingo (13).

Fontes do governo, no entanto, explicaram que a ação militar irá continuar até a votação no domingo.

Violência

Ataques aéreos israelenses atingiram o sul do Líbano e áreas na fronteira da Síria nesta sexta-feira, matando ao menos 20 pessoas em meio à intensificação da ofensiva terrestre de Israel no país árabe.

O Hizbollah anunciou hoje a morte de quatro membros do grupo terrorista libanês, sem especificar, no entanto, quando ou onde as mortes ocorreram.

Aviões dispararam duas vezes contra uma ponte movimentada em Abboudiyeh, na fronteira síria, matando ao menos 12 pessoas e ferindo outras 18, segundo fontes da segurança e médicas. O posto de controle na fronteira localiza-se a cerca de 15 km da costa do mar Mediterrâneo, no lado libanês.

Israel também atingiu outro ponto perto da fronteira síria, em Masnaa, no vale do Bekaa, a cerca de 50 km ao sudeste de Beirute, mas não houve registro de vítimas.

Masnaa, principal ponto de travessia entre o Líbano e a Síria, foi fechado depois de quatro ataques anteriores. Ele era a mais importante rota de fuga para centenas de estrangeiros e cidadãos libaneses foragidos do país em guerra.

Aviões israelenses também bombardearam três veículos perto da cidade de Baalbek (leste), matando ao menos uma pessoa e ferindo outras duas, de acordo com autoridades da segurança. Testemunhas afirmaram que os disparos contra os veículos foram certeiros.

Mísseis disparados a partir de aviões não tripulados mataram um homem em uma moto em uma estrada costeira no sul do país, entre Sidon e Tiro.

Os ataques aéreos também tiraram a vida de uma outra pessoa em um carro em Jbaa, na região central do sul do Líbano, disseram autoridades. Aviões também atingiram a vila de Harouf, ferindo sete pessoas, segundo autoridades.

Um ataque aéreo israelense contra um comboio com dezenas de veículos transportando refugiados em retirada da cidade libanesa de Marjayoun, no sul do Líbano, matou nesta sexta-feira ao menos cinco pessoas e feriu outras 16, segundo a polícia libanesa.

De acordo com a polícia, o comboio, que havia deixado Marjayoun no início do dia, foi alvo de nove disparos feitos por um avião não tripulado na estrada entre Jib Jannine e Kefraya, no leste do Líbano.

Cerca de 3.000 civis e 350 membros da segurança palestina haviam deixado a cidade no comboio, um dia após Israel anunciar ter tomado o controle de Marjayoun.

Tropas israelenses entregaram a forças das Nações Unidas três civis libaneses que haviam sido presos há três dias, informaram responsáveis libaneses. Eles foram posteriormente encaminhados para a polícia do Líbano.

O Hizbollah afirmou ter realizado uma nova série de disparos contra a cidade de Haifa, em resposta à ofensiva de Israel. Posteriormente, o grupo disse também ter lançado foguetes contra Kiryat Shemona, Nahariya, Avivim, Kfar Giladi, Margelot e Metulla, em represália 'aos contínuos ataques sionistas contra civis libaneses'.

O movimento xiita informou ter matado quatro soldados israelense em Qantara, a cerca de 8 km da fronteira israelense.

As Nações Unidas divulgaram um comunicado no Líbano explicando que um membro de origem francesa da sua força de paz foi levemente ferido nesta quinta-feira, ao ser atingido por um foguete Katyusha na cidade de Naqoura. O projétil alcançou a base da Unifil (Força Interina das Nações Unidas no Líbano) na cidade fronteiriça.

Israel atacou 130 alvos no Líbano e anunciou a morte de 20 membros do Hizbollah nas últimas 24 horas. O Hizbollah também lançou 15 foguetes contra Haifa, no norte de Israel, ferindo três civis.

Um dos projéteis era um míssil terra-terra sírio do tipo Khaibar, carregado com cerca de 90 quilos de explosivos, que caiu em um edifício residencial, causando graves danos, mas sem deixar vítimas. Os moradores do prédio tinham fugido anteriormente para outra região do país.

Fontes policiais disseram acreditar que um dos três mísseis que caíram no distrito de Haifa e em seus arredores também era do tipo Khaibar. Os projéteis causaram vários incêndios.

Além dos danos gerados pelos foguetes em edifícios, veículos estacionados na rua se incendiaram. O Comando da Defesa Civil reiterou hoje o pedido à população israelense para que se mantenha alerta.

Ontem, Israel assumiu o controle da cidade estratégica de Marjayoun --predominantemente cristã, e que fica a 8 km da fronteira--, que foi usada como base militar de Israel durante os 18 anos de ocupação do território libanês.

Durante a operação, houve intensos ataques de artilharia, com apoio aéreo, contra a cidade de Khiam e redondezas, onde haveria bases do Hizbollah. Além de Marjayoun, os israelenses também tomaram Qlaiah, e impuseram toque de recolher às duas cidades.

Com agências internacionais

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