Pensata

Gilberto Dimenstein

24/11/2009

FHC é o grande padrinho de Lula

Leio análises falando que um dos pontos vulneráveis de José Serra --e teria aparecido na mais recente pesquisa mostrando a subida de Dilma Roussef-- é Fernando Henrique Cardoso, com alta taxa de rejeição. Por isso, o ex-presidente seria escondido na campanha. A verdade é que, por outros motivos, FHC é o grande padrinho de Lula --qualquer pessoa com um mínimo de equilíbrio terá de concordar com isso.

Em essência, o governo Lula é a continuidade da gestão anterior --e aí está um dos pontos mais inteligentes do presidente. Ele pegou a inflação baixa, um país na rota do crescimento, as bases de seu mais importante programa social em andamento (o Bolsa Família). As finanças públicas tinham passado por medidas importantes como a lei de responsabilidade fiscal.

Lula soube aprimorar o que recebeu. Radicalizou a política social, manteve as bases econômicas. Para completar, além da sorte com a descoberta do pré-sal, passou por uma época de crescimento mundial --com exceção dos últimos 12 meses. Não herdasse o que herdou, teria muito menos condições de angariar um prestígio tão grande.

É tolice não reconhecer a habilidade de Lula e seu extraordinário pragmatismo. Mas é tolo não reconhecer que FHC é seu grande padrinho, cuja alta taxa rejeição faz parte daquelas injustiças --mas será reparada pela história.

*

Ninguém no PSDB, a começar por José Serra, consegue nem remotamente ter a postura de estadista de FHC.

Gilberto Dimenstein é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às segundas-feiras.

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