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  2 de dezembro
  Um técnico em apuros
  Mesmo para quem não gosta ou não entende de futebol, o depoimento do ex-treinador da seleção, Wanderley Luxemburgo, na CPI do Futebol, foi um evento imperdível.

Luxemburgo se enrolou a mais não poder para tentar explicar o destino de R$ 10 milhões que passaram por suas contas bancárias entre 1995 e 99, sem terem sido declarados à Receita Federal.

Afirmou desconhecer até mesmo que sua mulher tivesse uma conta bancária nos Estados Unidos e para tanta desinformação deu uma justificada prosaica: é um homem desorganizado, que não controla quando ganha ou gasta.

Tenho dito que a maioria absoluta dos empresários e políticos brasileiros não sobreviveria a uma devassa fiscal e à quebra do sigilo bancário. Esse diagnóstico, vejo agora, vale também para jogadores e técnicos de futebol.

Abrir contas no exterior virou uma coisa corriqueira. Não é preciso sequer sair de casa ou do escritório.

Não há dificuldades nem mesmo para os que querem lavar dinheiro de caixa dois, de corrupção e até mesmo do narcotráfico.

Escritórios de advocacia providenciam, em questão de horas, o registro de empresas em paraísos fiscais. São firmas de papel, que podem mudar de mãos por meio de simples procurações, e movimentam milhões de dólares no exterior.

Na semana passada, o INSS descobriu mais US$ 30 milhões em uma conta de um banco em Luxemburgo em nome da maior fraudadora da previdência identificada até agora: a advogada Jorgina de Freitas, que está presa no Rio. Perto dela, o ex-treinador da seleção é café pequeno.

No ano passado, depois de um mês de investigação jornalística na Folha, chegamos a indícios de que a Igreja Universal do Reino de Deus, do bispo Edir Macedo, tem pelo menos duas contas em paraísos fiscais (uma em Cayman e a outra a Ilha de Jersey), de onde remeteram US$ 18 milhões para o Brasil.

O dinheiro foi usado para financiar a compra da TV Record do Rio de Janeiro. Os dólares entraram no país pelo Uruguai, numa estratégia para dificultar o rastreamento.

O procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, determinou que o caso fosse investigado pelo Banco Central, pela Receita Federal e pela Polícia Federal. Nenhuma dessas três instâncias, até agora, chegou a algo produtivo.

Vez por outra, o Banco Central descobre um megaesquema de remessas de dinheiro para o exterior, usando contas CC5 (para estrangeiros) que permitem o envio de recursos para fora do país. Em geral, os bandidos menores mandam o dinheiro para o Paraguai. As grandes contas são movimentadas nos Estados Unidos e na Europa.

A classe média tem mostrado uma preferência pelos bancos de Miami, para depositar suas economias de origem duvidosa. Foi o caso do Wanderley Luxemburgo.


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