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  28 de novembro
  Governo acha fórmula para acabar com a pobreza
  O que estraga a modernidade inaugurada no Brasil por Fernando Henrique Cardoso é a má vontade dos pobres com o governo. É revoltante a resistência dessa gente em se adaptar aos novos tempos. Continuam se reproduzindo de modo desenfreado, entulhando o país de seres obsoletos. Agem como se ainda tivessem alguma utilidade. O pior é que conservam a velha e anacrônica mania de sonhar com três refeições ao dia. Um acinte.

O tucanato já tem um plano para corrigir o disparate. Deu na Folha de domingo. Reportagem de Marta Salomon revelou que Brasília planeja eliminar o programa de distribuição de cestas básicas a famílias pobres. Quem não leu deveria ler . A intenção por trás do gesto é diabolicamente engenhosa.

Vai-se combater o pobre de um jeito infalível, atacando-o pelo estômago. Muitos têm nas cestas de dona Ruth o último fiapo que os mantém atracados a este mundo. Sem comida, afundam. Vão para debaixo da terra mais rapidamente, clareando as estatísticas do IBGE.

De quebra, o governo irá economizar R$ 489 milhões. É quanto teria de gastar se mantivesse a distribuição de cestas de alimentos até 2003, como previsto inicialmente.

O que não falta à volta de FHC é gente com boas idéias para gastar o dinheiro do contribuinte. Na dúvida, basta entregar a sobra das cestas à $udam. Ajudaria a viabilizar o projeto Usimar, revelado também na Folha de domingo .

O governo se comprometeu a entregar aos donos da Usimar R$ 690 milhões em dois anos. Novesfora os R$ 44 milhões que já deixaram as arcas do Tesouro em direção ao projeto, aproveitando-se os R$ 489 milhões das cestas da fome, faltariam apenas R$ 57 milhões. Cortando-se mais um ou dois projetinhos de cunho social, chega-se a esse montante com facilidade.

Bem verdade que o projeto Usimar é inviável. Seus proprietários não apresentaram garantias financeiras. Mas isso não é coisa que tire o sono dos gestores da $udam. O importante é manter em movimento o moinho do incentivo fi$cal, que irriga a horta dos partido$ aliado$.

Se tudo der certo, antes do término deste seu segundo mandato FHC estará comemorando o fim da exclusão social, sob aplausos da ba$e política que $u$tenta o seu governo. Há um inconveniente. Junto com os pobres, morrerão os bons sentimentos. Mas quem se importa?

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21/11/2000 - Brasília, finalmente, treme
14/11/2000 - FHC engole elefante
07/11/2000 - Bush ou Gore?
31/10/2000 - A sinuca de sempre
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