Pensata

Gilberto Dimenstein

30/03/2008

Candidato-trampolim vai quebrar a cara

Um detalhe me chamou a atenção na pesquisa Datafolha: a maioria dos eleitores afirma que mudará o voto se suspeitar que seu candidato está usando a disputa à prefeitura de São Paulo como trampolim para outro cargo e não cumprirá o mandato. A julgar pelos números, o candidato vai pular numa piscina vazia e quebrar a cara.

De acordo com os dados do Datafolha, é rigorosamente impossível a eleição do candidato-trampolim. Basta ver os números: 51% dos eleitores mudariam seu voto. Não há chance de alguém vencer, num segundo turno, com o abandono de metade de seus apoiadores. Aliás, provavelmente não passará para o segundo turno.

A decisão é baseada na premissa óbvia de que o indivíduo não quer jogar fora seu voto, elegendo um prefeito-tampão. Mas existe aí também um amadurecimento do eleitor com a cidade. Vivemos em São Paulo um caos crônico, agravado agora com a sensação do colapso no trânsito, a tal ponto que segmentos da população pedem aumento do rodízio e até mesmo, em menor grau, o pedágio urbano.

A população vai percebendo a importância de se ter um prefeito para reduzir esse colapso - e não é o perfil de alguém no trampolim. Até porque a última coisa que fará é uma medida impopular, afinal já estará em campanha.

Gilberto Dimenstein é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às segundas-feiras.

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