Pensata

Gilberto Dimenstein

27/10/2008

Lula, Serra e as futilidades

Terminada a apuração, os principais debates giraram em torno de saber quem ganhou mais com as eleições e como esse resultado vai impactar a próxima sucessão, em 2010 --houve um consenso de que Serra saiu fortalecido para enfrentar o candidato de Lula.

Como é o hábito, os vitoriosos estão com muitos sócios e padrinhos, e os derrotados, órfãos. Esse debate, promovido pelos políticos e amplificado pelos meios de comunicação, é uma amostra de futilidade do jogo de poder.

A questão relevante, neste momento, é saber se os candidatos vão tirar suas promessas do papel, especialmente agora com o aumento da crise econômica --aliás, essa preocupação é a mensagem que saiu das urnas.

A leitura dos resultados mostra que o eleitor estava atento a soluções locais, pouco se importando com sucessões estaduais e federais; viu-se, por exemplo, que Lula, do alto de sua popularidade, não transferiu votos. Até a vitória Serra, que é um fato, precisa ser ponderada --no primeiro turno, os eleitores, segundo o Datafolha, achavam que seu candidato era Geraldo Alckmin, que perdeu (e feio).

Talvez os políticos não estejam percebendo que um novo eleitor, mais consciente, está surgindo --e está mais ligado ao essencial do que a futilidades.

Gilberto Dimenstein é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às segundas-feiras.

FolhaShop

Digite produto
ou marca