Pensata

Gilberto Dimenstein

25/02/2010

A maconha e Paris Hilton

Jovens planejam fazer uma manifestação neste final de semana em São Paulo pedindo a legalização da maconha --há rumores de que, mais uma vez, esse ato será proibido por suposta apologia ao crime.

Não vou entrar no debate jurídico, embora ache errada a proibição. Considero muito mais perigosa --e, aí sim criminosa-- a publicidade de uma marca de cerveja (Devassa) que usa explicitamente o corpo de uma mulher (Paris Hilton).

Vou logo dizendo que não fumo maconha e considero que seu abuso é perigoso por tirar o foco dos estudos, provocar acidentes e gerar dependência. Defendo que os pais devem alertar os filhos sobre esse perigo --e não devem ter medo de parecer caretas.

Mas a maconha não representa quase nada em perigo à saúde pública quando comparada à bebida, estimulada abertamente pela publicidade e, nesse caso da Devassa, apelando vulgarmente para o sexo, usando uma mulher vulgar.

O que o Poder Judiciário deveria proibir, usando a lei, era esse tipo de propaganda.

*

Aliás, nesta semana assisti palestra de um Robin Room, uma das autoridades mundiais de dependência, que lançou um livro pela Oxford University. Com frios números, mostrou que a maconha deveria ser encarada de um jeito diferente, por ser muito menos prejudicial do que todas as demais drogas e, por isso, defende que sua legalização traria menos prejuízos.

O livro "Cannabis Policy - Moving Beyond Stalemate" pode ser baixado gratuitamente pelo site http://catracalivre.folha.uol.com.br/.

Gilberto Dimenstein é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às segundas-feiras.

FolhaShop

Digite produto
ou marca