Pensata

Gilberto Dimenstein

29/03/2010

Serra sem nenhum brilho

Não é fácil avaliar a gestão de um governo que nem sequer acabou. Até porque muitas medidas ainda vão surtir efeito com o tempo, principalmente as que envolveram mudanças na gestão, baseadas na busca do mérito. Mas o fato é que o governo Serra (PSDB) está longe de ter sido ruim, certamente foi acima do regular, mas não teve brilho. Provavelmente vai deixar pouca coisa ou quase nada marcante na memória do paulista.

Na sua gestão, a violência cresceu, especialmente os roubos, o que é, certamente, a pior notícia para o governo tucano, embora parte da responsabilidade possa ser debitada à crise econômica.

As medidas mais ousadas ocorreram na educação: bônus por desempenho, por exemplo. Mas são mudanças que vão demorar muito tempo até aparecerem. A realidade é que, no saldo final, a gestão do PSDB em educação carrega números sofríveis, incompatíveis com a riqueza material e intelectual de São Paulo.

Sua gestão como ministro da Saúde conseguiu deixar marcas até agora repetidas: os genéricos, o combate à patente de certos remédios e a aceleração do programa contra a Aids. Foi uma gestão marcada por inovações. Não é o que ocorreu em São Paulo.

As obras que ele deixa foram, em sua imensa maioria, iniciadas em gestões anteriores, o que não é necessariamente ruim. Algumas delas são um desperdício, como a ampliação, por R$ 1,3 bilhão, da marginal Tietê; outras são melhores, como a ampliação do metrô, com a incorporação das linhas dos trens.

No geral, é um governo que se apresenta como fazedor de obras, sendo a maioria delas previsíveis. Daí que seu governo não teve brilho.

*

PS - Uma das minhas suspeitas é que a obsessão pela Presidência atrapalhou Serra. Assim como para ele a prefeitura foi um trampolim, o governo estadual também foi um trampolim.

Resta saber se Serra não será punido por tantos pulos.

Gilberto Dimenstein é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às segundas-feiras.

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