Pensata

Eduardo Ohata

29/09/2007

Dois momentos

da Folha Online

A carreira do campeão unificado dos médios Jermain "Bad Intentions" Taylor pode ser dividida em duas fases: pré e pós títulos mundiais.

Antes de bater o veterano Bernard "The Executioner" Hopkins, o norte-americano impressionava.

Derrotou em apenas três assaltos a promessa invicta Daniel Edouard, bateu com facilidade os ex-campeões mundiais William Joppy e Raul Marquez, e veteranos como Alex Bunema, Alex Rios, Alfredo Cuevas e Nicolas Cervera.

Depois que virou campeão, tudo mudou.

Taylor superou Hopkins em uma revanche, empatou com outro veterano, Winky Wright, excelente tecnicamente, mas conhecido pela pouca pegada, e ganhou de dois campeõs dos médios-ligeiros, que subiam de peso: Kassim Ouma e Cory Spinks. Não impressionou em nenhuma dessas cinco últimas lutas, mesmo com o técnico Emmanuel Steward, conhecido por motivar os lutadores a adotar estilo agressivo, no córner. Tudo bem, eram todos experientes, mas todos subiram ao ringue com alguma desvantagem.

A coisa mudará hoje quando Taylor defender seus cinturões contra o compatriota Kelly "The Ghost" Pavlik, jovem, com uma pegada fortíssima e que deve forçar Taylor a lutar para valer ou deixar os cinturões no ringue. A programação será transmitida ao Brasil pela HBO Plus, a partir das 23h15, e traz o duelo entre os meio-médios Andre Berto e David Estrada.

Pavlik, 25, é um pegador nato. Invicto, tem 28 nocautes em 31 vitórias. Sua maior vitória aconteceu em seu último combate, quando nocauteou em uma eliminatória pelo título do CMB outro pegador duríssimo, Edison Miranda, em sete assaltos. Foi seu oitavo nocaute seguido e ele chega com moral para a disputa de título.

Taylor é o favorito, mas em uma luta que tem tudo para ser uma luta empolgante, muito superior às últimas apresentações do campeão, não ficaria surpreso se Pavlik levasse os cinturões do CMB e OMB para casa.

E a ESPN reprisa na madrugada de sábado para domingo, às 2h, o terceiro duelo entre Evander Holyfield e Riddick Bowe, em um "aquecimento" para a transmissão do desafio de "Real Deal" Holyfield por seu quinto título mundial no dia 13 de outubro, com transmissão ao vivo da ESPN Brasil.

Já no terreno do vale-tudo, ou MMA (Mixed Martial Arts), como querem os mais politicamente corretos, teve início uma epidemia de zebras depois que o Ultimate Fighting Championship adquiriu o Pride (os dois torneios mais prestigiosos de vale-tudo do mundo).

Na última edição, a estrela do Pride, o brasileiro Mauricio "Shogun" Rua, perdeu para Forrest Griffin. Já o ex-campeão Chuck Lidell, que ia se aquecer contra Keith Jardine, também sofreu uma derrota inesperada. Para se ter uma idéia do favoritismo é só reparar nas bolsas (já incluído o bônus na bolsa dos vencedore): Lidell (US$ 500 mil), Jardine (US$ 14 mil).

Antes, o próprio "Iceman" Lidell, tido como invencível, foi derrotado por Quinton "Rampage" Jackson, que não atravessava um bom momento no Pride. E o último vencedor do GP do Pride, do qual participaram os brasileiros "Minotauro" Nogueira e Vanderlei Silva, Mirko Cro Cop, tido como o melhor striker do mundo no vale-tudo, sofreu derrotas seguidas para o brasileiro Gabriel "Napão" Gonzaga e Cheik Congo, o que estragou os planos para que desafiasse pelo título dos pesados do UFC.

Eduardo Ohata, 34, é jornalista do caderno Esporte da Folha e comentarista da ESPN. É colunista de boxe há mais de 10 anos. Escreve para a Folha Online, quinzenalmente, aos sábados.

E-mail: eohata@folhasp.com.br

Leia as colunas anteriores

FolhaShop

Digite produto
ou marca