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Carlos Heitor Cony
cony@uol.com.br
  23 de janeiro de 2001
  O diabo perderá o emprego
   
   
 

"Onde vamos parar?" - reclamou um general que pediu um mata-borrão para enxugar sua assinatura num documento. O secretário disse que não precisava de mata-borrão, a tinta era seca, em pasta, seria usada mais tarde nas esferográficas.

O mata-borrão era, para o general, um dos estágios mais avançados da técnica humana. Substituíra a areia que antigamente era derramada em cima dos textos e soprada, levando os excessos da tinta. E a própria tinta foi um avanço considerável, pois antes dela os escribas usavam martelo e estilete para escrever nas pedras.

Quando falou pela primeira vez ao telefone, o imperador Dom Pedro 2º ficou assustado: - "Tem um homenzinho dentro desta caixa!" Devia mesmo ser um homenzinho para caber dentro do primeiro aparelho de Graham Bell. Que, por sinal, seria um colosso se comparado aos celulares de hoje.

Daí que é impossível uma visão do futuro, ainda que aproximada. Nos anos 30, uma revista científica elegeu como maior invenção do século aquele grampo colocado nas latas de cera de engraxar sapatos. Antes do grampo, abrir uma daquelas latas era tarefa complicada, aliás complicadíssima. Um gênio descobriu que um pequeno grampo colocado na tampa fazia o papel de alavanca - e desde Arquimedes que se pode levantar o mundo com uma alavanca, mas sem usar o verbo "alavancar", que é cafona.

Imagino o futuro de forma inimaginável. Em termos pessoais, gostaria que fosse inventado um clone de mim mesmo, que deixaria de fumar, faria ginástica por mim todas as manhãs, inclusive 18 abdominais, não comesse carnes vermelhas, fosse belo, sedutor e inteligente, que tivesse o sucesso que não tive.

Na Idade Média, só poderia conseguir isso se vendesse a alma ao Diabo. O futuro dispensará os serviços do Pai das Trevas.



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