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Carlos Heitor Cony
cony@uol.com.br
  6 de fevereiro de 2001
  O quiabo e a cenoura
   
   
 

Alguns leitores andam me estranhando na mesma medida em que os estranho. Julio Mairena, em e-mail que me enviou, confessa que o rock é a sua vida e me aconselha a ficar longe dele, rock. Já que não o aprecio, devia me abster de me preocupar com ele, rock. Eu também não aprecio Hitler, a Aids, os assassinatos e os terremotos, mas eventualmente sou obrigado a falar neles.

Já o leitor Marcelo de Freitas, me aconselha a ir morar em Cuba, naquela base muito em voga durante o regime militar, "Brasil, ame-o ou deixe-o!")

Tudo porque, em crônica recente na Folha, contei que, a caminho do México, fui comprar charutos cubanos no free shop de Miami e o vendedor pensou que eu fosse algum milionário membro do governo brasileiro.

Por acaso, no dia seguinte, em outra crônica no mesmo espaço, elogiaria a medicina massiva de Cuba, fato consensual no universo médico. Acontece que elogiar os charutos de Havana e a medicina massiva de Cuba não significa que eu seja um apóstolo do regime de lá.

Vivi algum tempo na ilha de Fidel, perseguido pelo regime militar brasileiro, mas comprei uma briga séria com a diretora da Casa de las Americas, Haydê Santamaria, para poder voltar, pois a ditadura cubana não podia compreender que eu detestasse igualmente os militares de lá - que eram inclusive civís mas vestiam fardas e portavam metralhadores dia e noite.

É duro escrever para pessoas simples, geralmente simplistas, que ignoram o elementar em qualquer tipo de controvérsia: "afirmatio unius non est negatio alterius". A afirmação de uma coisa (não gosto de quiabo) não é negação de outra, de que não gosto de jiló.



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