O PSDB não esperou Aécio Neves esquentar a cadeira de presidente da Câmara para dar início a uma nova guerra. Essa será travada ainda mais nos bastidores do que a recente disputa pelas presidências da Câmara e do Senado.
Uma escaramuça menor, por cargos no Congresso, colocou em campo os dois presidenciáveis que realmente contam entre as forças governistas: José Serra, ministro da Saúde, e Tasso Jereissati, governador do Ceará. Ambos tucanos.
Tasso reagiu a uma articulação de Serra para ocupar espaços no PSDB. Por incrível que pareça, o ministro tem mais dificuldade de trânsito no seu partido do que nas outras legendas. Já Tasso, mais próximo do grande perdedor das eleições congressuais, o PFL de ACM, luta para manter seu naco de poder no PSDB.
É verdade que Serra saiu fortalecido das eleições congressuais. O PMDB, partido com o qual mantém boas relações, foi vitorioso em dupla com os tucanos. No entanto, falta a ele conquistar mais apoio entre os seus pares, a fim de tirar a dianteira política que Tasso ganhou quando o governador de São Paulo, Mário Covas, a principal referência do partido hoje, declarou apoio público ao cearense.
Na missão de ultrapassar Tasso, Serra tem tentado conquistar covistas, numa articulação à margem do governador, que luta contra o câncer.
O presidente Fernando Henrique Cardoso, que não gosta da idéia de definir um candidato logo _afinal, um nome com expectativa de poder suga naturalmente as atenções políticas_, colocou algumas fichas na candidatura Serra a fim de equilibrar o jogo Tasso-Covas.
Bem tucano, FHC acha Tasso melhor candidato, mais simpático e mais político que o ministro da Saúde, mas crê que Serra seria melhor governante, mais preparado para entender um mundo globalizado (há quem trema só de pensar no que isso significa). Exemplo: o presidente ficou contrariado com a crítica que Tasso fez à equipe econômica em Davos, Suíça, no Fórum Econômico Mundial.
A guinada FHC pró-Serra, portanto, deve ser vista mais como conjuntural do que realmente uma opção definitiva do presidente a dois anos do final do governo. O mais significativo é ver a disposição de Tasso de partir para a luta e evitar que Serra avance nos bastidores. A guerra só começou.