Pensata

Kennedy Alencar

08/08/2008

É a classe média, estúpido!

Como diria alguém, nunca antes na história deste país a classe média virou mais da metade da população. De acordo com estudo do economista Marcelo Neri, da FGV (Fundação Getúlio Vargas), o número de famílias de classe média subiu de 42,26% para 51,89% entre 2004 e 2008.

A FGV considera uma família de classe média (classe C) quando ela tem renda mensal entre R$ 1.064 e R$ 4.591. O estudo também confirmou outros dados recentes que mostram redução da pobreza.

São notícias boas para o país que acabam sendo boas para o governo de plantão. Elas ajudam a explicar a popularidade de Lula.

O Brasil vem melhorando desde a redemocratização em 1985. Avançou vagarosamente em alguns momentos, como nos governos Sarney e Collor e no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso. Avançou mais rapidamente em outras fases, como nas gestões de Itamar e no primeiro mandato de FHC.

No governo Lula, progressos para os mais pobres têm acontecido com relativa velocidade. O petista é beneficiado por esse processo geral de melhora, por políticas que nasceram nos anos tucanos e por acertos próprios.

Lula conduziu a economia com responsabilidade e acelerou o ritmo de redução da pobreza. Ele tem feito um ajuste fiscal mais duro do que o de FHC, apesar de os tucanos baterem na tecla de aumento de gastos _algo que realmente aconteceu no segundo mandato do petista. Lula massificou programas sociais tipo amostra-grátis. O Bolsa Família apanhou e apanha muito, mas tem muito mais acertos do que erros.

Setores da oposição na política e na mídia oscilam do esperneio ao desânimo. Ora, enxergam uma iminente tentação totalitária de Lula _o fantasma do terceiro mandato, a conexão Farc. Ora, sonham com a explosão de novo escândalo de corrupção para afundar o petista na impopularidade.

Essa gente está apostando errado. Talvez fosse conveniente aos planos futuros do PSDB e do DEM chamar James Carville para uma conversa. Marqueteiro de Bill Clinton em 1992, Carville cunhou a expressão "é a economia, estúpido!". Ele se referia à recessão americana que levaria George Bush pai à derrota na eleição presidencial daquele ano.

No Brasil sob Lula, a economia vai bem no geral. No entanto, os mais pobres vivem melhor do que viviam antes da chegada do petista ao Palácio do Planalto. Algum mérito Luiz Inácio deve ter tido. A classe média virou maioria da população economicamente ativa.

Faria um bem danado à oposição se concentrar em propostas para melhorar a vida de todos os brasileiros, de miseráveis a pobres, de remediados a ricos. Carville aconselharia: "É a classe média, estúpido".

Kennedy Alencar colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília. Escreve para Pensata às sextas e para a coluna Brasília Online, sobre bastidores do poder, aos domingos. É comentarista do telejornal "RedeTVNews", de segunda a sábado às 21h10, e apresentador do programa de entrevistas "É Notícia", aos domingos à meia-noite.

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