|
Tempos
natalinos, queiramos ou não, provocam mão-de-obra
suplementar em nosso cotidiano. Somos obrigados às confraternizações,
aos votos de boas-festas, a dar e receber presentes, um saco. A
grande mensagem da solidariedade humana fica reduzida a uma mesa
de churrascaria cheia de chope quente e picanha com batatas fritas
engorduradas.
Os apelos comerciais que antes enchiam a nossa paciência,
os programas da TV, os jornais e revistas, os agressivos outdoors
que poluem o já poluído cenário urbano, invadem
agora a telinha de nossos notebooks, oferecendo-nos o que não
precisamos em suaves prestações mensais.
Não sei não, mas acho que em alguns países
a mecânica de dar e receber presentes, transferida para 6
de janeiro, Dia de Reis, é mais lógica e tradicional.
Haveria algum sentido bíblico na troca dos presentes e lembranças.
Limparíamos o Natal desta febre consumista a que estamos
habituados. Para efeito do chamado grande público, a grande
festa da cristandade paganizou-se com símbolos bonitos mas
aleatórios.
Olhar nos anúncios a cara do Bom Velhinho, borrado de kodacolor,
esbarrar em árvores de natal que têm lá a sua
poesia mas que deveriam ficar acesas durante todo o ano e não
em dezembro apenas, ouvir o "jingle- bells" e o "Noite
feliz" em toda parte - nada disso facilita o mergulho que devemos
fazer em nós mesmos, acreditemos ou não na mensagem
que se iniciou naquela noite de Belém, em torno de uma manjedoura,
com um burro e uma vaca nos lugar de todos nós.
Sempre impliquei com Papai Noel. Gosto de dar e receber presentes
mas sempre achei que o Bom Velhinho é um disfarce mercadológico
do Rei Momo, de quem também não gosto, mas considero
mais necessário e autêntico.
Leia colunas anteriores
12/12/2000 - Vidraças
e vírus
05/12/2000 - Sua Excelência, o
Internauta
28/11/2000 - O
pinto e o urso
21/11/2000 - Peste medieval
14/11/2000 - A
moça que queria ser feliz
07/11/2000 - O nascimento de Vênus
|