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09/09/2006 - 15h50

Lixo tóxico deixa mais de 5.000 contaminados na Costa do Marfim

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da France Presse, em Abidjan

Mais de 5.000 pessoas foram intoxicadas e três morreram pelas emanações de produtos químicos descarregados de um navio estrangeiro e despejados no fim do mês de agosto em aterros sanitários públicos de Abidjan, na Costa do Marfim (oeste da África), informou neste sábado o Ministério da Saúde.

O último levantamento oficial, dado na quarta-feira (6), mencionava 1.500 pessoas intoxicadas e três mortos.

"Até ontem [sexta-feira], contamos mais de 5.000 pessoas nos centros de saúde" afetados por problemas ligados a esta poluição, afirmou à AFP o responsável pela comunicação do Ministério da Saúde, Simeon N'Da.

"O número de mortos não mudou, permanece em três", destacou, acrescentando que somente o CHU (Centro Hospitalar Universitário) do bairro rico de Cocody, onde o produto foi parcialmente despejado, registrou "mais de 2.000 casos".

De acordo com N'Da, "houve menos de dez hospitalizações ao todo" entre as vítimas que foram pedir uma consulta em "36 centros de saúde periféricos" da capital econômica marfinense, entre eles três CHU e quatro hospitais militares.

As vítimas se queixam geralmente de vômitos, erupções cutâneas, mal-estar, diarréias e cefaléias.

Em razão da crise, o primeiro-ministro do país, Charles Konan Banny, anunciou a renúncia de seu gabinete, que foi aceita pelo presidente Laurent Gbagbo, que o encarregou de formar outro.

O governo de união nacional de Banny, primeiro-ministro de transição designado pela comunidade internacional no final de 2005 para implementar o processo de paz no país, estava no cargo desde dezembro.

O gabinete incluía membros do grupo presidencial, de partidos de esquerda, da oposição e da rebelião que controla o norte do país desde sua tentativa de golpe de Estado contra Gbagbo, em setembro de 2002, enquanto que o sul, incluindo Abidjan, continua sob controle da autoridade governamental.

"Não se pode matar impunemente na Costa do Marfim", declarou Gbagbo, anunciando punições administrativas para os responsáveis.

As autoridades marfinenses também anunciaram na sexta-feira a instalação de um "plano de emergência" para neutralizar a solução tóxica despejada em uma dezena de lixões da cidade na madrugada de 20 de agosto por uma empresa marfinense que havia descarregado esses produtos do Probo Koala, um navio panamenho.
De acordo com a associação ecológica Greenpeace, trata-se de 400 toneladas de lodo procedentes do refino petroleiro, ricas em matéria orgânica e em elementos sulfúricos altamente tóxicos.

Uma equipe de seis especialistas franceses que chegou na sexta-feira a Abidjan para ajudar as autoridades marfinenses a enfrentar a poluição iniciou sua missão neste sábado no lixão de Akudeo, um dos locais poluídos.

Eles inspecionaram os rios e poças de água onde foi despejada a solução tóxica, uma lama negra de aspecto oleoso que queimou a grama em volta dela.

No local, a solução tem um cheiro forte e desagradável e emanações que irritam a pele.

A alguns metros do local contaminado, cercado agora por um cordão de segurança, moradores continuavam neste sábado a cultivar seus tomates, explicando que já se acostumaram com o mau cheiro.

Na véspera, Banny se deslocou ao lixão. Após o escândalo, ele anunciou na quarta-feira a demissão de seu governo, culpado segundo ele de "negligência" e prometeu que "todos os culpados" serão punidos.

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