Pensata

Eliane Cantanhêde

31/10/2007

Cuidado com o feriado!

O feriado de Finados vem aí. Prepare as crianças, a bagagem e sobretudo a paciência, caso tenha decidido viajar de avião.

Nada indica que haverá paz em terra e no ar, com as companhias abusando de overbooking, atrasos e cancelamento de vôos e o governo lavando as mãos. Ao contrário, parece uma guerra: as companhias acusam a Anac, que acusa a Infraero, que acusa as companhias, que acusam os controladores de vôo de fazerem operação-padrão velada.

No meio do tiroteio, cuidado com a bala perdida! A vítima acaba sempre sendo você.

O drama já começa no trânsito das capitais, que fica insuportável nessas épocas de feriado. Depois, vem a fila do check-in, as informações desencontradas, os painéis mentirosos, o raio-X, os atrasos, os controladores fazendo corpo mole, os aviões retidos em solo sem autorização de vôo. Por último, as surpresas de última hora: você embarca para Congonhas e vai parar em Guarulhos, quem sabe em Viracopos! Ou vai para João Pessoa e acaba dormindo em Recife.

Pilotos e comissários até se esforçam, mas é impossível que não estejam estressados. Eles agüentam o tranco das companhias, dos controladores, das "autoridades". E são os que, queiramos ou não, acabam cara a cara com o mau humor dos passageiros.

Depois de meses de vai-não-vai, Milton Zuanazzi enfim comunicou ao governo que está deixando a presidência da Anac. Todos os novos diretores já foram escolhidos e vêm ultrapassando, um a um, os obstáculos burocráticos, como a tal sabatina do Senado que não sabatina ninguém. Depois, é dar posse à economista Solange Vieira no lugar de Zuanazzi e... esperar para ver.

Até lá, é rezar. Eu vou estar de plantão em Brasília, mas torcendo para que a sua viagem seja um sucesso e tudo dê certo. Até porque, do contrário, até eu vou pagar o pato aqui, trabalhando três vezes mais para mostrar o que o Brasil já sabe, mas Lula se recusa a ver: a aviação civil está um caos como nunca antes neste país.

Eliane Cantanhêde é colunista da Folha, desde 1997, e comenta governos, política interna e externa, defesa, área social e comportamento. Foi colunista do Jornal do Brasil e do Estado de S. Paulo, além de diretora de redação das sucursais de O Globo, Gazeta Mercantil e da própria Folha em Brasília.

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