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27/07/2006 - 02h30

Corrupção



"Tenho visto e ouvido muitas manifestações iradas contra deputados e, eventualmente, senadores envolvidos em maracutaias. Mas nunca vi, nem ouvi, uma sugestão que reputo a mais eficaz para limpar o Congresso de tais figuras. Bastaria que a cada parlamentar punido por falcatrua correspondessem punições maiores ao partido pelo qual se elegeu (multa, perda temporária do fundo partidário, perda de tempo de divulgação gratuita nos meios de comunicação, entre outras). Além disso, o partido deveria perder a cadeira, com o impedimento do suplente. Tomaria posse o candidato mais votado de outra filiação. No caso de troca de partidos, todos aqueles pelos quais passou o trambiqueiro deveriam ser punidos. Isto faria com que as agremiações políticas se empenhassem na seleção adequada de seus representantes, eleitos ou não por suas siglas."

ARY DA SILVA MIRANDA (Rio de Janeiro, RJ)



"Após ler o editorial 'Infestação' (26/7), percebi a fundada preocupação da Folha com a possibilidade da reeleição dos ministros, prefeitos e parlamentares envolvidos de alguma forma com os esquemas do mensalão e com a máfia das sanguessugas, entre outros. A proposta do deputado Miro Teixeira ao TSE parece-me louvável e de extrema urgência, em função da demora nos processos de investigação e da necessidade de publicidade precisa das fraudes. Quanto a esta última, a Folha tem atuado com afinco, apresentando quase todos os dias novas denúncias, clarificando os conluios e estampando as caras de cada suspeito e acusado. No entanto, devido à enxurrada de escândalos à qual a população foi submetida durante este último mandato presidencial, dificulta-nos a clareza quanto à dimensão dos esquemas e quanto a cada político envolvido. Por isso, seria de grande valia ao leitor e eleitor recebermos grátis, nas casas e nas bancas, seja em agosto, com o possível fim da investigação da máfia das sanguessugas, seja mais próximo do pleito, quando haverá maior segurança para a sua publicação, um 'Especial Corrupção: na hora de votar, tenha o seu em mãos!'
Creio que em momentos como o que passamos, a mídia deve ser ainda mais combativa e exercer sua função social, ajudando o eleitor a fazer seu papel no dia das eleições, em apoio também àqueles que lutam diariamente dentro do Estado para limpar um pouco da sua podridão.
Somente o tripé 'Estado-mídia-sociedade civil' pode, numa vigorosa ação conjunta, colocar nosso país nos trilhos de uma moralização da política."

VITOR SOUZA LIMA BLOTTA (Campinas, SP)



"Está na hora de, uma vez por todas, se fazer um ato heróico e punir severamente políticos envolvidos em escândalos de corrupção. Temos que adotar esta postura como prioridade número um e tentar reduzir esta 'vergonha nacional' a níveis, digamos, mais normais, como nos países de Primeiro Mundo. Todo o resto vem depois, mas esta sangria (com o perdão do trocadilho das sanguessugas) tem que ser estancada.
Tivemos há pouco mais de dois anos um escândalo envolvendo bancos de sangue e o que resultou disso? Quem foi punido? Vocês sabem quantas pessoas morrem por dia por falta de sangue?
116 autoridades envolvidas _não são dois nem três, são 116! Está em nossas mãos de novo a oportunidade de recomeçar este Brasil. Precisamos de heróis. A nação precisa neste momento de heróis, como nas histórias em quadrinhos, que enfrentem sem medo e até às últimas conseqüências o poder do mal. Qualquer um de nós pode ser este herói, desde que faça do seu dia-a-dia um exercício de intolerância com as práticas corruptivas, em qualquer esfera em que elas estejam."

VLAMIR BENEDITO FABBRI (Porto Ferreira, SP)




Afif



"Agora o candidato do PFL ao Senado, por São Paulo, completou seu currículo: iniciou na política pelas mãos do Maluf; depois ficou de braços dados com o Pitta e, finalmente, no ocaso de sua triste vida política, enaltece o senador baiano ACM, conhecido como 'ACM Corleone' por jornalistas do porte de Hélio Fernandes. Pobre Afif! Como sempre, o povo o rejeitará nas urnas. Sugiro ao referido senhor que acompanhe a decisão (pelo menos foi o que a mídia publicou) de Jorge Bornhausen e de Roberto Freire e se retire da política. O povo brasileiro ficará muito grato."

OLÍMPIO JOSÉ ALVES MARINHO (Belo Horizonte, MG)



"Muito significativa a entrevista do candidato do PFL ao Senado Guilherme Afif Domingos ('Candidatos na Folha', pág. A9, 26/7). Inicialmente, diz que o governo federal teve uma atitude cínica ao querer ajudar a combater a violência em São Paulo, o que os governos comandados pela dupla PSDB-PFL, durante anos na administração do Estado de São Paulo _dos quais o candidato Afif foi partícipe_ não conseguiram fazer, já que não foram competentes para produzir uma política de combate efetivo à violência. Segundo, Afif teve como professor e padrinho na vida pública Paulo Maluf, aquele acusado de desvio de dinheiro público e de possuir fortunas incalculáveis em contas no exterior, o que dispensa maiores comentários. E, por último, o desejo de que São Paulo tivesse um senador como ACM mostra o que se pode esperar de Afif se ele for eleito."

BENJAMIN EURICO MALUCELLI (São Paulo, SP)




Cotas



"Esta foi a medida mais acertada do governo, que mexeu com a estrutura secular do acesso à educação pública superior, sem levar em conta também o ProUni, que permite acesso dos menos favorecidos às instituições particulares. Precisa-se de mais medidas efetivas desse tipo com resultados mais rápidos. Basta dar uma olhada na avaliação de desempenho dos alunos cotistas da UFBA pra se constatar isso. Hipócrita, sim, é a postura daqueles que fingem inexistir o problema de exclusão racial no Brasil e alimentam esse centenário sistema excludente.
Que venham mais sistemas de cotas para os negros efetivamente terem a oportunidade de ser iguais à minoria que se considera branca e detém a maior parte da riqueza, dos altos postos de trabalho público e privado e das cadeiras das melhores universidades deste país."

JOSÉ ROBERTO (Salvador, BA)



"Gostaria de manifestar minha opinião quanto ao artigo publicado em 26/7 em 'Tendências/Debates' sobre as cotas ('Cotas com qualidade para a escola pública'). Concordo plenamente com o fato de estarmos em uma nação de excluídos, e que esse fato deve ser mudado.
Educação é um bem que todos têm direito de receber 'sem distinção de qualquer natureza'. Se existe o problema da ineficiência da educação básica pública no país, ele deve ser sanado. Investimentos maiores na educação básica devem ser feitos.
Mas as cotas são contraditórias, sim, com o recebimento de acordo com o mérito. Os vestibulares são aplicados a todos da mesma forma. A dificuldade da prova é a mesma para todos os candidatos, então por que motivo os negros devem receber tal privilégio de terem seu lugar disputado com uma exigência menor do que os demais candidatos? O que os faz diferentes? Obviamente são tão capacitados quanto os demais, então seria um absurdo racista crer que por serem negros deve se exigir menos deles. Não queremos a igualdade? Então que ela seja atingida!
A sociedade brasileira sabe muito bem da discriminação sofrida pelos negros desde o período colonial, mas por que motivo deve-se tomar uma medida falaciosa para aparentemente sanar essa diferença?
Cotas não são a melhor solução, mas a curto prazo podem ser a melhor medida a se tomar na difusão do conhecimento universitário a todas as camadas sociais. Então que as cotas sejam destinadas aos alunos vindos de escolas públicas, mas não aquelas ocupadas pela mesma elite econômica que ocupa as escolas privadas, mas, sim, por aqueles alunos que demonstram interesse e realmente não possuem condições financeiras de arcar com uma faculdade particular."

LETÍCIA INCANE ROSAS (Guarulhos, SP)




ECA



"A questão do 'descompasso entre os objetivos do ECA e a realidade socioeconômica' é muito mais grave para a sociedade do que aponta a sra. Sandra Faria ('ECA, 16, aguarda mudança de mentalidade', 'Tendências/Debates', 25/7). Como comparação, é como se fosse criado o Estatuto da Moradia definindo que toda residência deve ter uma suíte para cada membro da família, biblioteca, 'home theater', etc., e a partir daí todos os projetos habitacionais passassem a ser criticados por não contemplar esses 'avanços'.
Acredito que sejam gastos de 100 a 1.000 vezes mais com um 'dimenor criminoso' do que com um adolescente que trabalha o dia inteiro e freqüenta à noite uma escola pública, de péssima qualidade, sem meio de transporte decente e sem nenhuma segurança. Por outro lado, de cada 100 desses estudantes, a grande maioria se tornará um cidadão honesto e de cada 100 'dimenor' talvez um ou dois sejam recuperados. É muito mais provável que uma adolescente estudante seja assassinada ou estuprada por um 'dimenor' do que esse criminoso seja recuperado. Assim, apostamos 1.000.000 de fichas nas maçãs podres contra uma nas saudáveis!
Para mim, a 'mudança de mentalidade' a que se refere a autora é muito clara: vamos simplesmente eliminar toda lei cuja aplicação seja inviável, e investir na educação da maioria. Quanto aos 'dimenor', chega de teoria: vamos promover imediatamente um plebiscito sobre a redução da maioridade penal, com as opções de 16 e de 14 anos, que por sinal é a idade em que milhões de adolescentes começam a trabalhar e, por experiência própria, posso tranqüilizar a autora que não é prejudicial à saúde!"

ANSELMO MORAES NETO (São Paulo, SP)



"Acredito na importância do Estatuto da Criança e do Adolescente, pois a juventude brasileira encontra-se desprotegida, sendo que os maiores algozes são os próprios pais. Porém, admito minha incapacidade em entender alguns dos pontos do artigo de Sandra Faria. E digo isso sem ironias, simplesmente não entendi. Pelo que escreveu a autora, a pobreza serve de justificativa para tudo no Brasil. Ser pobre é praticamente um atenuante para qualquer barbárie que uma pessoa cometa e se for menor de 18 anos então, aí não existe punição mesmo.
Não sou a melhor pessoa para falar de pobreza. Sou filho de funcionária pública, estudei em universidade pública e nunca passei privações de fome. Mas sinceramente, não entendo. Não pode haver um estatuto que proteja assassinos como o tal 'Champinha', não deve haver uma lei que proteja menores que roubam, traficam e matam. É ilusório dizer que o Estado não protege os menores o Estado brasileiro não protege ninguém. Estamos há muitas décadas de um Estado assim, talvez nunca o alcancemos. Mas miséria social é uma coisa, permissividade é outra. Talvez eu esteja entre aqueles que a autora classificou como 'desinformados', mas, sinceramente, eu gostaria da redução da maioridade penal e gostaria que pobreza não fosse justificativa para crimes. Será que sou tão ignorante assim?"

MAURO KUSZNIR (São Paulo, SP)




Escolas



"Com grande satisfação li sobre a escola Olavo Pezzotti, na coluna de Dimenstein ('Um raro prazer na Vila Madalena', 26/7). Segundo Rubem Alves, há escolas 'gaiolas' e há escolas 'asas'. Graças à iniciativa de pessoas como Maria de Fátima, diretora do Pezzotti, a escola se tornou 'asas' para os alunos e podemos acreditar que é possível conciliar o ensino público com qualidade."

MARCOS NICOL GIUSTI (São Paulo, SP)




Oriente Médio



"Indaga-se se, desta vez, se Israel será condenada e julgada por crime de guerra com o genocídio de libaneses e estrangeiros civis residentes no Líbano. Também se pergunta se Israel pagará pela reconstrução de um país destruído: estradas, aeroportos, portos, edifícios etc. por esta estúpida e insensata guerra que mais uma vez gera mais ódio e rancor na região e no resto do mundo com manifestações contra o Estado hebreu, por mais este conflito originado basicamente por radicalismos étnico-religiosos e interesses econômicos internacionais."

FERNANDO RIBEIRO WEISSBERG (São Paulo, SP)



"Considero este jornal neutro na maioria dos temas atuais, dando grande espaço para articulistas independentes. Entretanto, quando o assunto é Oriente Médio, não posso deixar de comentar que a postura do jornal se torna tendenciosa.
Sei que israelenses e palestinos têm o direito de ter sua terra. Historicamente este direito já foi reconhecido, entretanto, somente o desarmamento trará condições para o processo de paz.
Israel retirou-se do Líbano há seis anos aproximadamente, sinalizando sua intenção de poder voltar a uma vida normal, em segurança e paz. O que aconteceu? O Líbano não teve forças para evitar que o Hizbollah voltasse a se armar até os dentes, inclusive posicionando suas armas criminosamente entre a população civil, significando novamente ameaça à população do norte de Israel.
Este assunto demanda muita análise e conhecimento histórico profundo, porém, gostaria apenas de deixar minha indignação com este jornal por ter publicado manchete tão tendenciosa no domingo, 16/7, e novamente em 26/7."

SERGIO LUIZ FUCHS (São Paulo)



"Manter a situação de injustiça e violência no Oriente Médio é o que a Folha pretende quando publica um editorial como o 'Força de paz', na edição de 25 de julho.
O melhor caminho para alcançar o cessar-fogo imediato e garantir que não aconteçam novamente incidentes como os que deflagraram esta ofensiva sangrenta é, está mais óbvio que o vento, o reconhecimento do Estado Palestino, seguido do recuo de Israel às fronteiras estabelecidas antes de 1967.
A paz só poderá ser vislumbrada quando Gaza e Cisjordânia, o sul do Líbano e as Colinas de Golã forem completamente desocupados. Não há negociação possível, nem sobre a divisão de Jerusalém, muito menos sobre desarmamento, enquanto os territórios não forem devolvidos, oferecendo condições para que cada povo possa viver em sua terra, aí sim, pacificamente.
Uma força de paz no Líbano terá tanta eficácia para desarmar o Hizbollah quanto a coalizão anglo-americana teve no Afeganistão, contra o Taleban, ou no Iraque, contra os insurgentes. Ou ainda a Minustah, liderada pelo Brasil, no Haiti, ou os Estados Unidos, na Somália, ou a Missão Africana da ONU, no Sudão.
Se existe violência _principalmente terrorismo_ é porque existe um motivo por trás, girando a engrenagem do ódio. No caso do Oriente Médio, mais do que a suposta intolerância bíblica entre semitas e camitas, está a causa palestina, tão justa quanto a causa israelense. O que acontece é que Israel não se contenta com o que a ONU lhe deu em 1948, muito mais do que deu aos palestinos, e ocupa territórios vizinhos, ergue colônias e agrava o ódio.
As forças de paz não podem gerar nada além de ódio. Ainda mais no Líbano, com o Hizbollah. Aliás, não é tarde para lembrar que o 'Partido de Deus' deixou de atacar Israel assim que suas tropas foram retiradas do sul do país, em 2000. Seqüestrou dois soldados agora em solidariedade clara aos militantes de Gaza, que estavam sendo massacrados depois de capturar o cabo Gilad Shalit e usá-lo como moeda de troca para a libertação de seqüestrados palestinos.
'Força de paz' é um termo que por si só já se contradiz."

CARLOS TADEU BREDA JUNIOR (São Paulo, SP)



"Judeus e muçulmanos estão em guerra aberta de novo. Falo sobre etnias, e não sobre nacionalidades, pois esse é o verdadeiro combustível dos interesses econômicos na região. Um combustível que alimenta o jogo em busca de outro combustível, o petróleo, ou melhor, a principal matriz energética para as próximas décadas. Há quem divirja _a maioria, com certeza.
É assim que vejo: interesses puramente econômicos no bojo de uma 'guerrinha' étnica que pode se tornar uma guerra regional. Daí para um conflito de interesses globais é muito fácil. Enquanto Israel manda mísseis para cima de civis inocentes libaneses procurando o Hizbollah, o mesmo martela o povo israelense com suas bombas tão imprecisas quanto. Enquanto isso, peças são jogadas no tabuleiro global pelo primo do norte e seus irmãos (nem sempre passivos) europeus. China e Rússia buscam suas vantagens (que podem ser muitas) movimentando seu cavalo iraniano. E assim continuamos _explosões daqui e de lá_ e o que realmente está sendo decidido é o futuro do Oriente Médio, detentor de mais de 80% das reservas de petróleo conhecidas. O negócio é a grana. Falsas religiões são um pretexto. Mais uma vez, como vem sendo corriqueiro neste início de século 21, estamos vendo a História acontecer. Tem muita coisa ainda."

MARCELLO DOS SANTOS DIAS (São Paulo, SP)




Amazônia



"O editorial 'Energia na Amazônia' (24/7) retratou um debate muito importante para o futuro da região amazônica e do país. Discutiu-se os planos hidrelétricos para os rios Madeira e Xingu mas, no caso das barragens planejadas para o rio Xingu, transmitiu um quadro equivocado sobre os prováveis impactos e benefícios. Afirmou com relação às duas barragens no rio Xingu, propostas nos anos 1980, Cararaô (hoje Belo Monte) e Babaquara (hoje Altamira), que 'o plano megalomaníaco foi abandonado'. Infelizmente, esses planos não foram abandonados de maneira alguma, apesar da redução do tamanho do lago e da potência da primeira barragem (ver meu trabalho na revista 'Ciência Hoje' de abril de 2006). A segunda barragem planejada, apenas rebatizada de 'Altamira', permanece com um reservatório de 6.140 km2 (o dobro da notória hidrelétrica de Balbina), tudo a ser instalado em floresta tropical e, em grande parte, em área indígena. Esta segunda barragem, de acordo com o Plano Decenal da Eletrobrás, seria completada sete anos após a conclusão de Belo Monte, apesar do EIA/RIMA de Belo Monte ter sido reescrito para apresentar a primeira barragem como se fosse uma obra isolada, para fins de obter um rápido licenciamento ambiental. O plano completo, com as duas (ou mais) hidrelétricas, terá impactos ambientais e humanos muito maiores.
O lado dos benefícios retratado no editorial também é equivocado, dando a impressão de que a Belo Monte é necessária, pois afirma que os megawatts a serem gerados 'são cruciais para evitar déficit de energia', e que Belo Monte está entre os empreendimentos 'imprescindíveis para evitar o pior'. Ainda menciona 'o fantasma de novos apagões' e opina que 'O Brasil, ao que tudo indica, precisa dessa energia'. Felizmente, nada disso é o caso com relação à Belo Monte. A imagem da região Sul-Sudeste à luz de vela, como no apagão de 2001, tem pouco a ver com Belo Monte. Devido ao alto custo da linha de transmissão até São Paulo, os planos para uso da energia do rio Xingu têm evoluído para direcionar o grosso para as indústrias de alumínio e alumina no próprio Pará. Usar a energia no Estado de origem pode parecer uma mudança socialmente benéfica, só que se trata de uma indústria que consome vastas quantidades de eletricidade subsidiada em troca de um número minúsculo de empregos criados no Brasil. Usinas de alumínio criam apenas 2,7 empregos por cada gigawatt-hora que consomem, e a vila de Barcarena (onde se instalaram as usinas japonesas/ brasileiras que consomem grande parte da energia de Tucuruí) usa mais energia do que a cidade de Belém. O Brasil fica com os impactos ambientais, o custo das hidrelétricas, e a conta de um subsídio tarifário que já totaliza muitos bilhões de reais, enquanto o grosso dos benefícios financeiros e de emprego são exportados (ver o livro 'Tenotã-mõ', lançado em 2005, disponível grátis em http://www.irn.org/programs/_archive/latamerica/pdf/ TenotaMo.pdf
O debate entre o meio ambiente e a energia na Amazônia previsto pelo editorial é prematuro, particularmente com relação ao rio Xingu. Primeiro precisa-se de um debate sobre o que o Brasil faz com a energia que tem. Precisa-se deixar de entregar para o mundo energia subsidiada, com um enorme impacto ambiental embutido, na forma de lingotes de alumínio. Precisa-se, também, levar a conservação energética a sério, deixando por exemplo de desperdiçar eletricidade em aquecer água em chuveiros elétricos_um dos métodos mais ineficientes energeticamente para ter um banho quente, quando comparado ao aquecimento a gás ou, melhor, a energia solar."

PHILIP M. FEARNSIDE, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Manaus, AM)

Resposta da Redação - O pesquisador discorda é do 'Plano Decenal de Expansão de Energia Elétrica 2006-2015', e não exatamente do editorial. Ele erra ao afirmar que a segunda hidrelétrica do Xingu (Babaquara/Altamira) esteja prevista nesse plano decenal, quando não está.




Futebol



"Em sua crônica 'O motivador' (26/7, pág. A2), Vinicius Mota procura justificar sua aversão ao futebol e à 'pátria de chuteiras' glorificando a apatia dos ídolos caídos do 'escrete amarelo' (ironia dele ou ato falho?). Ele acha certo que Cafu e Roberto Carlos se mostrassem altivos na cobrança do fracasso, que Adriano e Ronaldinho se divertissem 'sem culpa' numa boate após o vexame em campo, que Robinho se colocasse em êxtase diante de Zidane depois de ser por ele desclassificado. Vinicius Mota, como a grande maioria dos intelectuais, pretende interpretar o futebol pelo viés da racionalidade e, não o conseguindo, desconta sua frustração desqualificando as reações emocionais dos que sabem que futebol não é razão. Futebol é garra, é guerra, é gol. Simplesmente."

ANTONIO CARLOS AUGUSTO (São Paulo, SP)
 

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