Pensata

Gilberto Dimenstein

10/12/2007

Médicos que matam

Mais da metade --para ser preciso, 56%-- dos alunos de sexto ano das faculdades de medicina não passaram no exame do CRM-SP (Conselho Regional de Medicina de São Paulo); muitos desses cursos que tiveram péssimos desempenhos cobram mensalidades que chegam a até R$ 4.000. Mas o pior não é o que o estudante paga, mas o que, uma vez formado, ele faz --ou deixa de fazer.

O ranking das faculdades de medicina pode ser conferido no site http://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/.

O diretor de comunicação do CRM-SP, Braulio Luna Filho, sustenta: existe uma forte suspeita de que o aumento de denúncias contra médicos se deve à baixa qualidade das faculdades, sem acesso a hospitais universitários ou professores qualificados. O número de denúncias cresceu 75% entre 2000 e 2006.

É mais um aspecto da crise do ensino brasileiro, agravado com o fato de que se formam médicos que matam ou prejudicam a saúde dos pacientes. Daí ser inexplicável (exceto por lobby corporativo) esse exame ser voluntário --e, pior, localizado em pouquíssimos lugares do Brasil, onde existem 172 faculdades de medicina que colocam na rua, muitas vezes sem oferecer residência, 10 mil médicos.

Gilberto Dimenstein é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às segundas-feiras.

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