Pensata

Gilberto Dimenstein

03/08/2009

Serra quer elite dos professores

A decisão do governador José Serra de aumentar o salário do professor da rede estadual, com base em exames e taxas de absenteísmo (leia mais aqui), consegue tocar num ponto nevrálgico: atrair os talentos para dar aula em escola pública. Com base nos novos critérios, um professor conseguirá chegar ao final da carreira com um rendimento próximo a R$ 7 mil, sem contar os bônus que pode obter condicionado ao desempenho dos alunos --está acima, portanto, da média salarial de alguém com diploma de ensino superior.

Está sendo lançada nesta semana uma excelente investigação, realizada por Norman Gall e Patrícia Guedes, sobre como as escolas públicas de Nova York estão atingindo bons resultados (coloquei trechos do livro no www.dimenstein.com.br) e isso explica, em boa parte, pelos estímulos para diretores e professores, inclusive no bolso, além da capacidade de atrair os talentos. Traduzindo: recompensa ao mérito, punição à mediocridade.

Não acredito que apenas aumentar de forma generalizada o salário do professor ajude o ensino público. Mas sinalizar boas condições de trabalho (que ainda estão longe de existir) e um pacote de recompensas pode atrair profissionais competentes. Sem isso, não há receita que funcione.

Ainda não dá para saber se o pacote será suficiente, mas está no caminho certo. Paga-se mais para quem se esforça mais, criando-se uma elite de professores, capazes, talvez, de influenciar a rede.

Valorizar competência é o melhor que se pode fazer pelos pobres.

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Também coloquei no site a tabela oficial preparada de projeto dos aumentos para cada categoria.

Gilberto Dimenstein é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às segundas-feiras.

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