Pensata

Gilberto Dimenstein

25/10/2008

A culpa da derrota não é de Marta

O debate da TV Globo precisaria ter sido devastador contra Gilberto Kassab para evitar a derrota nas urnas de Marta Suplicy, agora centro de acusações dentro do PT.

Nem ela nem seus marqueteiros são culpados pela derrota na disputa municipal. Ela perdeu por causa de sua taxa de rejeição e não pelo fato de seu discurso não priorizar a classe média. Esses fatores contribuíram, claro, explicam até a larga distância em relação ao prefeito --mas não são a causa principal da derrota.

Há um fato essencial, o resto me parece detalhe. O eleitor estava de olho nas realizações locais e, até porque teve mais dinheiro e pegou obras e licitações em andamento (nisso Marta tem razão), Kassab pôde apresentar mais realizações do que sua oponente. Marta corretamente tentou buscar o passado e melhorar as comparações, trazendo as ligações do prefeito com Celso Pitta; Kassab fez tudo para trazer o debate para o presente, ajudado por uma propaganda eficaz.

Seria absolutamente anormal que qualquer candidato, por melhor que fosse, derrotasse um governante com 60% de ótimo e bom. Se Kassab merece essa avaliação é outra coisa --mas a tendência do eleitor é querer manter o que considera que vai bem. Por isso, Lula não teve o feito que se imaginou. Nem acredito que Serra tenha sido decisivo para o desempenho do prefeito.

Acusar Marta e seus assessores e marqueteiros pela derrota é não conhecer como, neste momento, funciona a cabeça do eleitor paulistano.

Gilberto Dimenstein é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às segundas-feiras.

FolhaShop

Digite produto
ou marca