Pensata

Eliane Cantanhêde

26/10/2008

Vitória dos governadores

Presidente da República não transfere voto para seus candidatos em eleições municipais, mas os governadores são decisivos para os resultados.

Muito já se disse sobre a grande vitória de José Serra (PSDB), com Gilberto Kassab (DEM) chegando na frente no primeiro turno e com uma expressiva dianteira nas urnas de hoje, com mais de um milhão de votos de diferença para Marta Suplicy (PT).

Mas, no Rio, o governador Sérgio Cabral igualmente não brincou em serviço. Eduardo Paes, do seu PMDB e seu candidato, saiu de um patamar mínimo e foi galgando de grau por degrau, superando todos os concorrentes, até chegar na frente no primeiro turno e vencer, apesar de uma distância apertada de Fernando Gabeira (PV).

E, em Minas, Aécio Neves (PSDB) renasce das cinzas com a reviravolta de Márcio Lacerda (PSB), à frente de seu adversário Leonardo Quintão (PMDB), com uma margem de segurança muito maior do que a esperada.

Nos três Estados mais importantes do país, estas eleições têm duas pontas. Numa, lançaram novidades, ou "ondas", ganhasse quem ganhasse em BH ou Rio. Na outra, consolidaram a posição de Serra, Cabral e Aécio, que já seriam naturalmente "players" em 2010 e são alçados à condição de decisivos. A sucessão de Lula passa por eles.

Detalhe: Cabral está aliadíssimo de Lula, mas é amigão de Serra e já foi tucano. Eduardo Paes, idem. Estarão, ambos, no foco da disputa sangrenta de PT e PSDB pelo apoio do PMDB nacional.

Lula não transferiu votos diretamente para este ou aquele candidato, mas: 1) a boa imagem dele e de seu governo foram fator invisível para a guinada de votos oposicionistas para governistas; 2) presidente não é eleitor decisivo em eleições municipais, mas costuma ser na própria sucessão.

Se a economia ajuda e a popularidade vai de vento em popa, a favor do seu candidato. Se não, contra ele.

Faltam dois anos, e votos municipais e prefeitos não definem presidentes. Mas os resultados de hoje são as cartas na mesa de amanhã.

Eliane Cantanhêde é colunista da Folha, desde 1997, e comenta governos, política interna e externa, defesa, área social e comportamento. Foi colunista do Jornal do Brasil e do Estado de S. Paulo, além de diretora de redação das sucursais de O Globo, Gazeta Mercantil e da própria Folha em Brasília.

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