Pensata

Gilberto Dimenstein

13/10/2008

Marta está desesperada?

Só escrevi sobre Luis Favre para defender a idéia de que não interessava a vida afetiva da então prefeita Marta Suplicy. Cheguei mesmo a dizer que o fato de ela assumir uma nova relação era um sinal de coragem e deveria ser respeitada. Também concordei com a afirmação de que, por trás das críticas que ela recebia e recebe, havia um preconceito machista misturado a uma baboseira contra os argentinos. Por isso, não consigo entender por que ela se meteu nesse ataque pessoal contra Gilberto Kassab, ao indagar se ele é casado e tem filhos.

Pode ser ingenuidade minha, mas tenho dificuldade de acreditar que ela esteve metida diretamente nisso. Um dos traços mais notáveis dela é sua defesa autêntica e corajosa da diversidade. Perguntei-lhe na sabatina da Folha e ela contou que não sabia, só soube quando a peça já estava no ar. Mas não a condenou. Pelo contrário, defendeu a baixaria, embora colocando a responsabilidade no marqueteiro.

Ficar metendo vida pessoal numa eleição já seria horrível para qualquer candidato. Ainda mais para Marta Suplicy, vítima de tantas insinuações maldosas, uma militante de direitos humanos e, para completar, psicóloga.

Não sei o que fica pior: ela ser a responsável ou dizer que não sabia que algo tão grave iria para o ar e, depois, defender a baixaria. Só posso entender o fato pelo desespero de quem vê a eleição escorrer pelas mãos.

Ficaria muito melhor para a biografia dela (uma biografia que considero respeitável) pedir simplesmente desculpas.

Se ela vencer a eleição na base desse tipo de impropriedade, pode ganhar mas, de verdade, perdeu.

Gilberto Dimenstein é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às segundas-feiras.

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