Pensata

Gilberto Dimenstein

09/09/2009

O maior erro de José Serra

O caos que se transformou a cidade de São Paulo ajudou a mostrar o que considero o maior erro de toda a gestão José Serra: torrar centenas de milhões de reais para ampliar a marginal do Tietê. É uma obra absolutamente estúpida e, suspeito, com fundo eleitoral da pior espécie.

O que vimos é resultado de uma série de governantes que desrespeitaram a natureza da cidade, tornando cada vez mais difícil a vazão da água --as obras da marginal colocam Serra nessa lista.

As obras impermeabilizam ainda mais a cidade e, de quebra, significaram a derrubada de milhares de árvores. Duvido que, no final, melhore o congestionamento, apenas vai colocar mais carros na rua.

Quando começaram a planejar as marginais, na década de 1960, poucas vozes urbanistas (a paisagista Rosa Klias, por exemplo) alertaram para o estrago e diziam que ali poderia ser construído o maior parque linear do mundo --e, além de criar uma imensa área de lazer na cidade, aquilo serviria para conter as enchentes.

Deve-se a Ruy Othake a iniciativa de conseguir salvar uma área que se converteu no Parque Ecológico do Tietê. Toda vez que passo por ali, fico imaginando como seria se aquela reservada fosse estendida para as marginais Pinheiros e Tietê.

Somos um país que ainda cultiva o carro como solução de modernidade --o que é na verdade um atraso.

Para não ser injusto, considero que, na gestão Serra, há um avanço no sistema de metrô, com a incorporação dos trens da CPTM.

Gilberto Dimenstein é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às segundas-feiras.

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